Como sem ambiguidades manifestárom os três partidos da extrema direita no passado domingo, convocados em Madrid contra a soluçom negociada na Catalunha, ‘a unidade de Espanha nom se negocia’. Sintetizavam assim a posiçom histórica do aparelho de Estado sobre os conflitos nacionais galego, basco e catalám, que Espanha leva tentando neutralizar -infrutuosamente- mais de cem anos. Oligarquia económica, judicatura, casta política, forças militares e policiais, e umha parte nom desprezível da populaçom unem-se nesta visom das cousas : a mesma que justifica que hoje nove políticos e políticas cataláns se sentem na bancada do Tribunal Supremo.

Para além da controvérsia política consubstancial a umha operaçom de Estado de tal envergadura, o juízo começou com polémica de seu, ao nom se permitir às e aos familiares assistir à primeira sessom da vista oral por ‘falta de aforo’. As pequenas -mas nom intranscendentes- vulneraçons de direitos ao longo destes processos som notas dominantes no Reino de Espanha, como também conhece o independentismo galego. As conduçons dos prisioneiros em condiçons de grande incomodidade, as estadias inacabáveis nos calabouços nos dias das sessons, ou mesmo a ‘exibiçom’ dos militantes presos por trás da vidraça dum ‘aquário’ na Audiência Nacional fôrom experimentadas polo movimento galego. Agora é o turno de parte da casta política catalá que, apesar do seu estatus especial, e do enorme apoio popular que concita, padece duramente vexames e restriçons. Os doze políticos enfrentam agora petiçons fiscais entre 25 e 7 anos de prisom por ‘rebeliom, sediçom ou malversaçom.’

Um ambiente caldeado e enrarecido

Na linha convencional que a extrema direita escolhe para fixar os limites da toleráncia estatal -e como já fixera há umha década com motivo das negociaçons entre ETA e o governo do PSOE-, a agitaçom mediática e de rua serve para estabelecer a posiçom de máximos do bloco dominante espanhol. Ainda que dentro das elites do Estado existe umha certa divisom sobre como afrontar o reto catalám (entre partidários dumha soluçom dialogada com o soberanismo mais pactista, e partidários da judicializaçom total), parece ter-se imposto a via mais involucionista. O recuar do PSOE nas suas tímidas iniciativas no diálogo, precisamente poucos dias depois de o partido ter-se alinhado com o golpismo venezuelano, patenteia a nula entidade da direita liberal espanhola nas grandes questons de Estado. É a extrema direita, perfeitamente alinhada com os poderes fácticos, a que marca a agenda e estabelece os limites de todo debate.

Assim as cousas, o Estado espanhol reedita hoje a sua tradiçom mais intolerante no tratamento da dissidência catalá : semelhante à que levou na década de 30 ao encarceramento da dirigência da Generalitat, chefiada por Lluis Companys, e que o franquismo culminou com violência extrema.

Perspectivas independentistas e solidariedade internacional

Como é sabido, um independentismo de tal amplitude social como o catalám apresenta diferências substanciais na hora de afrontar o desafio colocado polo Reino de Espanha. Sectores importantes do movimento, sobretodo nucleados por volta de ERC, manifestárom as suas hesitaçons no respeitante ao avanço cara a construçom, unilateral e ilegal (face a legislaçom espanhola) da República ; da mesma maneira, a direita soberanista, historicamente volcada para o pactismo com Espanha, ainda nom se atreveu a dar um pulso com o Estado com todas as consequências.

O peso dos possíveis avanços substanciais recai entom no movimento popular artelhado nos CDR, herdeiro da esquerda independentista que, nas décadas de 80 e 90, mantivera em solitário e com grandes custos repressivos a bandeira da soberania plena. Face o independentismo mais institucional, que focou todos os esforços no dia de hoje na mobilizaçom das suas bases em Espanha, os CDR continuam a afundar na sua aposta : envolvimento das massas, acçom directa, e curte das principais artérias de comunicaçom do Principado. Nesta mesma manhá, várias autovias e autoestradas catalás amanheciam curtadas por pneus ardendo.

Ainda, há um outro elemento a levar em conta no desenvolvimento dos planos repressivos do Estado : a solidariedade internacional. Comprovada a inibiçom total do chamado ‘mundo democrático’ no que diz respeito aos direitos cataláns, resta por ver a amplitude dos apoios no mundo conseguidos pola ANC. A Assembleia tem activado umha campanha internacional polo juízo ao processo. Desde o passado sábado até hoje, quase 30 manifestaçons solidárias vam celebrar-se em cidades europeias e americanas.

Liçons para a Galiza

Apesar da distáncia entre a Catalunha e a Galiza quanto a classes sociais envolvidas no soberanismo, apoio social à causa e consciência nacional, existe um importante paralelismo entre ambas as naçons : a atitude e armaçom jurídica do Estado que as espezinha, perfeitamente blindados para evitar o mínimo questionamento da ‘unidade territorial’. Ainda que o discurso democrático cándido vinha defendendo historicamente que ‘sem violência todo era negociável’, o búnker do Estado demonstrou, desde que o processo catalám começou, que está pronto para generalizar o abuso e a violência contra todo reto soberanista, por pacífico e escrupuloso com os procedimentos democráticos que este for.

Enquanto o nacionalismo institucional cifra o avanço para a soberania galega numha utópica ‘reforma constitucional’ reconhecida pola direita liberal e a extrema direita espanholas, apenas o independentismo galego aposta sem ambages numha estratégia mobilizadora que, de maneira unilateral e sem temor às consequências, encaminhe a Galiza por um caminho de seu e nom condicionado polo marco jurídico-político. Como a organizaçom Causa Galiza reconhecia nos passados dias, ‘temos povo e temos demonstrada capacidade de resistência, auto-organizaçom e luita popular. Falta projeto político, estratégia definida, inteligência tática e determinaçom coletiva para assumir a perspetiva ruturista e abeirar as ilusons suicidas na “melhora” do quadro autonómico.’