Foi neste fim de semana em Couso (Gondomar, Val Minhor), onde o Projeto Estreleira deu mais um passo no espalhamento dos nossos símbolos históricos. Fijo-o em cooperaçom com o Bosque da Língua, iniciativa das comuneiras minhorás, que jungue defesa do território com reivindicaçom da memória e do idioma. Lá, numha jornada de convívio, Estreleira inaugurou um monólito com o poema “Língua proletária do meu povo”, e as pessoas assistentes conheceram de primeira mao a realidade dum monte vizinhal em mao comum internacionalmente reconhecido.

A jornada de Estreleira começou com um roteiro polo monte de Couso de mao de Xosé Antom Arauxo, comuneiro da paróquia e um dos dinamizadores do Bosque da Língua. Numha marcha duns 4 kilómetros, mais do médio cento de pessoas deslocadas ao ato conheceram o espaço dedicado a poetas galegos, a plantaçom de novas carvalheiras, o auditório para atividades culturais, ou o bosque das memórias, no que se recorda seres queridos falecidos com a plantaçom de árvores.

Finalizado o roteiro, o grupo Os Tolheitos interpretou peças de música tradicional, e a seguir foi descoberta umha placa com os conhecidos versos “Língua proletária do meu povo”, um emblema em defesa do idioma escrito por Celso Emílio Ferreiro. Antes de se cantar o hino galego, representantes das escolas Semente, o próprio Xosé Antón Arauxo e a regueifeira e ativista Palmira lérom um discurso que relacionava ecologia, ensino e língua. O ato deu passo a um jantar solidário e às atuaçons das regueifeiras Palmira e Silvinha, e foi culminado polo cantautor O Leo, numha atuaçom centrada na obra de várias poetas galegas, que tivo lugar na Casa Vizinhal de Couso.

Polo seu interesse, reproduzimos o discurso pronunciado ao pé do monólito que loze agora os versos de Celso Emílio.

Imagem: Gravidade 0.0

Símbolos da nova Galiza

“O monte foi durante séculos de propriedade comunal e um provedor avondoso de recursos: tojo, madeira, lenha, pedra para construçom, pastos, e mesmo terras de cultivo em searas e estivadas. As origens deste regime de propriedade da terra temo-las nos povos germánicos que habitárom na Galiza e establecêrom este regime de propiedade da terra que vencelha o seu uso e possessom ao colectivo. Esta tradiçom prevaleceu na Galiza ao longo da história.

Desde o primeiro terço do século XIX, o evoluir capitalista do reino de Espanha trai consigo a constituiçom dum moderno estado que aos poucos vai erosionando este direito da propriedade comunal. A centralizaçom estatal e a apariçom da nova divisom territorial baseada nos concelhos, junto com o abandono do rural, o uso abusivo na reforestaçom, as vagas de lumes e um desprezo polo monte batem de fronte com este evoluir que foi enfrontado polo povo galego em multidom de ocasions. Mentres que os usos tradicionais caracterizavam-se por ser plurifuncionais e integravam a produçom na própria comunidade comunal, a vocaçom florestalista espanhola é um dos mais claros expoentes da valorizaçom exclusivamente crematística dos recursos naturais.

Baixo o berro: “O monte é nosso” deslocamo-nos hoje até Couso para reivindicar a luita pola terra e a dignidade. Neste mês da língua no que o protagonismo é para às poetas do povo, as cantareiras, traemos os nossos anceios de liberdade ao bosque da língua, no que a terra canta: “…eu faloa porque si, porque me gosta, porque me peta…”

“Estes tempos non son tempos de trunfo, son tempos de loita; de loita individual e en todol-os terreos: no traballo, no café, na rua… contra un e contra todos (…) E como a nosas xeración nom será a que vexa brilar con todo o esplendore a estrela que nos guia, é indispensabre, para que o noso traballo non sexa interrompido, cuidal-a educación dos que veñan.”

Esta palabras de Ánxelo Casal, em 1924 resumem o nosso sentir actual. Podemos pensar que nom evoluimos nestes 100 anos mas a nossa história demostra que chegamos a estes tempos vivas e fomos capazes de cristalizar no século XXI umhas escolas sonhadas polo galeguismo de começos do século XX.

Imagem: Gravidade 0.0

Por isto os tempos som indicados para fazer memória. Talvez lembrar isto suponha tirar do fio que nos vincula com a irmandade, com a Irmandade da Fala que sem apoios de poderes públicos daquela (o mesmo que agora) forom capazes de sementar um projecto educativo que chegou aos nossos dias. Sem Maria Miramontes, Anxelo Casal, Micaela Chao, … nom teriamos aos Duarte, Sainza, Maré, Martinho,… e tantas outras alunas das escolas Semente herdeiras das Escolas de Insiño Galego. A paz desgaleguizadora que pregoa o governinho galego supom o devalar da nossa língua, umha morte em silêncio que desde já nom vamos assumir. Como o bosque da língua de Couso, que as escolas Semente sejam o lar da Galiza.

Neste último ano, e até o Dia da Pátria, encetamos umha campanha de socializaçom da bandeira da sereia. Foi desenhada por Castelao, no seu exílio longe da sua terra. Neste 75 aniversário da sua morte decidimos popularizar o brason que el vencelhava a umha umha estratégia fudamental da funçom da nossa simbologia na luita pola recuperaçom das liberdades. Assim o entendemos nós, e seguindo a tradiçom das organizaçons nacionalistas e independentistas resgatamos a sua vigência para a Nova Galiza que el sonhou. Representadas as labregas e as marinheiras irmandadas no brasom como emblemas do trabalho e a liberdade, ficou inmortalizado para sempre o nosso imaginário colectivo nesse brason. Para rematar, e em homenagem aos homes e mulheres caídos ante o fascismo, Castelao resumiu numha legenda a nossa tradiçom de luita: Denantes mortos que escravos.

Como Castelao ficamos com esperança que a causa galega abrace a sua história, a sua simbologia e que se cumpram os seus anceios de popularizar um símbolo no que se vincula a qualidade artística, a defesa da identidade galega e o antifascismo.”