Houvo um tempo em que se começou a utilizar frequentemente, por determinada parte da classe política do Estado espanhol, a frase na moda (cantinela chorona e persecutória). ‘os amigos de ETA’. Referiam-se assim à esquerda abertzale e todo o que for de interesse relacionar com a organizaçom armada e o tecido político-social patriótico basco. Seguindo a lógica, ETA tinha muitíssimos amigos que davam votos, mercavam diários, e faziam de amigos de ETA por toda a parte em Euskal Herria1. Mas se o PSOE (o mesmo que o de Pedro Sánchez) utilizou a guerra suja contra ETA e o MLNV, o PP (o mesmo que o de Casado) ilegalizou com as leis neofranquistas todo o que podia daquele tecido patriótico basco, recorrendo à Lei de Partidos e a um processo político-judicial de cabeceira (macro-sumário 18/98)

Trabalho levaram, a esquerda abertzale foi o ‘monstro das mil caras e um só coraçom’ ; e sonharam com ele, e nom de bom grau. A este Estado e aos juízes, ministros, políticos, mass media, corpos repressivos, só lhes restava ilegalizar um determinado tanto por cento da populaçom basca.

Hoje, no campo alegadamente democrático, poderia-se fazer a mesma ‘jogada’, mas ponhendo o PSOE e Pedro Sánchez como o ‘amigo’ que a esquerda abertzale nom podia ter ; ainda mais, a jogada de 2019 na Galiza (e em todo o Estado), seria democrática e popular, nom como a outra que citamos.

Que é o PSOE, se nom um partido nacionalista espanhol da oligarquia (como o PP), a apontalar com força o regime neofranquista ? Ou é outra cousa ? O PSOE, mais umha vez, demonstrou o que é ao pegar no leme do governo. Com as leis neofranquistas o PP encarcerou às políticas e políticos cataláns, atacou o seu processo, e condenou-nos ao exílio. Que ia fazer o outro peso da balança do regime no respeitante à Catalunha ? Segundo o PSC, ‘existem as naçons com o seu passado e presente’. E que mais se fijo ? Um recebimento correcto de imigrantes para se voltar à ‘política de estranjaria’. As mesmas políticas anteriores, as mesmas sentenças da judicatura neofranquista continuam vigorantes.

Na Galiza, outorgou-se-lhe umha confiança imerecida, e a CIG desconvocou umha greve geral, sem a mínima mudança até agora (com Alcoa e outros conflitos no horizonte). Já se tem falado algumha vez. Terá isto a ver com as eleiçons municipais e automicas, com umha frente única contra Feijoo e o PP (e possíveis aliados na Galiza), do mesmo modo que se fijo contra Rajoy ? Pois é, a conjuntura estatal e nacional dá para na Galiza se acentuarem mais anda as ánsias por essa frente única, do que antes foi ‘bipartito’, e dessa frente fam parte o BNG e também a Marea. Pois olhe você, o BNG é amigo do PsdG/PSOE (partido nacionalista espanhol do regime neofranquista, totalmente oposto às aspiraçons democráticas e de liberdade dos povos), e a central sindical CIG é muito amiga do BNG : aqui temos os amigos dos amigos. No processo sumaríssimo 00/00, a justiça democrática e popular sentencia que : os amigos dos amigos nom som os meus amigos.

O PSOE (um dos dous principais partidos do regime) é um partido antidemocrático e antigalego. Como tal, na Galiza sofrêrmos a sua repressom e havemos volver a sofrê-la quando for estritamente necessário para o Estado opressor.

Como antidemocrático (e nacionalista espanhol) fai parte da Sociedade Civil catalá. O BNG, amigo do anterior, acentuando a sua amizade, deixa clara mais umha vez a sua aposta pola aliança com o nacionalismo espanhol nas suas aspiraçons nacionais e democráticas.

O BNG nom tivo nunca as aspiraçons do nacionalismo e independentismo basco e catalám (nem tampouco as do independentismo galego).

A CIG, sempre da mao da frente nacionalista, abre caminho ao governo do partido espanhol amigo, desconvocando umha greve geral nacional numha conjuntura estatal de anti-nacionalismos periféricos.

A CIG nom tem interesse em greves nem mobilizaçons obreiras nem de trabalhadoras, quando levamos anos de políticas anti-obreiras e anti-galegas. A CIG fala em combate de classe, grátis.

Pois a sentença é esta : nom som os meus amigos. O que já nom sei é onde topo as minhas amigas e amigos, porque nom vejo disconformidade com tais amizades ; como se a CIG representasse o que diz ser a olhos do socialismo e comunismo independentista. Mas umha cousa será olhar para a CIG como a Central Sindical do País, e umha outra como a Centra nacional e de classe. Na verdade, o nível de crítica ao sindicalismo nacionalista sempre foi muito baixo, mas até agora nem mereceu umha crítica desconvocatória de greve sem nenhuma exigência real ao governo entrante.2 Pois é, a CIG e o BNG tenhem muitos amigos, eu nom. A mim nom me representam (em nada e para nada) os amigos e amigas do PSOE na Galiza.

.1A pretensa trama basca logo foi exportada ao modelo repressivo na Galiza.

2Alguns e algumhas, após o recebimento do lenço ‘A derradeira liçom do mestre’ por parte do PP e Feijoo, com o BNG presente, agora falam da pertinência de terem reventado o acto e ter mantido um comportamento equivalente ao da traída dos restos de Castelao à sua Pátria sem esta ser livre (é-o agora?). Passará o mesmo com a greve geral que nom se convocou e irromperá umha crítica contundente ?