Segundo dita a consigna do pensamento dominante, “o futebol nom tem nada a ver com a política” ; mas acumulam-se os feitos que demonstram o contrário. O mais recente, a assinatura dum acordo de promoçom entre a SD Compostela e a empresa Cobre San Rafael, responsável polo mega-projecto mineiro de Touro-O Pino, respostado massivamente nas ruas da Galiza ao longo deste 2018. Além dos lucros económicos derivados de toda aposta publicitária, a companhia pretende assim lavar a cara numha das comarcas onde está mais deslegitimada, desde que os riscos do projecto mineiro som conhecidos por umha parte importante da populaçom. O pretexto de apoiar o desporto de base serve a Cobre San Rafael para ganhar pontos da popularidade perdida.

De se consumar o acordo publicitário entre a empresa mineira e a principal equipa da capital da Galiza, estaríamos ante mais um dos muitos exemplos de aliança entre o futebol profissional do nosso país e grandes conglomerados empresariais dominantes na nossa economia : lembremos as avinças entre Ence e o Ponte Vedra CF, Fadesa e o Deportivo da Corunha, e Citroën e o Celta de Vigo. Neste caso, Cobre San Rafael anuncia o seu plano de colaboraçom como mostra de apoio ao “estandarte do futebol da comarca de Santiago e às diferentes organizaçons sociais com as que colabora dentro do seu plano de responsabilidade social corporativa.” Segundo o rascunho aprovado, a assinatura do convénio garantirá a fundaçom de campus de futebol em diferentes localidades e a criaçom dum centro de tecnificaçom.

Fende Testas : futebol e decência

Como contraponto ao discurso da mídia empresarial, a histórica claque Fende Testas fijo ouvir o seu desacordo. Os seareiros e seareiras compostelanas, activos desde a década de 90 no apoio ao Compostela e significados polo seu apoio às selecçons nacionais, desmentírom a alegada vontade altruísta de Cobre San Rafael. Para Fende Testas, o acordo “lixa a camisola do clube”, pois a empresa ‘apenas pretende utilizar-nos como objecto através do que lavar a sua imagem’. Embora a claque comprenda a necessidade económica que condiciona a política de promoçom da SD Compostela, nom querem esquecer que a empresa “deixa o Compos perto dum projecto rejeitado por amplas capas da sociedade galega, que atinge a nossa contorna e gera sentimentos contrários e oposiçons constantes.”

Na mesma linha argumental, Fende Testas pom em causa que o definitória dum clube sejam as suas finanças ou a sua directiva : “o mais importante dum clube é a sua massa social, porque enquanto os jogadores ou directivos liscam, nós permanecemos.”