No passado mês analisamos em este portal os interesses económicos que os lobbies ultracatólicos tenhem na família. Ainda que poda parecer a simples vista umha questom de princípios e convencimento férreo (que também), o dinheiro e a promoçom pessoal paira sobre muitos dos seus promotores. Era o caso do lobbie One of Us, de congresso em Compostela recentemente. Um dos seus representantes na Galiza tem interesses empresariais tanto em residências de pessoas idosas como em universidades privadas e públicas. Algo semelhante acontece com a Síndrome de Alienaçom Parental. Os mesmos lobbies parapetados detrás de um discurso misógino conseguem colar na justiça figuras de duvidosa cientificidade que recriam situaçons insostíveis para as mulheres denunciantes de maus tratos e especialmente para as suas filhas. Mergulhamo-nos um bocado nesta realidade amiúde pouco conhecida.

A Síndrome de Alienaçom Parental: a invençom de um nom-científico

Há que retrotraer-se a Richard Gadner, ao ano 1985 e aos USA para começar a entender um pouquinho mais a tolémia de todo este asunto. É nesse ano e de mao desse autor que começa a falar-se dessa síndrome e ao tempo, começa a inserir-se umha interpretaçom das relaçons pai-mae-filhas centrada na falsidade da testemunha de umha das partes ( maiormente a mae) e a facilidade de manipulaçom das filhas. Todo isto em contextos de litigios pola custódia das filhas.

Imagem de arquivo de Richard Gadner, formulador da SAP e outras teorias polémicas

Polos vistos, o próprio Gadner teria criado esta alegada teoria para utilizá-la como arma no processo judicial contra a sua própria ex-esposa. É por isso que se trata de umha teoria formulada ad hoc com a intençom clara de adjudicar-lhe à mulher a condiçom de agente patógeno, interpretando as respostas das filhas como consequência dessa alegada patologia materna.

Nom devemos deixar de mencionar, polo seu transfundo ideológico e polo perigo que supom no que tem a ver com a protecçom das menores, a querência e defesa pública que Gadner fai nos seus textos da pedofília e dos abusos sexuais.

O próprio autor é o que remarca a pseudocientificidade da sua proposta: nunca o colocou a consideraçom do resto da comunidade científica, nom realizou provas de fiabilidade nem validez e o seu tratamento (a terápia da ameaça) nom conta com o consentimento das pessoas envolvidas. Por todo isto e muito mais, a Síndrome de Alienaçom Parental nom está considerado umha teoria científica, mas umha arma ideológica. A sua repercusom e amplificaçom em diferentes países tem a ver com a permeabilidade social às ideias de Gadner. Em umha sociedade misógina como a que temos este tipo de sem-razons científicas espalham-se como a pólvora.

Nom devemos deixar de mencionar, polo seu trasfondo ideológico e polo perigo que supom no que tem a ver com a protecçom das menores, a querência e defesa pública que Gadner fai nos seus textos da pedofília e dos abusos sexuais. Segundo ele, o sexo com menores de idade nom tem nada de negativo. O problema e sofrimento que lhe cria aos menores vém dado pola sançom social que existe contra estas práticas. “ Há algo de pederasta em cada um de nós”, tem chegado a assinalar em algum dos seus ensaios.

As consequências da aplicaçom do SAP com Gadner em vida: o suicídio de um menor

Apesar de todo o descrito anteriormente ( que poderia fazer parte de um filme de terror) muitos juízes nos USA e também em outros contextos o SAP tem-se inserido e normalizado dentro da judicatura. Gadner rematou por suicidar-se em 2003, mas antes exerceu profissionalmente como algo assi que hoje poderiamos denominar de psicólogo forense. Foi nesse contexto onde assistiu um pai dentro de um processo judicial pola custódia de um menor de 16 anos, N.G. A mae alegava maus tratos. O juiz, seguindo as ideias e medidas de Gadner obrigou em sentença a que o filho visitassem o pai. Um ano depois da sentença o menor suicidou-se. Apesar disso, o pseudoprofissional continuou exercendo.

A amplificaçom da tolémia: no Estado espanhol também sucedeu

Há vários países que normalizárom o uso do SAP na sua judicatura. É o caso dos próprios USA, Canadá, Argentina e Austrália. No contexto estatal que nos toca padecer, devemos lembrar que o Comité de Naçons Unidas para a eliminaçom da Discriminaçom da Mulher ( CEDAW) condenou no ano 2003 a Espanha polo caso de Ángela González. O maltratador assassinou em umha visita pautada polo juíz à filha de ambos perante o desamparo e desprotecçom gritante da justiça. A mulher chegou a interpôr até 30 denúncias contra o seu ex-marido e opunha-se a que ele visitasse a nena sem supervisom.

Nom cumpre retrotraer-se tanto no tempo. O Tribunal Supremo tem dictado sentenças onde se outorga a mudança de custódia argumentando no sentido da teoria da SAP, embora sem utilizar estritamente estes termos.

Bastida Abogados e Celsius, comandado pola advogada Yobana Carril, som dous dos gabinetes de advogacia sitos em Madrid que mais se significam na pressom pola aplicaçom da SAP

A realidade do problema: nem falsas denúncias nem maes manipuladoras

Um dos piares fundamentais do SAP e da sua utilizaçom é o argumento de que as mulheres mentem, lavam os cérebros das filhas e denunciam falsamente maus tratos e violência machista. O ex-juiz e portavoz de VOX em Andalucia Francisco Serrano afirmou em televisom que até mais do 80% das denúncias formuladas por mulheres em casos de violência machista som falsas. A estrategia histórica de manipulaçom da verdade do fascismo pretende recriar umha verdade alternativa onde nom existe a violência machista e as agressons mais que no imaginário das mulheres e das organizaçons feministas, riscadas agora de feminazis.

O arquetipo misógino da mulher manipuladora está por trás da pseudoteoria da SAP

Mas as cifras reais desmentem a estrategia e a sua verdade. Só o 0,010% das denúncias formuladas entre o 2009 e 2016 fôrom falsas, segundo a Fiscalia do Estado espanhol. É dizer, houvo mais de 1 000 000 de denúncias e destas só resultárom falsas 79.

Na Galiza, com menor índice de denúncias do que o contexto estatal, o 100% de encausados no 2018 fôrom condenados. O 64% dos nenos no marco destas denúncias, e segundo os dados que recolhe a macroenquisa sobre a violência de género do INE do 2015, sofrírom também violência machista. O 90% das crianças que presenciárom episódios de agressom eram menores de 18 anos. Essas agressons levam nome de homem, nom fai falta recorrer à cifras para afirmar a realidade, ainda que haja pessoas mui interessadas em distorce-la.

Pais que se lembram da igualdade no julgado

A obrigatoriedade da custódia partilhada é o envoltório que fecha muitas vezes o SAP. Os partidos de direita estám a favor de legislar em favor da custódia partilhada como algo obrigatório. O adjectivo partilhada pode resultar mais igualitário ou paritário para o fascismo que nos vém falando de igualdade e discriminaçom masculina.

Jornadas de VOX sobre a custódia partilhada. Ideologia e nom ciência é o que está por trás de todo

Mas a realidade é que, segundo essa mesma enquisa do INE do ano 2015, das seis horas que se tipificam de média para o cuidado das filhas os pais só realizam 2, e ficam as 4 restantes para as maes. Há igualdades que venhem à cabeça demasiado tarde, perante as portas dos julgados. Apesar disto, os juizes e juizas cada vez som mais favoráveis à aplicaçom da custódia partilhada sem mais análise casuística. Em zonas como na Catalunha este tipo de custódia alcança o 40% dos casos. Na Galiza vai subindo aos poucos, representando neste momento por volta do 22% no 2017. É o Tribunal Supremo o que autoriza com frequência deste tipo de critério. Através de várias sentenças dá por sentado que nom se deveria considerar umha medida excepcional, mas de regra. O que acontece é que a violência machista nom é excepcional, a desprotecçom das mulheres na justiça tampouco e, porém, o patriarcado si que se erige como norma.

Interesses corporativas: Fundaçom Filia

A Asociación Galega contra o maltrato de menores ( AGAMME) é umha das organizaçons que mais tem luitando contra a figura do SAP e também pola protecçom dos menores, os principais perjudicados. No seu web alertam nestes momentos da introducçom da figura da coordenadora parental. Viria a ser algo a si como umha figura que actuaria como “ mediadora” em casos de divórcios conflitivos ou “disruptivos”, como gostam na denominaçom pseudocientífica que utilizam.

AGAMME adverte que se trata de umha fraude e detrás da mesma está a fundaçom Filia. De ideologia misógina e negacionista da violência machista através de declaraçons públicas, tivo contratada a linha do menor com o governo de Espanha. A sua presidenta, Lucia del Prado, é autora de um livro ( “Yo no puedo ser dos”) que promociona em rádio e televisom e também através de palestras. A fundaçom é fidel transmisora no estado espanhol da psicologia positiva. Marino Pérez Álvarez e José Carlos Sánchez González, psicólogos autores do livro La vida real en tiempos de la felicidad consideram a psicologia positiva, encarnada de maneira mais clara nos livros de autoajuda, como umha disciplina fora da ciência e mais raiante com a ideologia.

Lucía del Prado percorre televisons e eventos apresentando o seu livro “No puedo ser dos”

A mencionada fundaçom dedica-se de maneira intensa a realizar palestras para empresas sobre o síndrome do burnout ( queime no trabalho) e todo um leque de recomendaçons para levar umha vida feliz. Todo com a intençom clara de nom prestar atençom às problemática concretas a nível laboral ou social e continuar sendo funcionais à empresa até a extenuaçom se for possível.

AGAMME adverte que se trata de umha fraude e detrás da mesma está a fundaçom Filia. De ideologia misógina e negacionista da violência machista através de declaraçons públicas, tivo contratada a linha do menor com o governo de Espanha.

Entre os negócios que se cozem na fundaçom está o da formaçom de coordenadores parentais. AGAMME adverte que nom está regulada. Apesar disso Filia tem assinado convénios com diferentes universidades com o intuito de ir debuxando umha saída profissional nova e lucrar-se ao mesmo tempo. A Universidade Católica San Antonio e a Rey Juan Carlos som duas das universidades que tenhem assinado convénio com a entidade e ministram o curso da especialidade.

O ruxe-ruxe estava lançado e surtiu efecto: em Novembro do ano passado a ministra de Justiza fizo um chamamento às diferentes Comunidades Autónomas com competências em matéria de Justiza para começar a implantar a figura da coordinaçom parental.

A Junta, reunida com a presidenta da secçom de psicologia jurídica do colégio oficial de Psicologia da Galiza, Dolores Seijo, começou a valorar a sua introduçom no nosso País. Seijo é umha das principais valedoras do SAP a nível teórico e corporativo no nosso contexto.

Valedores do SAP na Galiza: interesses académicos e corporativas

Dolores Seijo dirige desde a USC numerosas teses que procuram fundamentar teoricamente todas estas aspiraçons económicas e corporativas. Em umha delas disertou-se sobre a figura da coordenaçom parental e advogava-se pola sua implantaçom.

Ela própria e a professora da Universidade de Vigo Francisca Fariña, acompanhadas de Ramom Arce, parapetados nos departamentos de psicologia jurídica e forense, som os principais valedores da SAP, embora nom se atrevam a falar abertamente dela. Nas suas disciplinas fala-se de “divórcios disruptivos” ou “ interferência parental”.

Francisca Fariña é nestes momentos presidenta da Asociación Iberoamericana de Justicia Terapéutica e foi-no também da ASEMIP, que recolhe na sua página web textos e disertaçons que falam, aqui si, abertamente do SAP.

Todos eles trabalham no ámbito da psicologia forense, que pugna com outros professionais por medicalizar a justiza e, destarte, abrir um campo profissional para a peritagem e a assistência psicológica nos casos que chamam de “ disruptivos” e em geral em toda a justiza. Um dos campos preferencias para os seus livros é a literatura e ensaio sobre as metiras e ocultaçons que realizam a pessoas entrevistadas em provas psicológicas periciais.

Como assinalava a presidenta de AGAMME Estrela Gómez e Jesús Ron em artigo para Praza Pública, o que se trata é de renomear a violência machista como conflito entre iguais, promover a mediaçom e devolver as vitimas ao cenário inicial, sob controlo do vitimário. O contexto político em que vivemos, com umha direita ultra em ascenso e umha esquerda tíbia e permissiva na denúncia e nas instituiçons contra este tipo de lobbies liberais, apela-nos a todas.