«Nom há que empurrar a água do rio, simplesmente há que deixar que flua».

No entanto a nova socialdemocracia do nosso país reagia assustada parapetando-se na sua torre de marfil intelectual perante o avanço eleitoral da direita em Andaluzia —desde a conservadora tradicional que representa o PP, a direita espanholista moderna e liberal de Ciudadanos, até o novo engendro fascista sem complexos de Vox—, parte do estudantado da USC voltou a pisar forte o centro das políticas de transformaçom social, a rua.

Hoje, 4 de dezembro, o estudantado compostelano saiu às ruas da capital do país para deixar bem claro que os fascistas nom passarám.

A segunda-feira —dia depois das eleiçons andaluzas, nas que Vox antigiu perto de 400.000 votos—, as faculdades da USC echeram-se de cartazes coa legenda «Nom passarám. Contra o fascismo, atua e organiza-te», numha açom orquestrada em apenas 12 horas. Este chamamento à mobilizaçom derivou na convocatória dumha concentraçom antifascista sob o mesmo lema para o dia seguinte.

Assim, hoje, mais de 100 estudantes concentram-se na praça da Maçarelos. Após o sucesso da convocatória, decidiram sair em manifestaçom polas ruas da Zona Velha. Sob palavras de ordem como «Contra Espanha e contra o capital, luita obreira luita nacional» ou «Contra o fascismo nem um paso atrás», e chamando à auto-organizaçom popular, o protesto rematou na praça do Pam, onde se deu leitura a um comunicado que reproduzimos na parte final desta nova. Sem ambages e sem recursar o combate aberto, essa foi a tónica que imprimiu um discurso vibrante ao auditório hoje concentrado.

O estudantado como agente de mobilizaçom social

O movimento adoita ser muitas vezes mais do que os que dizem representá-lo. Neste senso, o marco do estudantado compostelano amossou-se históricamente como um importante revulsivo social do nosso país; destacando o Banquete de Conjo como fito chave na história do socialismo pátriotico galego, as mobilizaçons do ano 68 que decorrem em Santiago paralelas ao maio parísino, as vagas revolucionárias do 72 que culminaram com a criaçom de ERGA, as geraçons formadas na escola de EI nos campus compostelanos que continuam a nutrir parte do tecido social e político galego, as luitas contra a LOU ou as multitudinárias assembleias decorridas durante o processo de Assembleias de Base.

Contrariamente ao que pensa o reformismo, abrem-se tempos de oportunidades para as luitas de transformaçom social. Como é natural nos tempos de acelerons históricos, agudizaram-se as contradiçons e as tensons a diferentes níveis, devemo-lo saber. Debulham-se o porto do possibilismo e da assimilaçom, mas também há novos reptos para diversas façons dum movimento estudantil que volta a encontrar-se. E, polo de pronto, o estudantado compostelano conseguiu elevar o debate social existente desde o enquadramento unitário e de base, já é abondo.

Comunicado íntegro

Hoje, nós, estudantes da USC, alertamos do auge do fascismo, que levamos padecendo décadas. Nos últimos tempos, especialmente co processo independentista catalão, faz-se cada vez mais palpável o aumento da extrema direita.

A última mostra foram os quase 400.000 votos atingidos por Vox nas eleiçons andaluzas. Hoje, Dia Nacional de Andaluzia, queremos transmitir a nossa solidariedade internacionalista com este povo, coa sua classe operária e co seu estudantado. Aliás, sabemos, como dizia Primo de Rivera, que o fascismo surgiu para a defensa da (inexistente) naçom espanhola. Os diferentes povos que ainda compomos esse cárcere chamado «Espanha» devemos defender as nossas culturas, as nossas identidades, e lutar pola liberdade. Pois só numha Galiza ceive poderemos desterrar definitivamente o fascismo.

Fazemos um chamamento a todo o estudantado da USC, e ao povo trabalhador galego em geral, a erguermos, juntas, um muro contra o fascismo.

Somos conscientes de onde temos que combater o fascismo: na rua. E dizemo-lo alto a claro: faremo-lo, e empregaremos todos os meios que sejam precisos. Nom toleraremos a sua difusom nem a sua normalizaçom nas ruas da Galiza. As ruas serám sempre nossas! Tampouco permitiremos a sua presença na universidade. Assim, sinalamos e denunciamos aos professores fascistas da USC. Roberto Blanco Valdés, Celestino García Arias, Miguel Caínzos López…, estais no nosso ponto de mira!

Insistimos, o fascismo nom é é só Vox. Vivemos num Estado fascista, estamos oprimidas por uns poderes político, repressivo e judicial fascistas. Nom houve umha ruptura co franquismo, o poder está nas mãos dos mesmos: a burguesia, que nom duvidará em recorrer a um novo 17-J se o precisa para defender os seus interesses de classe. Catalunya é a prova.

Nestes dias nom podemos esquecer, tampouco, que a socialdemocracia é a pata esquerda do fascismo. O PSOE, que governa defendendo os interesses da oligarquia, é um pontal deste regime ilegítimo. É responsavel das medidas contra a classe operária, do aumento da repressom contra a dissidência… E, a raíz do tema catalão, também do branqueamento de grupos como Vox, apresentados como «constitucionalistas» e «defensores do Estado de direito».

Queremos referir-nos, também, às antifascistas que, desde 1936, perderam a sua vida ou passaram anos na cadeia por lutar consequentemente pola nossa liberdade. Porque, nom podemos esquecê-lo, no Estado espanhol há presas políticas desde o franquismo. Devemos ter presente que, após a chamada «Transiçom», o Estado espanhol seguiu sequestrando a centos de militantes independentistas, comunistas e anarquistas. Nós, hoje, exigimos a sua liberdade, lembrando-nos especialmente das galegas.

Nesta suposta «democracia» houve guerra suja, sequestros e torturas. Nós, mocidade dissidente, nom podemos fazer política com liberdade. Conhecemos bem os calabouços e as multas por sermos jovens rebeldes, por lutar por um ensino público, por defender a nossa língua, por reivindicar os nossos centros sociais…

Rematamos insistindo, mais umha vez, em que é indispensável que nos unamos na luta contra o fascismo e contra este Estado opressor, empregando todos os métodos de luta.

Galiza antifascista!
Nom passarám!