A década de 70 do século passado foi quiçá, junto com a de 30, aquela jeira histórica em que a causa galega se espalhou com maior rapidez e intensidade. Profundas mudanças sociais, junto com os estertores da ditadura, possibilitárom que umha nova geraçom militante, entusiasta e entregada, plasmasse a ideia de Galiza naçom em quase todos os ámbitos, com a excepçom dumhas classes proprietárias que seguírom fieis ao projeto espanhol. A Fundaçom Mocho Reboiras e a CIG venhem de editar um documentário sintético que nos dá as grandes chaves daquele auge político e organizativo: “O nacionalismo na década dos 70”
Com um interessante fundo filmográfico do Centro Galego de Artes da Imagem (CGAI), e com fotos dos arquivos históricos do nacionalismo, o público pode rememorar, ou conhecer no caso da juventude, como era aquela Galiza aceleradamente industrializada, mas na que a classe labrega ainda estava presente no médio das cidades, e as novas barriadas proletárias tinham limite difuso com o país agrário. As imagens também mostram quem compunha a base social dum novo nacionalismo agora de esquerdas, fundamentalmente juvenil, com peso universitário, mas também arreigado em inúmeras vilas médias.
Partindo do esforço reorganizador do galeguismo co-protagonizado polo Conselho da Galiza além mar e os núcleos resistentes do interior, o documentário apresenta o nascimento dos dous partidos centrais do nacionalismo contemporáneo, UPG e PSG, e repassa todas as suas ramificaçons organizativas num amplo tecido sindical, labrego, cultural ou estudantil, detendo-se nos conflitos decisivos que conseguírom avanços na consciência, como os já míticos movimentos de Jove, Encrovas ou Baldaio.
Como é habitual no discurso maioritário do nacionalismo, o repasso histórico toca apenas superficialmente a existência do arredismo como projeto político próprio, e ignora o grande cisma acontecido na década de 70 sobre a centralidade da reivindicaçom da independência e o debate sobre a necessidade da luita armada, feitos ambos que dam lugar ao nascimento do independentismo contemporáneo. Com isso e contodo, o documentário é umha ferramenta formativa de grande utilidade, nomeadamente nestes tempos em que o imediatismo tecnológico nos impede mergulhar no passado, para estudá-lo com vagar e extrazer todas as suas liçons.
Podes consultar o documentário aqui.