O republicanismo nom é nada se nom é firmemente antisectário. Esta afirmaçom há ser recebida com desprezo por aqueles que tentam equiparar o republicanismo com umha certa tradiçom do nacionalismo católico. Mas o republicanismo irlandês é, quase por definiçom, umha ideologia dos despossuidos na procura da igualdade. Abofé que se desejares conseguir direitos que che fôrom roubados, aqueles que chos arrapanhárom e aqueles que se apropriárom deles ham sentir que a tua igualdade só se pode atingir privando-os a eles da sua posiçom de privilégio. Se o povo negro de Sudáfrica consegue a igualdade com outras raças, nom o podem realizar doutro jeito que nom seja a expensas de quem os privou a eles da igualdade e que monopolizárom os privilégios sociais e económicos -quer dizer, os brancos-. É logo racismo por parte dos negros que pretendam a igualdade? Já ora que nom.

O antisectarismo firme do republicanismo nom é algo novo, e tampouco se encontra reduzido ao que se lhe pode chamar elemento radical da tradiçom. Às vezes, esta atitude correcta leva os republicanos a ignorar a ameaça política do lealismo em geral e pode provocar mal-ententidos sobre a exata natureza do lealismo.

Os poderes coloniais empregárom durante muito tempo a instalaçom de guarniçons para oprimir os nativos rebeldes. Estas guarniçons recebérom privilégios em troca da sua lealdade, e esses privilégios normalmente incluíam as terras e propriedades dos nativos despossuídos. Isso foi o que aconteceu na Irlanda. Os colonos eram normalmente diferentes dalgum jeito dos nativos. Noutras colónias havia umha diferença racial e decote de cor. Na Irlanda a divisom era religiosa e o sectarismo era o pontom ou o privilégio polo que se mantinha essa divisom.

Nom importa o que se lhe reclame ao Estado; mesmo tentar conseguir umha concesom para um campo de futebol gaélico ou pretender colocar o nome dumha rua em língua irlandesa, os unionistas tomam estas demandas como ameaças. Tanto tem até que ponto forem nom-sectárias as intençons, a reaçom dos políticos unionistas é que um está a usurpar a sua área de privilégio, que um está, de facto, a ameaçar “o modo de vida protestante”.

O lealismo como tal, nom se baseia em consideraçons religiosas. Mais bem, baseia-se no poder, num poder percebido como insustentável sem a subordinaçom da populaçom católica. Do tom cordial dos unionistas da “respeitável” classe alta ao virulento círculo odioso dos paramilitares balistas, zumega a mesma impressom dos católicos como subespécie. Mas o ódio e o desprezo referem-se claramente à questom do poder, e a responsabilidade disso reside no Governo britânico.

O lealismo requer um Estado unipartidista, e isto precisa da exclusom dos nom-lealistas. Os republicanos desejam umha sociedade democrática, e isto requer a total implicaçom de todos. A única possibilidade para pudermos viver juntos e em paz é umha situaçom em que todos formos iguais. No Estado dos 6 condados nom cabe a igualdade: a mesma natureza e história do Estado o prova. Nom podemos ser iguais quanto às nossas relaçons com Gram Bretanha por mor de que todos nós, mália as diferenças políticas, somos tratados como cidadania de segunda ou terceira classe dentro do Reino Unido. O único contexto em que pode haver igualdade é aquele em que tivermos o controlo do nosso próprio destino.

*Fragmentos do livro Para a liberdade de Irlanda de Gerry Adams