A aposta polo ensino em galego, comunitário e construído desde a base, prende passo a passo nos principais núcleos urbanos do país. Falamos com Sabela Corral, da Semente Ponte Vedra, para que nos explique como vai o projeto de criar umha escola de ensino galego na cidade do Leres, um dos concelhos do país onde o idioma tem praticamente desaparecido das capas mais novas da populaçom.

Por que consideras que Ponte Vedra precisa umha escola Semente? Como valorizas a situaçom da língua galega na cidade?

Cremos que toda a gente que vive numha cidade sabe que, por muito que queira a família, a escola acaba por fazer dumha galega-falante umha pessoa castelhano-falante, além de inculcar outros valores igual de maus, já que muito professorado e estudantado segue a reproduzir os mesmos valores que se consideram «normais» na sociedade. Conheço um caso onde o rapaz falava melhor galego antes de ir à escola que depois, outro onde un rapaz dizia à sua mãe que queria vestir de azul porque era um neno… e poderia continuar assim com muitos mais exemplos. Ainda que vam contra o currículum oficial, na escola afiançam-se e aprendem-se valores só próprios dumha sociedade enferma.

Respondendo à segunda pergunta, voltamos ter um pouco do mesmo. Ponte Vedra é umha cidade onde há um fascismo bastante arraigado através de famílias de classe alta e famílias de classe baixa que copiam atitudes deste fascismo para ver se se lhes pega algum bilhete ou cai algum posto de trabalho ou algum favoritismo em contrataçom pública…, além dumha base militar que permite a existência de grupos de neonazis ou de fascistas organizados —de facto, no IES Valle Inclán faz um par de anos constituíra-se umha seçom dum coletivo estudantil fascista—. Em resumo, dá como consequência um ambiente de ódio ao galego (pintadas fascistas sobre murais de Rosalia, de Castelao…). Este ódio chega às agressons físicas e verbais, mesmo em locais como o Karma que organizam o Galegote Rock, mas nos que é um habitual a pessoa que vai de moderna/«pija» com atitudes e pensamentos mui fascistas. Desde o lado positivo, há lugares na cidade onde estás a salvo (e digo a salvo literalmente), e semelha que há gente interessada em organizar-se e defender a cultura galega. A esta gente nós pretendemos aportar-lhe o que possamos com este projeto.

Quando e como começou o projeto da Semente Ponte Vedra?

A meados de 2018, gente que temos contactos com outras Sementes e que moramos na cidade fizemos umha convocatória aberta para ver as forças e os apoios que tínhamos. Este interesse vem sobretudo porque somos mães e pais preocupadas por como vai ser o ensino a umhas idades tam temperãs, onde se está a gestar a personalidade das nossas rapazas.

Quantas famílias fazem parte agora mesmo do projeto?

Agora mesmo estamos no processo de que estas assembleias abertas se reflitam em sócias e comissons. Estamos num processo de ver quem se adere e quem se desmarca, mas, polo de agora, falamos dumha dezena de pessoas interessadas em trabalhar.

Que prazos vos marcais para a abertura?

Ainda é mui cedo para falar de prazos, acabamos de dar forma à Assembleia Geral e numhas semanas começam a trabalhar as comissons. A tarefa mais importante é a procura dum local; enquanto isto nom esteja encaminhado, nom nos marcaremos prazos. Estamos marcando-nos prazos para que as comissons façam certo trabalho e este marcará os prazos e a agenda.