Várias novas juntas entendem-se melhor. “Educaçom pechou 107 centros escolares nos últimos 10 anos”. Hoje era notícia na impressa comercial que a Junta pechou mais de um cento de escolas infantis na última década e a cifra chega até os 213 centros pechados desde o ano 2005.

O mesmo jornal publicava este domingo a notícia da compra de umha aldeia abandonada situada no concelho de Mondonhedo por parte de um matrimónio norte-americano. “Esta aldeia abandonada será o meu paraíso”. O próprio cabeçalho é umha declaraçom de intençons: o nosso patrimônio para uso e disfrute de pessoas endinheiradas. Esta notícia data da última semana, mas cada pouco tempo vê a luz umha nova semelhante: “Capital inglês compra aldeia em Viveiro”, “O castelo de Quindous vende-se em Internet a preço de saldo”, “Gwyneth Paltrow dá a ideia de regalar umha aldeia abandonada em Lugo polo Natal” “Paços, castelos e aldeias a preço de saldo”, e assim até o aborrecimento. Um fenómeno ante o que as administraçons públicas ficam de braços cruzados em lugar de atuar para proteger do nosso património.

Pola sua vez, o Instituto Galego de Estatística (IGE) publicava hoje mesmo os novos dados sobre o “movimento natural da populaçom” galega. Os dados deitam luz, umha vez mais, do declínio demográfico do País, onde o saldo vegetativo negativo bate um novo registro: -15.833. O número de falecimentos é ligeiramente superior ao registrado no ano 2017 e alcança a cifra de 32.394, enquanto a cifra de nascimentos continua a descer em passo acelerado, e baixa até os 16.561 nascimentos.

Por último, a Junta de Feijoo anunciava o mês passado umha lei de impulso demográfico que, segundo os seus promotores, intentará frear a perda de populaçom e incentivar o retorno das pessoas emigradas (Estratégia Retorna 2020), mas nom deixa de ser propaganda porquanto simultaneamente pecha escolas, centros de saúde, elimina transporte público no rural e abandona as pequenas exploraçons ganadeiras à lei do mercado que as aboca à sua desapariçom.

Todas as novas arriba mencionadas estám relacionadas entre si, sendo umhas as consequências das outras. A terciarizaçom da estrutura económica do País, o esboroamento dos setores primários, a precarizaçom do trabalho no rural, a especulaçom imobiliária que provocou o encarecimento da vivenda e a eliminaçom e reduçom dos serviços sociais mais elementares, som questons que dificultam que a gente nova tenha crianças e fique na aldeia. E deste jeito é como cada dia há mais aldeias baleiras.

O enfraquecimento da economia rural tem como consequência inevitável o abandono do rural, e é um erro, um erro interessadamente propagado desde mídia comercial, pensar que a venda das aldeias abandonadas ao capital estrangeiro para serem restauradas e destinadas ao turismo, vaia ser umha soluçom para o País. Todo o contrário, como escrevia tempo atrás, nom existe modo algum de manter a populaçom no rural se nom existe um setor primário forte, um setor que conta com enormes capacidades de ser sustentável e socialmente distributivo.