A Operaçom Carioca, iniciada no ano 1998 em Lugo, foi o maior operativo
no Estado Espanhol contra a trata de pessoas com fins de exploraçom
sexual. Até 89 pessoas fôrom imputadas, membros da Guardia Civil, entre
eles pessoal de “Extrangería”, funcionários públicos, políticos,
empresários, donos de clubes de prostituiçom da cidade e arredores…
Em setembro de 2018 um logótipo dumha mulher a piques de ser esmagada
polo maço da justiça ateigava as paredes de Lugo. Esta é a ícone da
Plataforma Cidadá “Impunidade Carioca” da que Carmen González é integrante.

Com que objeto nasce a Plataforma Cidadá Impunidade Carioca?

O principal objetivo é alertar ante o perigo de que umha parte importante dos delitos emarcados no Caso Carioca fiquem impunes ante as decisons das autoridades judiciais que estám a deixar às vítimas desamparadas. A nossa finalidade é também rematar com o silencio e tolerância social com respeito à impune atuaçom quotidiana das máfias, que imperam na nossa cidade e arredores, e dar a conhecer a importância e magnitude deste caso com mais de 400 mulheres identificadas como vítimas de trata e umha rede de crime organizado que supera os 85 imputados. Também queremos sensibilizar a cidadania de Lugo com respeito às continuas torturas e abusos aos que som submetidas cada dia as vítimas de trata nos abundantes clubes que povoam o nosso município e outros municípios próximos.

Em que ponto se encontra na atualidade a Operaçom Carioca?

A instruçom está finalizada e em teoria deveriam estar a piques de começar os juízos do quase meio centenar de peças em que se obrigou a dividir esta causa desde a Fiscalia, aumentando assim a demora da sua instruçom e sobre todo diluindo o facto de que estamos ante umha enorme trama de crime organizado, algo que é mais difícil de ver se se separa em partes coma se estivessem desconectadas entre si os delitos. Essa foi umha decisom mui prejudicial, igual que os dous últimos escritos da Fiscalia.

O primeiro, a petiçom de sobressimento e arquivo dumha das peças da instruçom, a relacionada co bordel conhecido como Club Liverpool, pola que estavam imputados o dono do local e quatro guardas civis por sete presuntos delitos de abusos sexuais, prostituiçom coativa, tráfico de influências, revelaçom de segredos, omissom do dever de perseguir delitos e suborno impropio. No seu escrito, as fiscais assinantes chegárom a fazer afirmaçons tam lamentáveis como que o feito de que os agentes da Guardia Civil e polícia gozassem habitualmente tanto de copas como de sexo grátis com as mulheres desde prostíbulo eram simples “agasalhos de cortesia” que nom se podem considerar delitivos, ainda que estas autoridades figérom clara omissom do seu dever de perseguir os crimes que alí tinham lugar e que aliás faziam parte da unidade conhecida como EMUME (Equipa Mulher-Menor) encarregada justamente da trata com fins de exploraçom sexual. Recentemente, as integrantes da Plataforma Contra a Impunidade da Carioca representárom umha performance na Praça Maior de Lugo para dar a conhecer esta negligência da Fiscalia de Lugo.

No segundo, num proceder similar coa peça do Club Liverpool do Corgo, as mesmas fiscais desistírom de acusar umha vintena de investigados na peça principal da operaçom Carioca, a correspondente ao club Queens de Lugo; polo que os delitos cometidos por todos eles, entre os que se encontra um polícia local que colaborava co proxeneta José Manuel García Adán como gerente do clube, correm sério perigo de rematar também arquivados sem ser julgados. Deste jeito a maior operaçom contra a trata de todo o Estado poderia chegar a juízo reduzida à mínima expressom e sem a presença da maioria dos agentes dos corpos de seguridade implicados.

Considerades que a sociedade luguesa está conscienciada da magnitude da Operaçom Carioca e da gravidade dos factos?


Agora está mais conscienciada do que há uns meses, quando começamos a nossa atividade em Setembro. Advertimos muito desconhecimento, em parte devido a que o seguimento por parte da prensa local deste caso deixou muito que desejar quanto a rigor e imparcialidade, e também devido a que já leva umha década aberto e há muita gente agora adulta que era cativa quando saltou a Operaçom Carioca. Por isso o nosso trabalho está muito focado à sensibilizaçom para conscienciar a sociedade lucense da necessidade  de proteger e reparar o sofrimento das vítimas afetadas por esta trama de proxenetismo e trata de mulheres com base no nosso município

Depois de 11 anos de investigaçom, com umha pessoa encarcerada nom por proxenetismo senom por maltrato à sua ex-companheira, partes da operaçom arquivadas, desapariçom de provas… qual achades que é a mensagem que se lhe está a enviar à cidadania?


Som duas mensagens principalmente. A primeira, a total impunidade de certos pro-homens, deixa claro que a justiça nom se lhes aplica aos homens com poder avondo para a esquivar. A segunda, e mais lamentável se calhar, é que há vítimas de segunda, que as mulheres imigrantes e pobres nom lhe importam ao sistema e nom paga a pena destinar esforço e recursos a reparar o dano que sofrérom.  

Mais de 400 mulheres fôrom identificadas como vítimas de trata de
pessoas com fins de exploraçom sexual, qual é a situaçom atual destas
mulheres?


A sua situaçom é de total indefensom. Toda o acompanhamento judicial e ajuda recebida polas vítimas foi sempre a través de ONGs como Aliad-Ultreia, sem que houvesse em nengum momento recursos públicos dedicados a elas e sem que da Fiscalia de Lugo se interessassem por elas em nengum momento ou se oferecessem a colaborar em algo. Isto é surprendente tendo em conta o perigo que correm muitas delas, que som testemunhas protegidas. Umha delas foi encontrada em várias ocasions polo proxeneta contra o que tem que declarar, que se achegou a diferentes lugares nos que ela trabalhava para assustá-la. Acabam de condenar esse proxeneta a umha multa que apenas supera os dous mil euros, enquanto essa mulher segue completamente desprotegida.  

Nas últimas semanas estades a levar adiante umha recolhida de
sinaturas na vossa cidade, qual é o fim desta campanha e qual está a ser
a resposta que estades a receber por parte da cidadania?
O 19 de dezembro a Plataforma inaugurou com umha concentraçom na escaleira da Praça Maior a campanha de recollhida de sinaturas para reclamar tanto à Xunta de Galicia como ao Concelho de Lugo que se apresentem como acusaçom popular nas peças mais relevantes referentes a esta enorme trama de trata com fins de exploraçom sexual, para evitar que fiquem impunes tanto os proxenetas como os cúmplices necessários com os que contavam entre as autoridades públicas e o empresariado lucense. Sob o lema “Se a Fiscalia nom fai nada, faremo-lo nós” a Plataforma seguirá informando sobre o que cuida um alarmante deleixo de funçons do Ministerio Fiscal no seu labor de proteger as mulheres vítimas e umha reiterada atuaçom nos seus últimos escritos de defensa dos principais imputados, tarefa que nom lhe corresponde a esta instituçom. Cada vez que saímos à rua estamos a conseguir um importante número de sinaturas, a primeira tarde só em duas horas conseguimos perto de 700, polo que estamos satisfeitas com o fruto que está a dar todo este esforço.

Que outras atividades ou açons estades a levar adiante?


A Plataforma já puxo em andamento umha série de atividades informativas e reivindicativas, que começárom com a estreia do documentário sobre o Caso Carioca intitulado “Bem-vindas ao Clube”, em que tomárom parte várias das suas integrantes, realizado pola artista lucense Carme Granxeiro; e coa distribuiçom entre a cidadania dum díptico resumo da principal informaçom sobre este caso. Este documentário tivo umha grande acolhida por parte da cidadania, enchendo os auditórios em todas as suas projeçons na cidade e mesmo ficárom centos de pessoas sem poder entrar por superar o aforo. Também estamos a realizar performances de protesto na rua, a última a princípios de janeiro, para denunciar o escrito no que a Fiscalia exculpava o proxeneta do Clube Liverpool e os quatro guardas civis que eram clientes VIP deste local.