O Dia da Pátria mais atípico das últimas décadas congregou menos pessoas numha Compostela esvaziada de turistas e ocupada policialmente, com pressom selectiva contra cidadados e cidadás galegas que vinham a manifestar o seu sentimento nacionalista. Apesar das adversas circunstáncias, o independentismo nom faltou à sua grande cita anual. Movimentaçom polas presas e presos, combatividade juvenil e manifestaçom de Causa Galiza conformárom a agenda da jornada. Por seu turno, o nacionalismo institucional apostou em actos descentralizados com umha intervençom central em Compostela.

No 24, berros polas presas e coerçom policial contra a juventude

Os e as voluntárias de Ceivar nom demorárom em chegar à sua cita na Praça da Galiza. Desta volta, com máscaras e com umha cadeia real, pois as medidas sanitárias desaconselham dar-se as maos. As os solidários percorrêrom entom as ruas mais cêntricas da capital amarrados a umha simbólica cadeia que lembrava os cinco presos e presas que pagam condena em cárceres espanholas, embora os mais deles estejam em centros penitenciários sediados na CAG. Baixo um cordom policial em atitude coercitiva, mas sem que se registaram incidentes, as manifestantes remataram o seu acto na Praça do Pam, entoando o ‘caste dos celtas’ e o hino nacional após os discursos que reclamavam liberdade e respeito aos direitos.

Imagem da cadeia humana. Galiza contrainfo

Apenas umha hora depois, num 24 de julho completamente excepcional, tocava-lhe quenda à mocidade. Baixo o ambiente sobrecondicionado pola pandemia de COVID-19, e —como é habitual— sob um forte despregamento policial, mais de 250 jovens participárom na tarde da véspera do Dia da Pátria na oitava ediçom da manifestaçom juvenil independentista, convocada pola MpI (Mocidade pola Independência) sob a legenda «Combatemos a precariedade construíndo Galiza».


O protesto rematou na praça do Pam, onde foi lido um manifesto que anexamos ao final desta nova. Posteriormente, três encarapuçadas queimárom umha bandeira espanhola e umha faixa na que, préviamente, foram pegadas imagens que representavam diferentes problemáticas da mocidade galega: gestom da COVID-19, ERTE, desmantelamento da indústria, turistificaçom, emigraçom, espanholismo e patriarcado.


Polícia espanhola impede a rondalha
Às 23:30 teria que ter saído da praça do Pam a rondalha. Porém, a Polícia espanhola cercara préviamente o centro social okupado —situado a escasos metros da praça—, no que se realizara a ceia solidária com as presas independentistas galegas, organizada conjuntamente por Ceivar e a MpI, apostando antidistúrbios na parte de arriba e na de abaixo da rua da Algália de Arriba. A praça do Pam estava, também, completamente tomada pola Polícia espanhola, que identificou a numerosas jovens, assim como a jornalistas do Galiza Contrainfo e a observadoras de Esculca.
Mais de 50 jovens saírom do CSO, situando-se na entrada encarapuçadas e com fachos ardendo após a faixa com a legenda «Filhas da luita, rebeldes e insubmissas».

Mocidade independentista dirigindo-se à Praça do Pam. Imagem: Galiza contrainfo


Duas jovens da MpI tentárom mediar com a Polícia espanhola para que permitissem a saída da rondalha. Porém, a resposta das forças de ocupaçom foi que cargariam perante qualquer tentativa de avanço. Com o fim de evitar enfrontamentos com a Polícia espanhola, as organizadoras renunciárom à saída da rondalha, que foi desconvocada oficialmente através das redes sociais perto das 01:00. Umha militante da MpI deu leitura ao manifesto da rondalha. Assim, após horas de tensom, e berros por parte das manifestantes contra a repressom espanhola, as jovens entrárom de novo no CSO.


A MpI decidiu manter, no entanto, a pinchada no Escárnio e Maldizer. Com o passo das horas, a forte presença policial foi diminuindo até que, quando rematou a festa, passadas as 04:00, era mínima.


Além das mais de meio cento de pessoas que participárom na concentraçom frente ao CSO, fôrom muitas as jovens que se achegárom à praça do Pam para participar na rondalha e que tentárom achegar-se ao Escárnio, impedindo-lhes o passo a Polícia espanhola. 


Além das numerosas identificaçons na zona do praça do Pam e do CSO Escárnio e Maldizer, também fôrom muitas as que houvo em toda a zona velha, tomada, como é habitual nos últimos anos, por um estado policial contra o independentismo formado por polícias secretas e _antidistúrbios_. 
Aliás, passadas as 14:00 do 25 de julho, o Galiza Contrainfo denunciou na sua conta do Twitter que, durante a noite, um excolaborador do projeto audiovisual, trabalhador deste sector, que «vinha de cear com amizades», recebeu «umha malheira» por parte da Polícia espanhola no cruzamento da rua das Casas Reais com a praça do Pam, «ao tentar cruzar um cordom policial de caminho à casa». Assim, segundo explicou o Galiza Contrainfo, esta pessoa «recebeu golpes» por parte tanto de polícias secretas como antidistúrbios «na cabeça, no pescoço e nas meixelas». Foi imobilizado no chão «pressionando-lhe o pescoço, sem chegar a perder a consciência». Foi deslocado ao hospital, onde, denunciam, «recebeu umha atençom deficitária». Detido pola Polícia espanhola, que o acusa de «atentado contra a autoridade» contra três antidistúrbios, nom declarou e passou a disposiçom judicial, sendo posto em liberdade com cargos no meio dia de hoje.

A rondalha, proibida pola força. Imagem: Galizacontrainfo.

Causa Galiza: mais independentismo ante a crise

Causa Galiza aproveitou o Dia da Pátria para congregar a sua base sob a legenda ‘Mais independentismo para fazer frente à crise’. Arredados pola distáncia de segurança, arredistas fixérom o percurso clássico das manifestaçons do 25 às 12,30, pouco depois de que perto de um milhar de simpatizantes e membros do BNG se dirigisse à Quintana.

Imagem: Galiza contrainfo

A novidade do acto final do Toural foi umha breve intervençom musical: peças de música combativa em galego tocadas por dous membros de Tecor Societario. A seguir, e depois de se receberem as saudaçons internacionais de Sortu e das CUP, César Caramês e Cristina Rodrigues pronunciárom umha acendida arenga vincando na necessidade de organizar-se nas fileiras independentistas para enfrentar ‘umha fase marcada polo retrocesso dos direitos’, quer no económico, quer no político, quer em matéria de liberdades. Apesar das ameaças ilegalizadoras que pairam sobre a organizaçom, ambos portavozes salientárom a vontade de ‘construir um projecto estratégico independentista’ e chamárom a engrossá-lo a partir das assembleias abertas do Processo Trevinca. Com esta jeira de debate e resoluçom, Causa Galiza leva perto de dous anos abrindo as suas fileiras a sugestons, propostas e linhas de debate para enriquecer a aposta arredista neste século que andamos.