“Suponhamos que, num momento dado, umha certa quantidade de pessoas está empregada na fabricaçom de alfinetes. Elas produzem todos os alfinetes que o mundo necessita, trabalhando, digamos, oito horas por dia. Entom surge um invento com o qual as mesmas pessoas podem produzir o dobro da quantidade de alfinetes que produziam antes. Mas o mundo nom precisa de duas vezes mais alfinetes: eles já som tam baratos que dificilmente se comprarám mais alfinetes por causa da baixa dos preços. Num mundo sensato, todas as pessoas envolvidas na produçom de alfinetes passariam a trabalhar quatro horas por dia, em vez de oito, e todo o demais continuaria como antes. Mas, no mundo em que vivemos, isto seria considerado umha desmoralizaçom. Permanece a jornada de oito horas, sobram alfinetes, alguns empregadores vam à falência e a metade dos homens antes alocados na fabricaçom de alfinetes perde o seu emprego. No final, a quantidade de lazer é a mesma de antes, porém, enquanto a metade das pessoas está totalmente ociosa, a outra metade é submetida ao sobretrabalho. Dessa forma, assegura-se a crença de que o inevitável lazer causará a miséria por toda parte, em vez de ser uma fonte universal de felicidade. Pode-se imaginar coisa mais insana?” Este fragmento que pertence a “O elogio do ócio”, escrito no ano 1932 polo filósofo inglês Bertrand Russell, resume o absurdo do sistema económico no que vivemos.

E quase um século mais tarde, a situaçom a este respeito nom mudou muito. Um estudo elaborado recentemente por Oxford Economics, “How robots change the world”, publicado esta semana por um sindicato espanhol e que difundírom numerosos médios comerciais, adverte-nos do que já sucedia na Inglaterra no período de entre guerras: o estudo explica que a robotizaçom da indústria destrói postos de trabalho.

Os dados

Sempre segundo os dados que oferece o estudo citado, cada robô industrial instalado supom a perda de 1,6 postos de trabalho e no período que compreende desde o ano 2000 até o ano 2016, a robotizaçom da indústria supujo a supressom de 400 mil postos de trabalho só na Europa. E as expectativas som que nos vindouros vinte anos a introduçom de robôs na indústria suprimirá mais de 2 milhons de postos de trabalho em todo o planeta.

Conclusons

Que a implantaçom de robôs na indústria e noutras atividades económicas suprima emprego nom deveria ser umha crítica ao progresso, porquanto se a propriedade das indústrias fosse pública, as consequências de dito progresso seria outro. Se o aumento de produtividade que origina o progresso tecnológico fosse aproveitado para reduzir a exploraçom que sofre a classe trabalhadora, como recomenda Russell no seu texto, é óbvio que seria umha boa nova.

O estudo também reflete que este processo provocará ganhadores e perdedores -os famosos winners e losers protagonistas do mito do sonho americano-, pois apenas aqueles que se formem e se adaptem ao novo mercado laboral terám um emprego, mas como contrapartida umha gram massa de trabalhadores ficará excluída. O estudo agocha o mantra liberal de que cada um é o responsável da sua situação económica.

Pola sua vez, alguns sindicatos promulgam medidas extravagantes e instam à patronal a que este processo de automatizaçom do trabalho também acarrete melhoras para a classe trabalhadora. Os sindicatos predicam no deserto porquanto o empresário instala os robôs para incrementar os seus lucros e nom para melhorar as condiçons laborais dos empregados.