Galiza está doente. A diagnose leva mais dum século e meio feita: dependência política crónica. As manifestaçons modernas desta doença afetam a diversos órgaos vitais: económico, social, político e educativo. Soluçom desde Madrid? Sempre a mesma: amputaçom.

Ao feche de centros de saúde, o esboroamento do sector primário, a ausência dum plano de transporte que articule o país, o espólio dos recursos florestais por parte do monopólio de tranformaçom da madeira, temos que somar desde o ano 2005 mais de duzentas escolas fechadas no rural galego. A neolíngua própria do neoliberalismo intitula este declínio de serviços educativos: “revisom de matrícula dos centros escolares” e tenta convencer à populaçom afetada de que a única possibilidade para garantir o serviço escolar às crianças do rural é a “emigraçom interior” do estudantado através do seu deslocamento para centros educativos das vilas e cidades próximas.

Aumentam os investimentos para centros concertados e diminuem para centros públicos no rural

O argumentário da Conselharia de Educaçom para justificar o fechamento das escolas unitárias rurais está frequentemente vinculado a critérios economicistas: a ausência de recursos para financiar o serviço. No entanto, esta razom parece incoerente com o incremento de fundos para a escola concertada nas cidades. Segundo a Orde publicada no DOG do 12 de agosto, no ano académico atual 2018/19 a Xunta criou 31 unidades educativas na escola concerta e suprimiu 54 na pública o que leva consigo a desapariçom de 58 vagas de professorado. Para além disto, uma Orde do 10 de agosto de 2017 já blindava os concertos até o ano 2022/2023 e autorizava a criaçom de 58 unidades concertadas para os cinco colégios que segregam o alunado polo seu sexo, quatro deles propriedade duma empresa ligada ao Opus Dei (Montespiño e Peñarredonda, na Corunha e Las Acacias, Montecastelo e Aloya, em Vigo), incumprindo princípios básicos como a coeducaçom, recolhidos no “Plano de Igualdade para o ensino” aprovado pola própria Conselharia.

Início de ano académico do colégio feminino vigués ‘Aloya’ © Colexio Aloya

A Conselharia de Educaçom está, deste modo, a contribuir para a privatizaçom do sistema educativo galego, dotando de recursos económicos a centros que segregam o alunado por classe social e sexo, enquanto eiva de recursos económicos a atividade educativa das escolas no rural, às quais assistem as crianças das classes populares.

Resistência organizada contra a discriminaçom do rural

Durante os últimos anos som numerosos os exemplos de dignidade coletiva organizada do nosso povo. No ano 2012 criava-se a Coordenadora Galega de AMPAS no Rural “contra a decissom da Conselharia de suprimir unidades e eliminar professorado nas escolas do rural”, defendendo a “igualdade de direitos”, a “necessidade de criar um plano educativo específico para o rural” e a “recuperaçom do programa Preescolar na Casa, que durante 35 anos fijo um trabalho muito importante no ámbito socio-educativo do rural galego”.

Outro significativo exemplo é a Plataforma pola Defesa da Montanha criada por famílias e mestras dos centros educativos: CEIP de Cervantes, Samos, O Incio, Navia de Suarna, Doiras, Becerreá e As Nogais. Botaram-se a fazer o caminho francês no ano 2012 por causa do encerramento de 14 escolas unitárias. Cada etapa contava com a participaçom de mais de cem pessoas em defesa do ensino público e de qualidade na montanha lucense, simbolizado com um laço verde prendido na roupa. “Queremos fazer-nos ouvir, porque já abonda! Querem botar-nos do rural e temos que impedir-lhe-lo”, dizia Vanesa, mae dum aluno do CPI de Samos.

Plataforma pola defesa da montanha na Praça do Obradoiro

A pressom popular daria lugar à criaçom duma Mesa galega de ensino no rural no Parlamento Galego com o apoio de BNG, AGE, PSOE e Grupo Mixto com o objetivo de “articular uma nova política educativa para o rural” inserida, diziam, “num projeto global de desenvolvimento comunitário” e que fosse “o resultado de um acordo sério e rigoroso sobre as alternativas possíveis”. O veto do Partido Popular fecharia qualquer medida possível, adiando sine die o esmorecimento da educaçom pública no rural galego.

Atualmente, a Rede Galega de Educaçom e Desenvolvimento Rural está a trabalhar em um Anteprojeto para um Plano de Educaçom Específico para o Rural, “que necessita dum tratamento distinto quanto à planificaçom, organizaçom escolar e à dotaçom de recursos”, indica a histórica ativista Alicia López e solicita uma “moratória para que nom continuem reduzindo unidades nos centros de ensino do rural“.

Assembleia da Rede Galega de Educaçom e Desenvolvimento Rural © NEG

A luita pola educaçom no rural: uma luita que nom acouga

As agressons à escola pública no rural galego, no entanto, nom som um fenómeno recente. Tenhem sido recorrentes desde 1970. Do mesmo modo, a resistência do povo galego organizado é digna de testemunhar da mao de Alicia Pardo (mestra e ativista fundadora da Mesa Galega de Educaçom no rural) e Francisco Candia (professor da Faculdade de Formaçom do Professorado de Lugo) que, neste relatório, asinalam: o percurso histórico da luita contra o reagrupamento escolar na Escola-Lar de Sam Romám de Cervantes no final da década de 70, a oposiçom à ampliaçom das concentraçons escolares da Comarca de Ordes, a meados da década de 80 e a resistência contra a supressom do programa Preescolar na Casa em 2012.

Toda esta oposiçom organizada, formada por famílias, mestras e vizinhas do rural galego foi possível graças à uniom coordenada para expressar publicamente as suas demandas. Foi assim como nasceram associaçons de pedagogia Freinet ACIES (Associaçom para a correspondência e imprenta escolar) e MCEPG (Movimento Cooperativo da Escola Popular Galega), e no início da década de 80 o Coletivo Pedagóxico Estiño e a configuraçom dos Movimentos de Renovaçom Pedagógica Nova Escola Galega e da Asociación Socio-Pedagóxica Galega. A partir de aqui criariam-se a Coordenadora da Escola rural de Galiza e na década de 90 a Mesa Galega de Educaçom no Rural e em 1997 AMCRAGA (Associaçom de mestres de colégios rurais agrupados).

Todos estes coletivos tenhem elaborado diferentes planos em defesa da educaçom no rural, inserida dentro dum projeto integral para o meio rural galego, mas a hegemonia das elites políticas espanholistas tem sido decisiva para que nom se pudesse canalizar cara as intituçons um programa político que devolva ao povo o que é do povo.