Os propagandistas do sistema que padecemos medem cada vez mais as suas glorificaçons do ‘melhor dos mundos possíveis’. No final dumha década de enormes tensons geopolíticas e turbulências económicas, o chamado à prudência domina todos os vozeiros oficiais. As cifras falam em toda parte de riscos de nova recessom, o que previsivelmente trazeria para as classes populares novas doses de recurtes sociais e programas autoritários.

A mídia capitalista acostumou-nos a medir o avanço ou retrocesso da sociedade com as frias cifras do crescimento econconómico, mascarando sempre qualquer drama social e a destruçom do meio e da saúde humana que vai parelha à produçom de mais e mais mercadorias. Porém, é destas cifras que temos que partir para entendermos cabalmente o panorama que de imediato imos atravessar. Eis alguns apontamentos necessários.

Os dados
Segundo as estatísticas que maneja a Uniom Europeia, a alegada locomotora económica deste espaço geopolítico, Alemanha, começa a andar a surtos mais e mais fracos. No passado ano, apenas medrou um 0.02% em relaçom aos índices do anterior exercício, e a imprensa maioritária desse país sentencia já que ‘rematárom os anos de vacas gordas’. A razom, nesta economia interdependente, é umha certa recessom exportadora, vencelhada ao menor poder comprador da China, o que atingiu especialmente ao sector do automóvel. O contexto de fundo é umha grande incertidume, motivada em primeiro termo pola guerra comercial declarada entre a China e os USA, e em segundo polos conflitos político-militares relacionados com tal contradiçom em maior ou menor medida (Ucraína, Síria, ou a Venezuela). O brexit também influi neste cepticismo generalizado nos amos das finanças, e é por isso que nom falamos dum problema alemao, mas europeu.

De facto, o crescimento passou na UE dum 2,4% em 2017 a um 1,9% em 2018. E segundo afirmam os especialistas, embora os países de capitalismo emergente, caso da China, medram por riba do 5 ou mesmo 6%, o cómputo desta decolagem oculta que nele incluem-se transacçons relacionadas por multinacionais em território periférico. Isto é, computam-se indicadores do centro capitalista que tenhem lugar geográfico em países onde operam.

Num contexto volátil, as vistas estám postas nos USA, que arrastam cada ano um aumento notável do défice comercial e continuam com índices de baixa produtividade. De falhar a economia norteamericana, afirmam os analistas, nom existe um outro motor que puider activar a economia global, como acontecera em 2008. Na altura foram a China e o resto de economias emergentes as que absorveram boa parte dos efeitos duríssimos da crise, cousa que hoje dificilmente iria acontecer. Portanto, e sem cairmos em absoluto em alarmismos, o panorama é delicado e enormemente aberto. Por palavras dumha publicaçom alemá: ‘pode acontecer qualquer cousa; na situaçom actual da desaceleraçom da produçom, do comércio mundial e dos mercados financeiros, apenas cumpre umha faísca para todo arder.’ Os problemas patenteados polo colapso de 2008 nom foram abordados e o primeiro deles, um volume colossal de dívida nom liquidada, continua a pairar no horizonte.

A crise segundo certos economistas do sistema
Além dos argumentos da economia alternativa, o marxismo ou o decrescentismo, convém achegar-se aliás às diagnoses dos pensadores autorizados polo sistema, porque em certa medida enunciam a gravidade do que está por chegar. Um deles é o conhecido, e tremendamente mediático, Santiago Niño Becerra, assessor no passado de várias empresas siderúrgicas, catedrático na Universitat Ramom Llull, e habitual em colóquios monocordes das tertúlias televisivas. No seu exitoso livro  El crash. Tercera fase, Niño vale-se dumha análise de médio prazo histórico para salientar a gravidade da situaçom. Depois dumha fase de choque, iniciada na década de 70 pola ruptura do pacto de capital e trabalho, e agudizada na crise das finanças do século XXI, entraríamos numha longa reestruturaçom cara um mundo novo, em que a precarizaçom da existência acadaria quotas inimagináveis há poucos anos. Numha entrevista recente, Niño declara que ‘o futuro vai ser pior, porque nom vai haver oposiçom, a classe média desaparecerá praticamente, o desemprego e a alta desigualdade virarám estruturais.’
Se descermos aos dados concretos, mesmo este economista, incapaz de se mover um milímetro dos paradigmas capitalistas, pom em causa os dados oficiais da recuperaçom: ‘até 2018 temos vivido na Europa graças às anfetaminas monetárias do BCE, que tem um quarto de bilhom de euros de dívida pública espanhola. Mas na realidade a poupança cai, o factor trabalho cada vez vale menos, a produtividade nom se sustém, os salários reais estám estancados ou à baixa, as pensons nom se sostenhem, há encerramentos empresariais cada dia.’
O economista pronostica umha sociedade nom muito afastada de nós -dentro de quatro décadas- onde as grandes corporaçons substituirám o Estado no papel assistencial, e onde umha reduzidíssima elite controlará os resortes do poder, apoiada por umha classe média minguada, e em qualquer caso exploradora de massas de trabalhadores precários e discontínuos; o futuro antecipa-se já em certas cenas distópicas: ‘nos USA já há pessoas que tenhem seis empregos. Há seis milhons de pessoas do sexo feminino que cada dia tomam ibuprofeno simplesmente para aturarem o esforço físico da sua vida laboral. A vida laboral para a maioria das pessoas vam ser pequenas porçons de vários empregos sem continuidade.’
Na análise de Niño, como na de todos os economistas neoliberais, é tremendamente determinista, e priva às luitas sociais de qualquer papel determinante para reverter a situaçom.
E na Galiza?
Na nossa terra, os apologistas do poder, ou no melhor caso, os seus críticos suaves, tenhem o monopólio da presença mediática. Os referentes do pensamento dominante em matéria económica agrupam-se em entidades como o chamado Foro Económico de Galiza. Os seus representantes, Fernando González Laxe e Santiago Lago Peñas, manifestavam aos meios empresariais que cumpria ‘nom cair em alarmismos’, com o que se situam em posiçons ainda mais mornas que os seus equivalentes em Espanha. Ainda que reconheciam que a economia galega ‘se enfreava’, descartavam qualquer possibilidade de recessom. Apoiavam as suas teses na continuidade do crescimento do PIB superior ao 2%, na fortaleza exportadora dos sectores têxtil e automobilístico, e no facto de o paro situar-se no 13% (longe do 20% dos anos mais duros da crise).


Tais análises tinham lugar na apresentaçom dum balanço da economia galega onze anos depois do final da crise. O que as cifras oficiais nem dam maquilhado é que o país saiu do processo com a sua populaçom activa dizimada, com a proporçom de mocidade reduzida pola emigraçom, e com índices de pobreza bem superiores ao 20% da cidadania. A dependência resulta ser, também neste caso, maior vulnerabilidade.