A medida tomada neste setembro abraiaria há anos: umha cámara municipal galega a reconhecer umha situaçom de “emergência” -nom apenas de “mudança”- climática, e com os votos de todas as forças com representaçom na instituiçom. Extinçons massivas, endurecimento das condiçons de vida, e até mesmo perigo de morte para a nossa espécie, reconhecem-se como possibilidades na esfera oficial. As razons: o rápido avanço da consciência popular sobre o problema, mas também a determinaçom do capitalismo verde por rendibilizar o colapso.

Trás a apresentaçom dumha moçom assinada por mais de cem entidades, todos os partidos com representaçom no concelho da cidade olívica dérom o passo para a assinatura da ‘Declaraçom de Emergência Climática’, inclusive aqueles que se tenhem mostrado historicamente impermeáveis às demandas ecologistas. O texto reconhece que nas décadas por vir até um milhom de espécies correm perigo de extinçom, que as mudanças no clima da Terra vam comprometer o futuro dumha maioria da nossa espécie, e que mesmo o nosso futuro colectivo está em jogo. A declaraçom diz ‘aceitar a verdade da emergência’, e define a luita como ‘urgente e irreversível’.

Generalidades

Dado o poder real dos concelhos, e dado o cariz pro-capitalista dos partidos maioritários, as propostas aprovadas som dumha generalidade extrema, o que nom garante na prática nenhuma medida enérgica. Além de declarar o Vigo de 2035-2040 como umha ‘cidade descarvonizada’, sem se especificarem as mudanças concretas que isto precisa, o concelho propom um processo de conscienciaçom e educaçom popular, alcançar o autoconsumo eléctrico, e o fomento da economia local e de proximidade. Como certa concessom às demandas de democracia participativa, o texto anima também a que o concelho ‘execute decisons cidadás de carácter vinculante’.

O que está por trás

Na realidade, e ainda demonstrando certo progresso da consciência, a declaraçom tem muito de vacuidade, pois segue sem pôr em causa as coordenadas do modelo económico causante da desfeita. Até os propagandistas mais conhecidos do neoliberalismo reconhecem que a descarvonizaçom acelerada da economia nom é possível em parámetros capitalistas, como tampouco é o mantimento do quecimento global em apenas 1,5 graos graos nas vindouras décadas. Recentemente, o professor Juan Luis López Cardenete, ex-director de Uniom Fenosa e na actualidade responsável de IESE Bussiness School na Universidade de Nafarroa, reconhecia: “descarvonizar a sociedade é sumamente complexo além de descarvonizar o vector eléctrico (…) como se vai descarvonizar a indústria, a agricultura, os serviços?” Cardenete diz que se bem o petróleo se abaratará e parte do mundo ‘avançado’ reduzirá a sua dependência, os países dependentes seguirám a explorá-lo até o seu esgotamento. Por outras palavras, as dirigências estatais prefirem sacrificar o ecossistema -com a humanidade no seu interior- antes de imaginar um futuro austero e sem crescimento. ‘Imaginamos antes o fim do mundo que o fim do smartphone’, dixo com acerto o pensador eco-socialista Jorge Riechmann.

Jorge Riechmann, doutor em ciências políticas, tem ensaido avondosamente sobre emergência climática

Capitalismo verde

Nom todos os representantes das classes dominantes tenhem o ponto de vista frívolo e irresponsável do portavoz do PP em Madrid, Rafael Hernando, que dixera que ‘levava 26 anos a esperar pola mudança climática’ a que considerava ser algo assim como ‘a profecia maia do fim do mundo em 2012’. Outro sector das elites prepara a conversom de parte da economia a um modelo de capitalismo verde, ainda com plena consciência de que as mudanças nom vam impedir o deterioramento da vida. Empresas petroleiras como Cepsa ou Repsol já visam ‘converter-se em centros de serviço multienergia’ e investem em negócios ‘de baixas emissons’. Já nom se nomeam como ‘empresas petroleiras’, senom como ‘empresas energéticas’.

No passado ano, Viena foi o lugar escolhido por quase 50 técnicos do capitalismo verde para apresentarem o seu congresso ‘Crescimento em Transiçom’, que como o nome indica, tenta a difícil conjugaçom de economia de mercado (afám de lucro) com economias relocalizadas e circulares. Os promotores e promotoras definem-se como ‘especialistas em mudanças sistémicas procedentes do mundo académico, dos negócios, da admistraçom das grandes cidades e da sociedade civil’. Sem pôr em causa os fundamentos da sociedade de consumo nem os poderes das empresas multinacionais que o alimentam, a pretensom é ‘orientar as dirigências políticas’ cara umha economia ‘que nom apenas valorize o PIB, que nom taxe apenas a poluiçom das classes populares, e que consiga umha economia de zero resíduos sem obsolescência programada’. Um dos representantes desta linha de pensamento, Mikel González-Eguino, pesquisador no C3-Basque Centre por Climate Change, expunha a moderna conviçom social-democrata de podermos ‘ganhar todos’ num interesse coincidente: ‘as empresas do petróleo e o gas também devem diversificar a sua carteira de activos para a transiçom nom afectar nem a sua rendibilidade nem os seus trabalhadores. (…) É possível aproveitar as oportunidades e nom deixar ninguém atrás’.

Esquema de objectivos do Basque Centre for Climate Change

Na corda bamba

Na actualidade, apenas o 3% da comunidade científica nega a mudança climática, e os termos mais apropriados para nomear o terreno que iremos transitar som os de ‘emergência’ ou ‘crise climática’. O resto dos especialistas temem, muito maioritariamente, que umha suba da temperatura cercana aos 2 graus nas vindouras décadas nos conduzam ao imprevisível. A situaçom é, sendo suaves, de incerteza, e já beira o perigo. Apenas forças políticas e movimentos sociais anticapitalistas ponhem de relevo que só umha ruptura radical com a lógica do lucro capitalista pode abrir um caminho transitável. Nos meses vindouros veremos se o movimento popular desobediente Extinction Rebellion, que se tem fundado também na Galiza, escora as suas posiçons cara a crítica ao capitalismo.