Há 26 anos, após a queda da Uniom Soviética, os defensores do capitalismo estavam eufóricos. Falavam da morte do socialismo e do comunismo. O liberalismo triunfou e, assim, a história alcançara a sua expressom final na forma do capitalismo. Foi nesse momento que Yoshihiro Francis Fukuyama pronunciou a sua famosa (ou notória) previsom de que a história terminara. O que ele quijo dizer com isso foi o seguinte: agora que o socialismo (na forma da Uniom Soviética) fracassou, o único sistema socioeconômico possível é o capitalismo, ou como ele e outros preferiam descrevê-lo: “a economia de livre mercado”.


Os defensores do capitalismo previram que a vitória do liberalismo abriria a porta para um futuro garantido de paz e prosperidade. Os economistas falavam de um dividendo da paz. Agora que a Guerra Fria com a Uniom Soviética rematara, os governos capitalistas seriam capazes de gastar vastas somas de dinheiro para construir escolas, hospitais, moradias e todas as outras cousas que som pré-requisitos essenciais dumha vida civilizada. Os desertos floresceriam, a produçom elevaria-se e a raça humana – supostamente – viveria feliz para sempre. Amém!


26 anos podem parecer um longo tempo na vida dum homem ou de umha mulher. Mas, na escala da história, é apenas um momento fugaz. No entanto, nesse pequeno período da história humana, tudo mudou, e, como Hegel notavelmente previu, as cousas transformárom-se no seu contrário. Atualmente, nom sobra nengumha pedra dessas confiantes previsons daqueles dias.


Reconsideraçons
Infelizmente para Francis Fukuyama, a história nom é facilmente descartada e agora está-se vingando dele. Em 1992, embalado pela euforia geral da burguesia, que ficou exaltada com a queda da Uniom Soviética, esse teórico político estadunidense publicou um livro com um título interessante: O Fim da História e o Último Homem.
Nesse livro, ele escreve a seguinte declaraçom:
“O que podemos estar testemunhando… é o ponto final da evoluçom ideológica da humanidade e a universalizaçom da democracia liberal ocidental como a forma final de governo humano”.
Mas, num artigo publicado em New Statesman de 17 de outubro deste ano, ele canta umha cançom bastante diferente:
“O que eu dixem na época [1992] é que um dos problemas da moderna democracia é que ela proporciona paz e prosperidade, mas as pessoas querem mais do que isso… as democracias liberais sequer tentam definir o que é umha vida boa, deixa-se de lado os indivíduos, que se sentem alienados, sem objetivos, e é por essa razom que unir-se a esses grupos de identidade lhes dá algum senso de comunidade”.


Os seus críticos, dixo ele, “provavelmente nom lérom até o final do livro [O Fim da História], o capítulo O Último Homem, que na realidade se referia a algumhas das ameaças potenciais à democracia”.
Sendo um funcionário do governo durante os anos Reagan-Bush, Fukuyama, de início, era próximo ao movimento neoconservador. Isso provavelmente explica seu entusiasmo pela economia de mercado e pelo liberalismo. Mas a dura experiência levou-no a mudar de ideia, polo menos parcialmente.


Fukuyama apoiou a Guerra do Iraque, mas, em 2003, chegou à conclusom de que foi um erro que definiu a política estadunidense. Também se tornou crítico dos tais arranjos neoliberais, como a desregulaçom financeira, que foi em parte responsável pela desastrosa crise econômica de 2008. Também é crítico do euro, ou pelo menos de sua “criaçom inepta”:
“Todas essas políticas foram impulsionadas pela elite e se mostraram bastante desastrosas, há algumas razons para as pessoas ficarem incomodadas”.


Marx tinha razom!
Para ilustrar a dramática mudança nos sentimentos afetivos de Fukuyama, republicamos alguns extratos do artigo de New Statesman:
“O Fim da História foi umha reprimenda aos Marxistas que consideravam o comunismo como a etapa ideológica final da humanidade. Como, perguntei a Fukuyama, via ele o ressurgimento da esquerda socialista no Reino Unido e nos EUA? ‘Tudo depende do que você entende por socialismo. Na propriedade dos meios de produçom – exceto nas áreas em que se recomenda claramente, como nos serviços públicos – nom creio que funcione.
’Se você se refere aos programas redistributivos que tentam corrigir esse grande desequilíbrio que surgiu tanto na renda quanto na riqueza, entom sim, penso que nom só pode ressurgir, mas que deve ressurgir. Este prolongado período, que se iniciou com Reagan e Thatcher, em que se impuseram certas ideias sobre os benefícios dos mercados nom-regulados, tivo um efeito desastroso em muitos aspetos.


’No que se refere à igualdade social, isso levou ao enfraquecimento dos sindicatos trabalhistas, do poder de barganha dos trabalhadores comuns, à ascensom dumha classe oligárquica em quase todos os lugares, exercendo entom um poder político indevido. Em termos do papel das finanças, se aprendemos algo da crise financeira é que se necessita regular o setor como ao inferno porque eles farám com que todos os demais paguem. Toda essa ideologia integrou-se profundamente na zona do euro, a austeridade que a Alemanha impujo ao Sul da Europa foi desastrosa’.


Para minha surpresa, Fukuyama acrescentou: ‘Nessa conjuntura, parece-me que certas cousas ditas por Marx estám-se tornando verdadeiras. Ele falou sobre a crise de superproduçom… que os trabalhadores seriam empobrecidos e que a demanda seria insuficiente’” (Ênfase minha, AW).
Deixemos de lado o facto de que Fukuyama demonstra sua falta de compreensom da economia Marxista ao confundir a superproduçom com a ideia Keynesiana de subconsumo. Depois de tantos anos de lavagem cerebral na escola da economia de livre mercado, é demais pedir que ele entenda Marx.


No entanto, é significativo que um defensor tom proeminente do capitalismo e crítico do socialismo chegue agora à conclusom de que a análise Marxista da crise capitalista estava basicamente correta, que a busca desenfreada da economia de livre mercado levou ao empobrecimento massivo, por um lado, e à completa dominaçom do mundo por umha oligarquia capitalista irresponsável e obscena, por outro.
E ele está absolutamente correto ao dizer que, se isso nom for corrigido, essa oligarquia (tanto nos EUA quanto na Europa) “fará com que todos os demais paguem”. Na realidade, já está fazendo isso.


Fukuyama nom oferece nengumha soluçom
É claro que é umha enorme satisfaçom ver que mesmo esse perseverante defensor do capitalismo começou a entender a sua natureza reacionária. No entanto, Fukuyama comporta-se como um médico que, depois de fornecer umha lista muito abrangente dos sintomas de seu paciente, falha ao prescrever um remédio para a cura.


Fukuyama está ciente das terríveis privaçons causadas pelos estragos do capital financeiro e da anarquia do sistema de mercado. Ele chegou ao ponto de vista, compartilhado por um crescente número de pessoas, de que a economia deve ser controlada. Mas logo se detém e nom tira a conclusom necessária de que som os monopólios gigantescos e os bancos, que exercem umha ditadura brutal em todo o mundo, que devem ser tirados completamente das maos privadas.


Por um lado, ele pede um retorno ao socialismo. O problema é que ele nom tem ideia do que é o socialismo. Ele dixo que “a propriedade dos meios de produçom” (exceto nos serviços públicos) nom vai funcionar. Mas o próprio Fukuyama chegou à conclusom de que é a propriedade privada dos meios de produçom a que nom está funcionando, ou melhor, que está funcionando em detrimento do avanço econômico e social e causando miséria, pobreza e sofrimento para a grande maioria da humanidade.


Agora está claro, até mesmo para o mais cego dos cegos, que a economia capitalista nom planificada é umha receita pronta e acabada para o caos, a deslocaçom, o desperdício, a má gestom e a corrupçom em grande escala. Pior ainda, a ganância desenfreada por lucros, que é a única força motriz desse sistema, está destruindo o meio ambiente, envenenando o ar que respiramos, os alimentos que comemos, e os mares e as florestas que som a base de toda a vida no planeta.


Problemas sérios exigem soluçons sérias. O socialista espanhol, Largo Caballero, dixo umha vez que nom se pode curar o câncer com aspirinas. Fukuyama defende a nacionalizaçom dos serviços públicos porque “é claramente necessário”. Concordamos totalmente com ele. Mas por que nom é necessário para o caso dos bancos, por exemplo, que demonstrárom umha total incapacidade de administrar e controlar vastas somas de dinheiro das pessoas de forma respeitável?


A monstruosa especulaçom, a corrupçom e a incompetência dos bancos fôrom a causa imediata da crise financeira de 2008, cujos resultados continuamos sentindo. No final, esses fervorosos defensores da economia de livre mercado, que se oponhem a qualquer sugestom de intervençom estatal na economia, tivérom que ser resgatados com a injeçom de enormes quantidades de dinheiro público.


Em vez de irem para a prisom, o que mereciam, fôrom recompensados por sua incompetência com as somas de dinheiro roubadas do tesouro público. Essa é a razom por que temos colossais déficits públicos atualmente, os quais, segundo nos dim, devem ser pagos. O pobre subsidia o rico. Isso é Robin Hood ao contrário.


Ao mesmo tempo, somos informados de que nom há nengum dinheiro para pagar cousas desnecessárias como escolas, hospitais, cuidados com os anciáns, pensons, educaçom, estradas e saneamento – que se encontram todas em estado lastimável na Grã-Bretanha e nos países mais ricos do mundo.


Se há um setor da economia que necessita ser expropriado, som os grandes bancos. Por que Fukuyama deseja mantê-los em maos privadas? Se limitarmos a nacionalizaçom aos serviços públicos, os setores mais importantes da economia permanecerám como estám – nas maos daquela mesma oligarquia contra a qual Fukuyama se posiciona. Esse tipo de “socialismo” nom resolveria precisamente nada.


Claramente, o principal problema aqui é que Fukuyama confunde socialismo e propriedade estatal com o regime burocrático e totalitário que existiu na Uniom Soviética. Este com certeza fracassou e estava destinado a fracassar. Trotsky assinalou que a economia nacionalizada e planificada necessita de democracia da mesma forma que o corpo humano necessita de oxigênio.


Nom precisa haver nengumha contradiçom entre umha economia nacionalizada e planificada e a mais plena democracia. O socialismo real baseia-se na mais ativa participaçom dos trabalhadores, tanto na elaboraçom de um plano de produçom quanto na sua realizaçom. Com isto queremos dizer nom apenas o proletariado industrial, mas todos os grupos produtivos: cientistas, economistas, técnicos e gerentes incluídos.
Sem o controle e a gestom dos trabalhadores, a economia inevitavelmente vai ficar travada e se paralisará, exatamente como ocorreu na Uniom Soviética. A experiência venezuelana proporciona-nos um veredito ainda mais contundente sobre o controle burocrático das indústrias nacionalizadas.


A via chinesa?
Considerando o artigo publicado, parece que Fukuyama pensa que o único sistema plausível que pode rivalizar com a democracia liberal nom é o socialismo, mas o modelo de capitalismo de Estado da China.
“Os chineses estám argumentando abertamente que é superior porque podem garantir estabilidade e crescimento económico no longo prazo dumha forma que a democracia nom pode… se, em outros 30 anos, se tornarem maiores que os EUA, os chineses serám mais ricos e o país ainda estará unido, diria que tenhem um argumento realista”.
Mas ele advertiu que “o verdadeiro teste do regime” seria como ele sairia dumha crise econômica.


A confusom de Fukuyama fica muito evidente nessas linhas. Ele era um empírico impressionista há 26 anos quando tivo ilusons na economia de mercado porque ela parecia avançar continuamente. Permanece como um empírico impressionista atualmente, exceto que sua admiraçom pela China aumentou no mesmo grau em que a sua admiraçom pelo capitalismo ocidental (“liberalismo”) diminuiu.


É verdade que nas últimas décadas a economia chinesa avançou rapidamente. Mas, tendo entrado na economia capitalista mundial, herdou todas as contradiçons do capitalismo. A China agora está sofrendo de superproduçom, o que levou a umha queda na taxa de crescimento e ao aumento do desemprego.


A taxa oficial de crescimento da China neste ano é de 6,5%. Mas a China necessita polo menos umha taxa de crescimento de 8% ao ano apenas para absorver o crescimento da populaçom. Além disso, como Fukuyama sugere, a economia chinesa é vulnerável aos choques económicos originados na economia mundial mais ampla, onde encontra crescentes dificuldades para vender os seus excedentes e encontra-se numha guerra comercial aberta com os EUA.


Também é irónico que um homem que afirma defender a democracia liberal deva olhar para a China como um exemplo, visto que o regime chinês nom é bem conhecido polo seu respeito aos direitos humanos e à democracia. De facto, a China combina algumas das piores características do totalitarismo estalinista com os aspeitos mais negativos do capitalismo. Ao longo dessa estrada, nom há nengumha esperança para os trabalhadores da China ou de qualquer outro país.


Capitalismo significa guerra
O mundo nunca estivo em situaçom tam instável. De facto, enquanto existia a URSS, havia umha relativa estabilidade, que refletia o equilíbrio relativo de poder entre a Rússia e os EUA. Mas a Velha Ordem Mundial foi rachada e nom há nada para ocupar o seu lugar.


Certamente percorremos um longo caminho desde aquelas róseas previsons dum mundo de paz e prosperidade depois da queda do Muro de Berlim. O mundo real hoje nom guarda absolutamente nengumha relaçom com essa perspectiva. Polo contrário, houvo guerras após guerras. Além dos terríveis conflitos que estám destruindo países como o Iraque, a Síria e o Iêmen, houvo umha série de guerras monstruosas na África.
A terrível guerra civil no Congo provocou o massacre de polo menos 5 milhons de homens, mulheres e crianças. Isso sequer chegou às primeiras páginas dos jornais. O presidente Trump rompeu o acordo com o Irám que impedia que esse país adquirisse armas nucleares. Agora ele anuncia sua decisom de romper o acordo assinado por Reagan e Gorbachev para restringir os programas nucleares dos EUA e da Rússia.
Fukuyama está preocupado com o potencial dumha guerra EUA-China:
“Penso que as pessoas seriam muito tolas se descartassem isso, posso pensar em muitos cenários pelos quais tal guerra poderia começar. Nom creio em um ataque deliberado de um país contra o outro – como a invasom da Polônia pela Alemanha em 1939 – é mais provável que surja um conflito local sobre Taiwan, sobre a Coreia do Norte, possivelmente um confronto no Mar do Sul da China que se intensifique”.


Certamente, as contradiçons entre os EUA e a China som muito sérias. Elas encontrárom a sua expressom na guerra comercial declarada unilateralmente por Donald Trump, que pode facilmente transformar-se em algo muito mais sério e que pode ameaçar derrubar toda a economia mundial. De forma similar, o avanço do poder chinês na Ásia, em particular a sua tentativa de dominar os mares daquela regiom, é visto como umha ameaça pelos EUA.


Isso nom significa, como acreditam algumas pessoas, que umha terceira guerra mundial é iminente. Sob as condiçons atuais, umha guerra mundial teria um impacto devastador sobre todos os países. E os capitalistas nom fam guerra por diversom, mas para a conquista de mercados, lucros e esferas de influência. Portanto, embora o Senhor Trump lance lume e enxofre em todos os seus discursos, umha conflagraçom geral está descartada.


No entanto, teremos pequenas guerras o tempo todo – “pequenas” no sentido das guerras no Iraque e na Síria, o que, no mundo atual, já é umha perspectiva suficientemente horrorosa. Mas as guerras som meramente um reflexo das contradiçons intoleráveis entre países que, com base no capitalismo, devem luitar entre si por mercados como cans famintos luitando por um pedaço de carne. Capitalismo significa guerra, e para evitar a guerra é necessário remover a sua causa fundamental.


A roda da história
Quando os exércitos triunfantes de Hitler entrárom em Paris em 1940, um diálogo interessante ocorreu entre um oficial do exército alemám e um oficial do exército francês. O alemám, inflado com a arrogância dum conquistador, vangloriou-se de que, finalmente, sua naçom tomara vingança de sua humilhante derrota na I Guerra Mundial. O oficial francês voltou-se para ele e dixo: “sim, a roda da história virou. E virará mais umha vez”. Poucos anos depois a sua previsom revelou-se correta.
Desde a queda da Uniom Soviética, a roda da história deu mais umha volta completa. Apesar das previsons dos estrategistas do capital, a história voltou para se vingar. De repente, o mundo parece estar afetado por fenómenos estranhos e sem precedentes, que desafiam todas as tentativas dos especialistas políticos para explicá-los.


As pessoas da Gram-Bretanha votárom num referendo para deixar a Uniom Europeia – um resultado que ninguém esperava, e que causou ondas de choque em escala internacional. Mas isso nom foi nada quando comparado ao tsunami provocado polo resultado das eleiçons presidenciais estadunidenses: outro resultado que ninguém esperava, incluindo o próprio homem que as ganhou.


A eleiçom de Donald Trump foi outro terremoto. Esses acontecimentos som a confirmaçom dramática da instabilidade que afetou o mundo inteiro. Da noite para o dia, as velhas convicçons desaparecérom. Há umha fermentaçom geral na sociedade e umha sensaçom de incerteza generalizada enche a classe dominante e seus ideólogos com profundos pressentimentos.


Os comentaristas políticos falam com desdém do surgimento de algo que eles chamam de “populismo”: umha palavra tam elástica quanto sem significado. O uso de terminologia tam amorfa significa apenas que os que a usam nom têm a menor ideia do que estám falando.


Em termos etimológicos estritos, populismo significa meramente umha traduçom latina da palavra grega “demagogia”. O termo é aplicado com a mesma disposiçom com que um mal pintor coloca umha camada grossa de tinta na parede para encobrir seus erros. É usado para descrever umha variedade tam ampla de fenómenos políticos que se torna totalmente desprovido de qualquer conteúdo real.


A fermentaçom política e social que está sacudindo o mundo inteiro até seus alicerces é apenas um sintoma dumha crise muito mais profunda: nom a crise do neoliberalismo, que é somente umha forma particular de capitalismo, mas umha crise terminal do próprio sistema capitalista.
A crise está destinada a durar por algum tempo mais. Com base no capitalismo, nom há nengumha soluçom para ela. Os governos subirám e cairám e o pêndulo girará da esquerda para a direita, e da direita para a esquerda, refletindo a crescente busca desesperada das massas para encontrar umha saída da crise.


O chamado “populismo” é meramente um reflexo desse facto. As massas aprendem com a experiência e nom tenhem outra forma de aprender. A experiência será umha escola muito dura e as liçons serám amargamente aprendidas. Mas, no final, elas serám aprendidas.


Uma cousa está muito clara. A burguesia nom tem a menor ideia de como sair dessa crise. Os seus representantes políticos e económicos exibem todas as características de confusom e desorientaçom próprias dumha classe que sobreviveu à sua utilidade histórica, umha classe que nom tem futuro e que está vagamente ciente desse facto.


Os apologistas do liberalismo capitalista queixam-se amargamente da ascensom de políticos como Donald Trump, que representa a antítese do que é conhecido como “valores liberais”. Para essas pessoas, isso parece um pesadelo. Esperam despertar e descobrir que tudo foi um sonho, que amanhá será um dia melhor. Mas, para o liberalismo burguês nom haverá nem um despertar, nem um amanhá.


As declaraçons de Francis Fukuyama, a partir desse ponto de vista, tenhem considerável importância sintomática. Esse antigo liberal perdeu toda a fé no futuro do capitalismo, mas nom pode ver qualquer alternativa viável a ele. Como todos os estrategistas do capitalismo, ele vê o futuro “através dumha lente embaçada”. O seu desespero teórico é a expressom do desespero do próprio sistema.


O futuro pertence, nom à burguesia enfraquecida e falida, que nom pode ver além da ponta do próprio nariz, mas à única força realmente progressista da sociedade, essa força que produz sozinha toda a riqueza da sociedade: a classe trabalhadora. Através de sua própria experiência, essa classe chegará a entender que o único caminho à frente é tomar o caminho do genuíno socialismo e do poder dos trabalhadores.