(Bernardo Tahoces, Director Geral de Energia e Minas / Imagem Junta da Galiza)A Serra do Iríbio, um dos grandes emblemas naturais e históricos da Galiza, está baixo a ameaça dum novo parque eólico. A oposiçom popular começa a organizar-se, e fai-no frente um poder experimentado na dilaçom, o engano e a execuçom fraudulenta dos seus planos. Quem som os quadros dirigentes que facilitam, neste caso, o caminho das empresas? Deitamos umha olhadela a dous políticos que conspiram contra o povo, modelos perfeitos da confusom entre o público e o privado que o PP sempre promocionou.

Salvemos O Iríbio, que aglutina já dúzias de associaçons sociais, políticas e ambientalistas, está a desafiar com um sério pulso os interesses de Fergo Galicia S.L. A empresa, dedicada ao tijolo e às energias renováveis, está vencelhada a Honorato López Isla, que é conselheiro na firma. López Isla, natural da comarca de Viana, é um histórico do sector eléctrico espanhol, dirigente de Fenosa desde a década de 70, e um dos proprietários da empresa de telecomunicaçons R. Parte desse bloco empresarial ligado geneticamente com o PP, o fraguismo, nos seus estertores, fijo por dar-lhe um bom pedaço do negócio eólico.

Um plano para a desfeita

De se consumar o parque eólico, as aldeias de Abradelo, Pasantes, Gundriz, Carqueixeda, Queixadoiro e Santa Marinha, entre Samos e Triacastela, ficarám baixo a sombra dos moinhos. Serám oito, de mais de 150 metros de altura, numha serra que alcança os 1443 metros de altitude. A vizinhança aceitou o aluguer das suas terras porque, como declarou em declaraçons à imprensa oficial, ‘se nom íamos directamente à expropriaçom’. Cada casa recebe 4510 euros por moinho instalado na sua propriedade; a cantidade, além de considerar-se escassa, nom repercute em nenhum plano de dinamizaçom da zona, nem em infraestruturas e empresas que atraiam da populaçom. A cantidade resulta ser, portanto, um tipo de esmola que acompanha o esmorecer demográfico e social da comarca. O caminho real, umha via de comunicaçom histórica entre a Galiza e Espanha, ficará baixo esta grande infraestrutura industrial, e até o turismo jacobeu, tam enxalçado polos governantes, pode ver-se ameaçado.

Obviamente, nom som as pessoas os únicos seres afectados. Com os eólicos verám-se ameaçados distintos tipos de águias (real, culebreira, cinzenta), entre outras aves, e compromete-se a volta do urso, que precisa grandes corredores despovoados para viver.

Asobras já danárom parte da Serra do Iríbio (Imagem ADEGA)

A trampa

O observador desprejuízado baterá com umha realidade chamativa: como se constrói um parque eólico em zona de Rede Natura. Desde 2009, com a aprovaçom da Lei Galega de Aproveitamento Eólico, proibe-se erguer tais estruturas industriais em áreas protegidas. E desde 2014, ano de aprovaçom do Plano Director da Rede Natura, impede-se que os moinhos ocupem estas zonas de estatuto especial. Como é possível entom que a empresa comece as obras no passado maio ? Como consegue a Junta dar a autorizaçom definitiva em 14 de agosto? A explicaçom é singela, e tem a ver com o hábil manejo de prazos e procedimentos por parte da direita espanhola.

Fergo Galicia S.L. apresentou a sua declaraçom ambiental em 2005, aproveitando os meses de governo interino de Fraga. O PP perdera as eleiçons, e enquanto o governo bipartido preparava a sua aterragem na Junta, permitiu-se a tramitaçom do parque. Logo, PSOE-BNG dérom-lhe continuidade em 2007. Consumada a volta do PP à Junta, Feijoo aplicou umha moratória a projectos de parques anteriores a 2013. Precisamente esta argalhada legal é um dos aspectos que critica o movimento popular : ‘está-se a utilizar um estudo de impacto de há 14 anos, numhas circunstáncias ambientais totalmente diferentes às de hoje, e quando o projecto de parque também variou’. Para a Junta e os seus concelhos afins, as modificaçons som insubstanciais. Com esse pobre argumento, a empresa começou as obras dos arredores do parque no maio passado, causando sérios danos em Airapadrom, Lampaças, Alto do Torrente e Pena Calçada. Tais empraçamentos nom apareciam nem citados no informe de impacto de 2005.

Álvarez-Campana: parques a portos, passando polas minas.

Apesar de que o jornalismo e os movimentos sociais sempre apontam grandes partidos e empresas como instigadores das desfeitas, as decisons e medidas concretas tenhem sempre por trás nomes concretos de pessoas concretas. Habitualmente, trata-se dumha rede de técnicos de alto nível, sem releváncia mediática nem exibicionismo de nenhum tipo, mas enormemente funcionais para os planos do poder. Silandeiros, trampeiros, eficientes, eles conseguem que o projecto mais inçado de ilegalidades poda sair adiante.

Álvarez, na sua jeira de responsável de Portos da Galiza (Imagem Junta da Galiza)

Em 2005, José Manuel Álvarez Campana-Gallo era o Director Geral de Avaliaçom Ambiental do governo Fraga. Secretário de organizaçom do PP na província da Corunha em 2011, foi também o presidente de Portos de Galiza que autorizou a piscifactoria de Rinlo, em Ribadeu. A instalaçom ocupava também um espaço de protecçom ambiental, e isso levou o Tribunal Superior de Justiça da Galiza à paralisaçom das obras. Álvarez foi acusado de prevaricaçom por autorizar tal infraestrutura, mas o julgado nº 2 de Santiago de Compostela absolveu-no. A sua relaçom com obras agressivas com finalidade duvidosa nom remata no Iríbio nem em Rinlo. Em 2005, o próprio PSOE, por boca de Ismael Rego, denunciou que as obras de reforma do porto de Viveiro fôrom retiradas ao concelho e concedidas a umha empresa ‘amiga’ de Álvarez-Campana. Finalmente, e demonstrando que todos os planos de infraestruturas e extractivismo passam polas mesmas pessoas, topamos este dirigente popular fomentando a minaria na Galiza. Álvarez dirigiu a Cámara Oficial de Minaria, e defendia que o ouro ‘podia ser muito rendível na Galiza’. Em data tam temperá como 2006, dava palestras com a organizaçom Teaxul e a Universidade de Vigo nas jornadas sobre ‘Inovaçom e Tecnologia no Sector Mineiro.

Bernardo Tahoces, também nos julgados

Ángel Bernardo Tahoces é o actual Director Geral de Energia e Minas e, portanto, responsável directo da autorizaçom do parque eólico do Iríbio. Segundo o portal de transparência, Tahoces cobra 63519 euros ao ano, um nível de ingressos próprio da casta política, que o arreda irremediavelmente da imensa maioria do povo. Galego do Berço, nasceu em Ponferrada há 59 anos. Licenciou-se em Direito e diplomou-se em Relaçons Laborais, mas desde os 31 anos leva servindo fielmente a Junta como Funcionário do Corpo Superior e quadro na sombra. Apenas o bipartido, de 2005 a 2009, consegue deslocá-lo da engrenagem do PP, mas o partido dá-lhe um posto no parlamentinho como vozeiro de Energia, Indústria, Comércio e Inovaçom, e do Conselho de Contas.

Apesar dos processos judiciais, Tahoces rejeitou demitir (imagem Junta da Galiza)

Na actualidade, tem dous processos abertos nos julgados. Um deles, a instáncias do colectivo Verdegaia, por permitir a reabertura das minas de Lousame em 2017 sem pertinente estudo de impacto ambiental, e sem levar em conta os verquidos que poluem o Tambre e a Ria de Noia. Um outro, por obstaculizar o acesso à informaçom.

É este último o que situou Tahoces no foco da notícia, rematando temporalmente com a sua discreçom. Em março de 2012, a imprensa do Regime revelava, na sua dinámica de luitas entre partidos polo acesso ao poder, que Tahoces enviava instruçons por escrito aos técnicos da Junta para bloquearem informaçom essencial nos informes relativos à construçom de parques eólicos. Tratava-se de que outras empresas rivais, instituiçons e, sobretodo, movimentos populares, nom puidessem aceder em prazo a informaçom chave dos parques, e entom que vissem dificultada a sua tentativa de paralisá-los legalmente. Como Tahoces reconhecia por escrito, cumpria ‘imprimir a máxima celeridade à construçom dos projectos.’