Os montes galegos estám a sofrer umha nova plaga de lumes ao registrarem-se sete grandes incêndios florestais no País, um deles afetando ao parque natural do Gerês. Segundo informaçom da própria Conselheria do Médio Rural, arderom desde o passado sábado mais de 750 hectares de monte repartido em sete incêndios. O mais violento é o que ainda afeta aos montes de Rianjo e Dodro e que já leva calcinados mais de 550 hectares (informaçom das 12,30 horas), ameaça núcleos de populaçom e obrigou a cortar estradas. Moi perto, outro incêndio queimava 50 hectares em paróquias de Lousame e Noia. Outros dous incêndios afetarom o Norte do País, um deles ao concelho lugués de Muras onde arderom mais de 75 hectares, e outro, nas Pontes de Garcia Rodriguez queimava 20 hectares. Enquanto na província de Ourense os incêndios acontecidos em Chandrexa da Queixa, Lobeira e Padrenda somavam outras 70 hectares de monte ardido. Vários destes incêndios tinham dous e três focos o que demonstra a sua intencionalidade.

Apesar de ainda estarmos no mês de março, nom é a primeira vaga de lumes do ano porquanto na primeira quinzena de janeiro já arderam mais de 500 hectares e a última semana do mês de fevereiro também se produzira umha segunda vaga com mais de dez incêndios florestais.

Condiçons climatológicas adversas
Analisando os dados publicados por Meteogalicia, este inverno, considerando os meses de dezembro a fevereiro, resultou especialmente seco, com umhas precipitaçons acumuladas estacionais de 323 litros/m2, enquanto no inverno passado a cifra alcançava os 523 litros/m2. As cifras do último inverno resultam um 27 % inferior ao habitual para esta estaçom do ano, pois na série de dados 1981-2010 o valor médio foi de 446 litros/m2. Enquanto às temperaturas, também foi um período especialmente cálido, cunha anomalia de +1,24 grados, chegando a superar-se no mês de fevereiro os 27 grados.

Estas más condiçons meteorológicas, que empiorarom durante o mês de março, chegando durante a jornada do domingo aos 29 grados em numerosas localidades do País, registrando-se deste jeito na Galiza as temperaturas máximas do Estado. Este facto obrigou à Junta a proibir as queimas agrícolas e florestais desde as 00,00 horas da segunda feira. O forte vento do Noroeste que se levantou durante a segunda feira mantem-se, o que favorece ainda mais a propagaçom dos lumes.

Os prognósticos estám a cumprir-se
A comunidade científica já vem anunciando da mudança climática desde há mais dumha década, mas os governantes fizerom ouvidos surdos durante muito tempo a esta advertência porque implicava ter que tomar medidas para enfrentar o problema. Estas medidas resultariam numha trava para o sagrado crescimento económico e por tanto, para os lucros do Capital.

Mas obviar um problema nom o soluciona e a península Ibérica é considerada polos cientistas umha zona especialmente sensível pola mudança climática, polo que a Galiza também está a ver afetada a sua climatologia, como demostram os valores registrados este inverno. Como já adiantava o estudo “Avaliaçom de evidências da mudança climática mediante indicadores de risco de incêndios” realizado por encarrega da Conselharia de Meio Ambiente no ano 2008, as vagas de calor já nom estarám reduzidas à época estival e ao contrario do que acontecia até agora, existe o risco real de sofrer lumes florestais em qualquer época do ano, de maior voracidade, e mais difíceis de controlar, nomeadamente nas comarcas do sudoeste do País e no val do Minho.

É necessário um cambio de rumo
Embora as condiçons climáticas adversas nom explicam inteiramente estas vagas de lumes, pois o mais provável é que sejam incêndios intencionados, é preciso tê-las em conta para enfrentar com sucesso o problema.

Se já estamos beirando os 30 grados e sofrendo grandes incêndios em inverno, de nom mudar urgentemente o rumo e se abandona o produtivismo florestal que alenta a Junta para tomar medidas urgentes e de calado que afetem à própria estrutura do rural –como o seu repovoamento, a recuperaçom da gadaria extensiva, a plantaçom de espécies autóctones ou a limpeza dos montes– auguram-nos lumes cada vez mais violentos que porám a prova a nossa capacidade de auto-organizaçom para fazer-lhes fronte.

Como se berrava nas mobilizaçons contra os lumes de outubro de 2017, “só o povo salva ao povo”.