Em setembro deste ano, o Coletivo de Presxs em Luita dava começo umha nova Greve de Fame Rotativa nas cadeias do Estado Espanhol, com umha tabela reivindicativa de 14 pontos que som umha emenda à totalidade do sistema penitenciário espanhol. O preso galego José Ángel Martins leva vários anos dispersado, passando por diferentes prisons como Puerto de Santa María, Albocasser, Salamanca… Ao receber esta entrevista atopa-se na cadeia de Picassent, secundando esta greve.

Que é para ti ser um “preso em luita”?

Ao meu entender, ser um preso em luita é manter a desobediência perante as violaçons que sofremos em Regime Especial, falta de direitos e, sobretodo, consciência “social e política” devido a que os direitos constitucionais e a justiça ficam abolidos nada mais entrar pola porta de ingressos.

Ser um “preso em luita” tem consequências a nível repressivo?

A nível repressivo basicamente som olhadas, palavras violentas, cacheios diários, ser algemado cada vez que saio da cela… Umha total falta de autonomia e, devido a isto quando sais da cadeia converteste numha pessoa asocial, desconfiada.

Com que dificuldades vos encontrais dentro do Coletivo de presxs em luita para levar adiante as vossas protestas e coordinarvos com gente de fora?

Basicamente perda de cartas entre os coletivos, a censura de cartas de CNT ou outros coletivos abolicionistas-reformistas, etc… Como Instituiçons Penitenciárias lê os nossos webs contra-informativos, antes de começar as luitas sempre hai translados e perdas de cartas para dificultar a coordinaçom.

No meu caso concreto, quando começamos esta luita (Greve de Fame rotativa) eu estava preso em Salamanca. Um dia entrou-me às 7:30 da manhá na cela o director e o sub-diretor de seguridade e uns 10 funcionários dizindo-me que eu, sem consentimento da “cúpula” fizera umha proposta aos presos mais “arruinados” para fazer um sequestro na cadeia e que assim saisse a nossa tabela reivindicativa de 14 pontos na tele. Ao dia seguinte já me baixou um auto do julgado acusando-me dos delitos de “coordinador, promotor e chefe de banda organizada das e dos presos anarquistas e dxs presxs em luita”. Nuns dias fum trasladado à cadeia de Albocasser, em 15 meses estivem em 5 cadeias distintas, e de três delas saim com sumários e condenas firmes.

Que lhe dirias as presos e presas que nom secundam as greves?

A cadeia convertiu-se num “estado conformista” onde xs presxs unicamente pensam na sua metadona, medicaçom e estar na sua comunidade autónoma. Eu nom quero as duas primeiras cousas, estar na minha terra si.

O que acontece é que com as medicaçons que lhes proporcionam perde-se totalmente a conciência social e só pensam no seu espaço de confort. Aqui nom som “irmaocinhos da caridade”, nem nós tampouco! Se a consequência de pedir os meus direitos sem perder a minha dignidade tenho que perder o amor dos meus filhos e contar com o desarraigo da minha familia. Sinto-o polas pessoas que me querem, quando medrem estarÁm orgulhosos de seu pai.

Quais dirías que som os problemas mais graves com os que vos encontrais os presos?

A assistência sanitária, o principal. A dispersom, violaçons em correspondência e vises, que te assinalem e tratem polos delitos, presxs incuráveis sem assitência sanitária ajeitada, carecer de aceso a bibliotecas, aulas de estudo, cursinhos formativos, ginásios, etc. A sua reinserçom só existe para as pessoas acaudaladas, pois em 13 cadeias que estivem nestes 9 anos nom topei nunca com ningumha pessoa rica, só pobres e enfermos.

É importante a solidariedade que vos chega de fora?

Si, eu estou-lhe muito agradecido a todos os coletivos que de maneira solidária nos apoiam em todo, mesmo a nível económico, comunicaçons, cartas… Toni Chavero e eu somos os únicos que temos a correspondência intervida, e claro, a consequência disto aos compas da-lhes reparo escrever… Também a distância… É compreensível! Todas as pessoas deveríamos ter umha companheira de viagem, nom a atopas num día, mas todo começa por essa primeira carta. Todxs somos iguais, umhxs estades livres e outrxs presxs, é o único que nos diferencia.

Que lhe dirias à gente que vos apoia desde fora?

Que qualquer ato de desobediência, venha de onde venha, som luitas sociais. Vós estades na primeira linha e nós por circunstâncias na retaguarda, mas ánimo a todxs xs que como nós tenham consciência social, que pensem que a máxima é a liberdade absoluta em qualquer lado do mundo.