Aproximamo-nos ao segundo aniversário desta renovada jeira do nosso portal e, como cada ano, toca fazer balanço. Recomeçamos, depois dum parom técnico, no mês de outubro de 2017, com os reptos que tem todo meio popular e autogerido no nosso país: conformar umha equipa humana estável, que soubesse compaginar as difíceis exigências que coloca o dia a dia da precariedade e a exploraçom, com a dedicaçom militante gratuita; oferecer conteúdos de calado, rejeitando na prática o jornalismo barato, de consigna e sensacionalista; e finalmente, dar continuidade ao projecto. Deixar claro à comunidade leitora que voltávamos para ficar, procurando a transcendência de muitas décadas dum dos projectos decanos da informaçom galega na rede, que começou a sua caminhada num afastado 2001. Continuidade significava, obviamente, persistência. Se o compromisso era -e é- oferecer informaçom diária, isto exige, por cima de qualquer circunstáncia e contratempo, ser fieis a um ritmo e um estilo.

Como parte das nossas seguidoras nos tenhem transmitido, as carências continuam muito presentes, e nom queremos ocultá-las. Deu-se um peso excessivo a traduçons e textos formativos que, se bem tenhem o seu sentido ensamblados num conjunto coerente, em muitas ocasions roubárom espaço e tempo à análise da realidade galega; em termos gerais, a actividade do independentismo militante, particularmente das organizaçons que resistírom meritoriamente os passados anos de refluxo, estivo menos reflectida do que devesse. Ainda que as redes sociais veiculam a dia de hoje a actividade das organizaçons, deslocando o papel dos webs mais clássicos, é evidente que a imprensa independentista tem que procurar a forma de acompanhar, com rigor e profundidade, o dia a dia do movimento. Aliás disso, faltárom-nos muitos nomes, dados e cifras, esses que se elaboram no jornalismo laborioso e de longo alento, e que servem para falar com autoridade e acordar interesse em todos os leitores, mesmo nom independentistas. O jornalismo de investigaçom é sempre o mais exigente em recursos e tempo, e é nesse ponto onde a precariedade laboral das nossas redactoras e redactores se deixou notar com mais força.

No curso que começa, e como já anunciamos nas redes sociais e num banner que encabeça este portal, estamos a estabelecer um sistema de associados e associadas que, através da achega de quotas mínimas, ao alcanço de qualquer trabalhador, permitam ingressos fixos ao projecto. O portal seguirá a ser auto-financiado, sem dependências empresariais nem institucionais, mas o autofinanciamento passa das redactoras ao conjunto do corpo de leitores. A produçom de notícias seguirá a depender dumha equipa estável de voluntárias, isto é, de militantes; mas sabendo que os imponderáveis da vida precária ameaçam muitas vezes os ritmos activistas, pretendemos que umha pessoa dedique, graças a umha pequena achega económica, umhas horas invariáveis da sua jornada ao esquelete do portal. Com o esforço de todas, será possível, e isto repercutirá na qualidade do projecto e na saúde do movimento do que fai parte.

Encetamos um novo curso cheios de esperança. Certamente internet e as redes sociais alimentárom nos últimos anos a informaçom de péssima qualidade, o imediatismo e a egolatria; mas paralelamente, detecta-se umha demanda crescente de informaçom elaborada, jornalismo lento e análise de fundo. Nom som caprichos, senom necessidades desse segmento crítico da cidadania que precisa fazer um esforço para sabermos onde estamos e cara onde imos.

Depois de anos vacilantes e enxurrada repressiva, o independentismo encara umha jeira de recuperaçom de confiança e reforçamento organizativo. Nom podemos fazer futuríveis, mas umha cousa está clara : os vindouros anos do processo de libertaçom nacional dam-se num contexto de enormes incertezas geopolíticas, agressividade reaccionária e procura de sentido e direcçom dumha populaçom decepcionada por todas as promessas mentireiras do neoliberalismo e a democracia de mercado. Queremos situar-nos, e ajudar a situar desde o jornalismo popular, aquelas galegas e galegos decididos a intervir energicamente no dia a dia do país. Comprender e acompanhar, desde a nossa trincheira informativa, as outras trincheiras políticas, associativas, culturais, serám as nossas tarefas desde hoje mesmo. Ajudai-nos a vogar nessa direcçom.