O passado dia das letras galegas foi testemunha dum importante acontecimento para o movimento de educaçom popular do nosso pais. No Museu do Povo Galego, sob o olhar atento de famílias e sócias da Semente, decorreu a apresentaçom da aliança de cooperaçom entre dous modelos educativos irmaos: o Projeto Educativo Semente e a Federaçom de Ikastolas de Euskal-Herria (Ikastolen-Elkartea).

Claustro do Museu do Povo Galego (Fot. Borxa Toxa)

Apesar das qualitativas diferenças no que di respeito às dimensons e ao percurso histórico dos dous projetos, ambos foram criados por iniciativa popular e partilham princípios fundamentais: autogestom, laicidade, nom tenhem fins lucrativos e promovem a imersom linguística. Ao mesmo tempo, para além de serem modelos alternativos ao ensino tradicional, tenhem a vontade de criar as bases necessárias para o desenvolvimento dumha escola nacional própria.

O ato foi apresentado por Santiago Quiroga, ativista da Semente, que começou lembrando a figura de Antonio Fraguas:

Estou certo de que D. António estaria apoiando este ato há vinte anos porque a sua figura representa valores universais que hoje fazemos nossos: o compromisso com a defesa das línguas e culturas vasca e galega assim como com a restauraçom dos nossos direitos históricos como naçons plenas no mundo, como células de universalidade

Rememorou também o vínculo histórico do primeiro Galeusca ou Tripla Aliança entre Galiza, Euskal-Herria e Catalunya em 1923, ano em que Fraguas fundaria a Sociedade da Língua para a sua defesa e normalizaçom social.

Santiago Quiroga (Fot. Borxa Toxa)

A seguir, foi lido o poema do basco Gabriel Aresti: “Defenderei a casa de meu pai” em euskera polo lehendakari de Ikastolen Elkartea, Koldo Tellitu; e em galego, por parte da ativista da Semente Compostela, Anxos Cabada.

Koldo Tellitu (Fot. Borxa Toxa)
Anxos Cabada (Fot. Borxa Toxa)

Defenderei
a casa de meu pai.
Contra os lobos,
contra a seca,
contra a usura,
contra a justiça,
defenderei
a casa
de meu pai.
Perderei
o gado,
as plantaçons,
os pinheirais;
perderei
os juros,
as rendas,
os dividendos,
mas defenderei a casa de meu pai.
Me tirarám as armas
e com as maos defenderei
a casa de meu pai;
me cortarám as maos
e com os braços defenderei
a casa de meu pai;
me deixarám
sem braços,
sem ombros
e sem peitos,
e com a alma defenderei
a casa de meu pai.
Morrerei,
a minha alma se perderá,
a minha prole se perderá,
mas a casa de meu pai
permanecerá
em pé.
Gabriel Aresti, 1963
trad. Fábio Aristimunho

Posteriormente, intervéu umha das fundadoras e ativista da Semente Compostela, Beatriz Bieites para lembrar que o que se estava a assinar era “a solidariedade e amizade entre dous povos”. Da mesma forma, mencionou a numerosas solidárias bascas que durante oito anos tenhem apoiado o Projeto Semente. Continuo criticando a política linguística dos últimos quarenta anos e a sua implementaçom no âmbito educativo:

No ensino público muitas crianças estám condenadas a desconhecer a nossa história, a nossa língua e a nossa identidade porque nom tenhem direito a estudar em galego

Acabou sua exposiçom fazendo referência aos antecedentes históricos da Semente:

Sentimo-nos herdeiras daquelas Escolas de Ensino Galego que o golpe do 36 nom deixou crescer e sentimo-nos irmás das escolas feitas por e para outros povos oprimidos como a que aqui hoje representa o amigo Koldo

Beatriz Bieites (Fot. Borxa Toxa)

O próprio lehendakari de Ikastolen Elkartea, intervéu, a posteriori, para manifestar a necessidade de contribuir para o relacionamento do povo galego e basco, nomeadamente em um âmbito como o educativo, limitado por um contexto político em que o Estado Espanhol restringe, através da Constituiçom e das Leis Orgánicas, a regulamentaçom dos elementos essenciais que definem um sistema educativo. Manifestou também o papel referencial da escola popular basca para a normalizaçom do idioma e da cultura euscalduna, dando aços ao povo galego para continuar por esse caminho.

Koldo Tellitu (Fot. Borxa Toxa)

A última pessoa a tomar a palavra foi Badú, o primeiro e mui querido educador da Semente Compostela, que leu o texto íntegro da aliança, que inclui os seguintes objetivos:

  • Desenvolver estratégias comuns para conscientizar à sociedade da necessidade do modelo de imersom linguística para a normalizaçom do uso das línguas vasca e galega.
  • Promover, consolidar e reivindicar os projetos educativos populares, autogeridos, sem fins lucrativos e alternativos ao ensino tradicional.
  • Analisar e impulsionar a coordenaçom de políticas perante os projetos legislativos do Estado Espanhol que limitam a criaçom do sistema educativo próprio nas duas naçons.
  • Fomentar a comunicaçom, a troca, a solidariedade e apoio mútuo no desenvolvimento dos projetos educativos.
  • Desenvolver atividades conjuntas de aprendizagem e melhora, através da troca, reflexom e contraste sobre experiências pedagógicas.
  • A troca de material educativo.
  • Impulsionar o mútuo conhecimento a respeito da situaçom de cada associaçom e do sistema educativo de cada naçom.
Badú (Fot. Borxa Toxa)

O emotivo ato de irmandade terminou com a assinatura da aliança e a interpretaçom do Eusko Gudariak e do Hino Nacional Galego.

Beariz Bieites e Koldo Tellitu (Fot. Borxa Toxa)
Interpretaçom dos hinos (Fot. Borxa Toxa)