Em pleno conflito das indústrias electro-intensivas, Alcoa apresentou ante a Junta a solicitude para renovar a sua AAI (Autorizaçom Ambiental Integrada). A AAI é um procedimento administrativo que integra as diferentes autorizaçons ambientais contidas na legislaçom, e polo qual umha empresa tem que justificar o impacto ambiental da sua atividade no entorno. Esta solicitude deveria incluir um projeto que recolha os consumos energéticos e de matérias primas, os vertidos de aguas e outros efluentes poluentes ao médio, emissons à atmosfera, geraçom de resíduos sólidos, e qualquer outra ameaça médio ambiental que pudera ocasionar a atividade. E acreditar, obviamente, que todos estes valores estám por debaixo dos limites legalmente estabelecidos.

Os incumprimentos de Alcoa

Na análise que a associaçom ecologista Adega realizou da documentaçom apresentada pola empresa, extrai umha série de conclusons.

A primeira delas é que e as emissons à atmosfera, nomeadamente de flúor e de partículas, som mui elevadas. Feito que a própria empresa reconhece. É por isso que Alcoa lhe demanda à Junta que a exima de cumprir os valores mínimos legais com o pretexto de que executar as melhoras técnicas necessárias para reduzir as emissons suporiam o despedimento de 35 pessoas.

Em relaçom aos vertidos líquidos, Alcoa também reconhece que ultrapassa os valores limite legais, mas neste ponto já tinha autorizaçom da Junta para fazê-lo. Agora solicita que esta permissividade se prologue até o ano 2022. Em concreto, o limite legal de emissom de flúor é de 8 mg/litro no entanto pretende que lhe autorizem a emissom de até os 15 mg/l.

Outro ponto importante é a balsa de lodos vermelhos, que segundo a documentaçom aportada, resta-lhe pouca vida útil. A balsa está desenhada para armazenar lodos até umha altura de 99 metros de altura e a cota atual dos resíduos é de 95 metros. Adega questiona-se que sucederá umha vez se encha, pois supom um risco ambiental de primeira ordem como ficou de manifesto no desastre de Aznalcóllar. Por último, também questiona o importe dos seguros de responsabilidade civil e médio ambiental que tem subscritos a empresa, de 4,5 e 5,7 milhons de euros respectivamente, claramente insuficientes em caso de acidente.

Vista aérea do vertido de umha balsa de lodos de umha fábrica de alumínio em Hungria, em outubro de 2010

O cambio do paradigma

Durante muito de tempo o Capital apenas se interessava em crescer em termos absolutos e, portanto só inovava em termos de controlo e economizaçom do trabalho, descuidando aspectos médio ambientais. Mas desde a década de 1970, o discurso do progresso levou da mao a retórica ecologista, passando a falar de questons como o uso da energia, o controlo da poluiçom, os recursos renováveis, a reciclagem, as energias alternativas, em definitiva, a retórica do crescimento sustentável.

As disjuntivas entre economia e natureza, entre crescimento económico e meio ambiente-natureza som solucionadas polo “crescimento sustentável”. Foi umha armadilha do sistema para realizar umha restruturaçom técnico-ecológica do capital, e estabelecer um novo modelo de progresso. Mas era umha ilusom crer que a economia industrial renegaria do seu próprio princípio e que a destruiçom da terra se poderia evitar através de umha expansom da lógica de mercado à ecologia, obrigando aos contaminadores a pagar o preço do dano que ocasionam. Como escrevia Kurz, “o lobo nom se faz vegetariano e o capitalismo nom se converte numha associaçom para a protecçom da natureza e a filantropia”.

E é nestes tempos de crise económica e a ameaça de umha nova recessom, quando a patronal e as classes médias empobrecidas começam a petar na porta dos dirigentes políticos. Fica por ver quantos governos manterám em pé a bandeira da sustentabilidade nos seus termos programáticos originais. É assim como se explica que a Junta autorize a Alcoa limites contaminantes mais altos aos legalmente exigíveis, e permita apólices de seguros de importes mais baixos. É também a razom de que fossem os próprios trabalhadores de Alcoa, das fábricas de A Corunha e Avilés, os que demandavam unha tarifa eléctrica própria estável.