Por Jacobe Pintor /

Conversamos com Koldo Tellitu, presidente da Federaçom de Ikastolas (Ikastolen elkartea), organismo que coordena o trabalho em rede das escolas populares bascas de imersom linguística, acerca da transcendência das Ikastolas na sociedade basca, recentemente Koldo Tellitu tem participado nas jornadas de formaçom organizadas pola Semente Lugo, para relatar a longa experiência acumulada na formaçom e consolidaçom das Ikastolas em Euskal Herria.

As ikastolas nascem nos anos 60 de forma clandestina e enfrentando a represom selvagem do franquismo, mas na tua intervençom nas jornadas de formaçom organizadas pola Semente consideravas aqueles tempos mais propícios para constituir umha escola basca. Qual foi o contexto em que nascérom as primeiras Ikastolas se o compararmos com a atualidade?

Parece umha contradiçom, nom é? Com certeza o contexto em que nascem as Ikastolas é muito complicado, nascem na clandestinidade e enfrentadas à represom, mas por outra banda, eram tempos em que a consciência de comunidade e também de classe, tinha sido recuperada após anos de represom em todos os ámbitos, e a sociedade basca tinha interiorizado que estava em jogo a sua sobrevivência, que tinha que arriscar em todos os ámbitos incluído o educativo, se queria ter escola própria em que o euskara (nom umha escola bilingue) e a cultura bascas fossem elementos básicos. Umha escola que garantisse a transmissom da cultura basca às seguintes geraçons teria de surgir da iniciativa popular autogestionária. Aquela era umha sociedade mais comunitária, umha sociedade que priorizou a resposta coletiva; a construçom dumha escola nacional basca supunha um risco individual, as famílias vírom-se ameaçadas pola lei Villar Palasi que pretendia negar a validez oficial destes estudos. No contexto de hoje, onde possuímos certos espaços de autogoverno, como sociedade tendemos pensar, erroneamente baixo o meu ponto de vista, que a nossa língua, a nossa cultura e a nossa educaçom estám livres de ameaça. É por isto que acho, que se hoje existisse a ameaça dumha lei Villar Palasi como a que enfrentárom no seu dia as famílias bascas, se calhar nom nascesse um movimento popular autogestionário no ámbito educativo.

Em que contexto nascem comparado com o atual? Na verdade, e sempre o destacamos, nom houvo umha grande análise prévia, a necessidade prática foi o motor, aprender fazendo. Hoje mesmo existe um termo para definir esta atitude, Resiliência, resposta positiva em situaçons de risco, e a nossa era de alto risco. Num tempo em que nom existiam modelos escolares que respondessem à demanda dumha escola em que o elemento básico fosse o euskara e a cultura basca, um tempo em que nossa própria supervivência como sociedade estava ameaçada, a sociedade basca nom ficou a espera dumha mudança política, ninguém esperou “papa” administraçom, nom se exigírom responsabilidades públicas, simplesmente fijo-se. Aliás, fijo-se num contexto de total clandestinidade, com sérias dificuldades mesmo para o relacionamento e a comunicaçom, e onde o “boca a boca” resultou fundamental num movimento que nem tivo grandes líderes reconhecidos. Na atualidade vemos nascer e desenvolver-se interessantes iniciativas populares autogestionárias, mas enfrentam grandes complicaçons para tecer redes e estender as iniciativas a outros lugares a pesar de vivermos na era da comunicaçom. No entanto, o movimento das Ikastolas plantou a semente em toda Euskal Herria criando sólidas redes entre todas as Ikastolas desde o seu início.

Nom queria deixar passar a ocassom para mencionar outros elementos chave no surgir das Ikastolas como a titularidade partilhada e social, desde o início tivemos claro que todos os agentes tinham de participar na gestom de cada Ikastola e que esta tinha de ser completamente transparente e democrática. A solidariedade também tem sido de início um sinal de identidade do movimento das Ikastolas, o conjunto do movimento ajuda às Ikastolas em situaçons desfavorecidas, bem seja de forma económica, pedagógica… Também nom queríamos construir umha escola com as caraterísticas que citei para continuar com o ensino tradicional daquele tempo, é por isto, que as ikastolas sempre caminhárom de maos dadas com as correntes pedagógicas mais progressistas e inovadoras No âmbito pedagógico também introduzimos inovaçons no nosso país: educaçom centrada no alunado, educaçom infantil, mista, um curriculum próprio…

As ikastolas nascem, portanto, baixo o impulso popular e a autogestom organizativa, mas que peso tem na atualidade o modelo comunitário?

A autogestom organizativa é um dos nossos sinais de identidade, entendemos a educaçom como serviço público. A Ikastola tem um modelo de organizaçom muito achegado a cidadania o qual permite a autogestom e a participaçom dum modo mais natural: somo cooperativas. O órgao mais importante é a Assembleia onde participa o conjunto da comunidade educativa, que é quem decide sobre as questons mais importantes como o plam pedagógico, os pressupostos, ou os planos de futuro. A Assembleia escolhe umha junta de Governo que se responsabiliza para fazer efetivas as decisons adotadas na Assembleia de cada Ikastola. Fai um par de anos celebrou-se umha assembleia numha ikastola de Bizkaia para debater o seu modelo pedagógico, tivérom um debate muito intenso ao respeito, acudírom perto de 1000 pessoas e durou quase 8 horas (finalizou ás 3h45 da madrugada), e este é só um exemplo.

Outras consequências do nosso modelo autogestionário é a criaçom do nosso próprio material educativo através dumha editora, aliás temos um marco laboral próprio onde o compromisso de estabilidade é chave.

O impulso popular, se calhar, nom seja equiparável ao que existiu nos inícios, nos anos 60 e 70, mas continuam a ter um peso fundamental, sobre todo naquelas situaçons em que percebemos umha ameaça sobre o nosso modelo, na atualidade, por exemplo, as ikastolas de Iparralde atravessam umha situaçom muito tensa com o estado francês, as movilizaçons populares estám a ter umha concorrência maciça para denunciar esta situaçom, na manifestaçom que realizárom em Baiona acudírom perto de 6000 pessoas (hai 3500 alunas nas ikastolas de Iparralde). A organizaçom das nossas festas anuais, 5, umha por território, é mais um exemplo, nelas reforça-se o projeto e obtêm-se meios económicos para infra-estruturas, na organizaçom destas festas mobilizamos entre 1500 e 2000 voluntários por festa, e assistem até 35000 pessoas às mais pequenas chegando até às 130000 nas mais grandes.

Nom podemos esquecer que as Ikastolas nascem do povo e é por isto que, hoje em dia, cada Ikastola está integrada no seu entorno social, cultural e económico onde se atua e incide mediante acçons de reciprocidade que enriquecem a relaçom Ikastola/vila/bairro/cidade e fam que a Ikastola seja parte dessa vila/bairro/cidade e esta seja parte também da Ikastola. A Ikastola é um agente de referência em cada vila. As Ikastolas soubérom atrair e continuam a atrair para o seu projeto às vilas e cidades onde estám.

Na Galiza, a implantaçom das escolas de ensino galego Semente, fijo emergir um debate que enfrenta as iniciativas comunitárias e populares com os serviços públicos, para um sector da comunidade nacional, sobre todo no âmbito sindical, esta classe de iniciativas som entendidas dentro do ámbito do privado. Tu foste militante do sindicato LAB, ninguém melhor do que tu para expor o papel que tivo este na consolidaçom das Ikastolas. Deu-se em Euskal Herria o debate nestes termos?

Este debate continua muito vivo na atualidade, o Governo da Comunidade Autónoma Basca pretende aprovar nesta legislatura umha lei que regule o conjunto do sistema educativo basco (atualmente apenas existe umha lei para a escola pública basca) e a questom que levantou mais debate é o modelo público educativo. A escola Pública em geral e umha parte importante do sindicalismo apostam por um modelo público como o atual, inspirando no modelo escolar estatal, onde só é considerado como público aqueles centros educativos que gestionam diretamente o Governo, onde o pessoal tem a condiçom de funcionário, e onde nom existe rede ou vínculo algum entre escolas, quer dizer, o público vincula-se à titularidade.

Por outra banda, outros agentes educativos e alguns sindicatos, LAB incluído, consideramos que esse é um modelo Jacobino e centralizador que deixa poucas ou nulas possibilidades à autonomia dos centros e a participaçom da comunidade educativa nas decisons mais transcendentes do centro como o seu modelo pedagógico ou o seu plano de futuro. Nós temos desenvolvido nossa proposta e planejámos a existência dum Serviço Público de Educaçom Basca dumha visom público-popular. Neste Serviço integrariam-se todos os centros educativos com financiaçom pública, isto é, escolas pública, Ikastolas e centro concertados, podendo preservar cada um a sua identidade.

Ficaria em maos da Administraçom a planificaçom do serviço, a finaciaçom, o controlo e a evaluaçom, por outra banda a eficiência, a transparência e o controlo social constituiriam a base da gestom. Cada centro de titularidade social (Ikastola ou outro) devera manter a sua autonomia e identidade institucional e desenhar a sua organizaçom, serviço, gestom. As relaçons entre os centros e os poderes públicos estabeleceriam-se mediante acordos, cuidando o complemento das diferentes titularidades, a identidade de cada umha e suas singularidades.

Os centros de titularidade social que se integrem no Serviço Público de Eduaçom Basca terám de ser organizaçons de iniciativa social, titularidade social e partilhada entre todos os agentes, sem ánimo de lucro, gestionadas democraticamente, que impulsem a coesom social, a integraçom e a igualdade de oportunidades, justifiquem o emprego de dinheiro público, ideologicamente plurais, aconfessionais e que desenvolvam o euskal curriculuma.

De todos modos, a opiniom do sindicalismo basco no que diz o respeito, nunca foi monolítica, mas podemos afirmar que umha parte entende que, se bem as Ikastolas nom som de titularidade pública, também nom som empresas privadas como tais, entendeu o facto de nom termos ánimo de lucro, que nom existem “empresários” nas Ikastolas, que som espaços onde participa o conjunto da comunidade educativa na sua gestom, incluídas as trabalhadoras, e que existe um interesse comum para fazer avançar o projeto educativo. Parte deste sindicalismo tem sido um agente importante na consolidaçom e desenvolvimento do movimento das Ikastolas. Eu destacaria o acordo assinado em 18 de Maio de 1993, em pleno processo de publificaçom, com o sindicato LAB (maioritário no sector naquele momento) denominado “acordo para a estabilidade das trabalhadoras”, em virtude do qual, os excedentes de pessoal docente fixo das Ikastolas que se puderam gerar, seriam recolocados noutros centros do grupo.

Eu tenho a certeza que, na atualidade, a solidariedade e a seguridade “a cargo do Estado” é umha estratégia irrenunciável para a esquerda, mas também considero certo que nom pode ter no “público” só um prestador mudo e cego de serviços hipercentralizados e catalogados tecnicamente, sem participaçom ou autogestom dos sectores populares afetados por eles. Por que, a pesar dos tópicos, nem o público se pode confundir com o Estado, caindo na trampa dum novo jacobinismo, nem a sociedade civil é o mercado, como intencionadamente pretendem fazermo-nos acreditar no novo liberalismo. Sair da dialética fechada e enfrentada público/privado/privatizaçom é, dum lado, reconhecer os efeitos perversos e deslocamento de fins da burocratizaçom estatal, mas doutro, reconhecer as irracionalidades excludentes e a negaçom do social que supom o funcionamento único e privilegiado do mercado.

Na nossa opiniom o estado tem que estar disposto a colaborar com as iniciativas que nascem da sociedade civil, estimular outros modos de adopçom consensual de decisons e autonomia local e mesmo permitir a gestom de determinados serviços de organizaçons de iniciativa popular. Aliás, o seu objeto tem de ser o desenvolvimento dum trabalho em favor de fins essenciais da ordem social que beneficiam tanto à organizaçom como à sociedade no seu conjunto, sempre que sejam autorizadas e revisadas pola administraçom, mesmo que esta tenha a faculdade de programaçom e coordenaçom, isto é, tenham a obriga de atuar no marco dumha planificaçom geral da administraçom.

Nos anos 90 o governo basco tentou absorber as Ikastolas no modelo institucional, qual foi a reaçom do movimento das Ikastolas e que consequências se derivárom?

Efetivamente existiu esse intento, o entom Conselheiro de Educaçom do Governo Basco Fernando Buesa (q.e.p.d.) declarou ao finalizar esse processo que nom se falaria mais das Ikastolas, manifestando assim qual era o objetivo mesmo. Na análise do sucedido nom podemos esquecer o complicado contexto político que vivia Euskal Herria, eram os anos do “Acordo para a Normalizaçom e Pacificaçom de Euskadi (mais conhecido como o “Pacto de Ajuria Enea”). No âmbito educativo a normalizaçom passava por criar um sistema homologável ao resto do Estado Espanhol e derrogar aquelas normas que reconheciam às Ikastolas como centros públicos nom estatais e, finalmente, constituir umha rede educativa, a terceira, junto à pública e à privada O conselheiro Buesa recebeu do Estado Espanhol a ordem para rematar com o contencioso das Ikastolas. Existiam três caraterísticas próprias das Ikastolas que eram profundamente incompatíveis com o sistema educativo estabelecido no Estado Espanhol. O seu caráter euskaldun, a titularidade social do centro e a rede interna de inovaçom das Ikastolas. Quer dizer, o facto de propormo-nos ser umha organizaçom educativa popular e autogestionária basca era algo que o Estado Espanhol nom podia conceber.

O debate no movimento das Ikastolas e a própria sociedade basca foi muito intenso, converteu-se numha discussom visceral na sociedade basca e incidiu em todos os ámbitos: meios de comunicaçom, “chiqueteo”, família, “quadrilha”… e deixou em muitos lugares feridas abertas que tardárom décadas em cicatrizar. Umha parte muito importante do movimento das Ikastolas considerou que a verdadeira pretensom do Governo Basco nom era euskaldunizar a escola pública basca, muito polo contrário, “normalizar” o sistema educativo basco significava assimilá-lo ao vigente no Estado Espanhol, e para isto, era necessária a desapariçom dum movimento popular e autogestionário como o das Ikastolas, que tomavam as suas próprias decisons estratégicas no âmbito educativo e ambicionavam criar umha auténtica escola nacional basca.

O que se discutia, finalmente, era um modelo de sociedade. Através do modelo educativo de Ikastolas, o que se debatia era um modo de entender a escola e, polo tanto, a sociedade: trabalho cooperativo, solidariedade, autonomia com a Administraçom… Cooperar com a administraçom, sim, mas também poder trabalhar.

Fôrom momento muito complicados, a presom externa que se exerceu sobre as Ikastolas desde numerosos ámbitos, fundamentalmente o mediático e económico foi notável e com certeza, nesse contexto, nom poucas Ikastolas, com a sua situaçom agravada pola asfixia económica à qual fomos submetidas polo governo basco, decidírom integrar-se na rede pública, e no entanto seguiu-se falando das Ikastolas e muito.

Fôrom momentos em que a solidariedade, o facto de funcionar como grupo e em rede, permitiu convencer numerosas Ikastolas da importância da supervivência dum movimento como o das Ikastolas para construir um sistema educativo próprio em Euskal Herria com o euskara e o curriculum basco como eixes, da importância da existência de cada Ikastola como centros educativos de titularidade partilhada e autogestionados pola comunidade educativa.

Nas jornadas de formaçom da Semente chamou-me a atençom umhas declaraçons tuas nas que afirmavas que, por volta das Ikastolas, contruírom-se importante acordos para a sociedade abertzale, acho que no processo soberanista catalám, o modelo de escola constitui um sólido pilar, na Galiza também se ensaiam novas vias entorno da Semente. Achas que a escola é um espaço privilegiado para a vertebraçom social e a construçom dumha comunidade nacional?

Sem dúvida, e isso vé-se muito bem no processo de publificaçom do que falava anteriormente, o que estava em jogo era um modelo de sociedade, através do modelo educativo das Ikastolas, o que se debatia era um modo de entender a escola e, por tanto, a sociedade.

Nós entendemos que o objetivo último da lei era desbaratar e rachar o movimento das Ikastolas, porque obstaculizava a espanholizaçom de Euskal Herria, a “normalizaçom” na sua terminologia. Quem impulsárom está lei sabia que um sólido projeto educativo incidia diretamente no fomento e fortalecimento da consciência nacional. Aprofundando nisto, a dicotomia nom era tanto público-privado, como escola basca ou entom escola espanhola e francesa.

O movimento de Ikastolas nunca olhou para o seu embigo e participou e participa junto com outros organismos em numerosas iniciativas, fundamentalmente no âmbito do euskera e a educaçom, que tem estreita relaçom com a criaçom dumha consciência euskaldun e a vertebraçom da nossa sociedade, deste modo, através de redes de relaçons formais e informais temos outorgado entidade a muitas delas. Assim, no seu dia criamos com Elkar a editora de material pedagógico Ikaselkar de maior difusom em Euskal Herria, temos projetos em comum com Bertsozale elkartea, AEK, Irrien lagunak (um filme de animaçom infantil sobre a história de Euskal Herria), Udalbiltza, euskal wikilariak, errigora… ligados ao euskara, o bertsolarismo, a soberania alimentária, a animaçom infantil, o tempo livre, a wikipedia… no seu dia participamos na consecuçom do .eus, estamos em organismos como Kontseilua, Bizipoza ou Gaindegia e estamos intentando criar umha Universidade Euskaldun.

Mas por cima de todo, neste âmbito, eu destacaria nossa grande aposta, o Euskal Curriculum. Já desde 1993, no nosso 2º congresso, decidimos pôr em andamento este repto, mais umha vez, o objetivo foi dar resposta a umha carência muito séria do nosso sistema educativo, o facto de nom possuir um curriculum próprio, algo que existe noutros sistemas educativos e países e, para isto, figemo-nos as seguintes perguntas: Que conceitos e acontecimentos se têm que conhecer? Que processos têm-se que saber desenvolver? Que habilidades devem possuir e que valores e atitudes têm-se que interiorizar como mínimo o alunado quando finaliza a educaçom obrigatória? Implicitamente surgiam mais duas questons… que tem que conhecer umha aluna basca sobre o seu país e como ser um cidadao basco neste mundo globalizado.

Levamos anos dando passos nesta tarefa, muitas vezes colaborando com outros agentes educativos, Sortzen, e institucionais, Udalbitza, e depois de termos definidos os eixos do nosso curriculum comum, o seguinte passo, foi desenvolver um curriculum basco, e para isto definimos um plano de ediçom, novos materiais educativos, formaçom de equipas docentes e definiçons de evaluaçom.

Como dizia, no século XX nosso objetivo foi a recuperaçom do euskara e a cultura basca… o seguinte passo na recuperaçom da identidade basca, na construçom dumha consciência nacional qual era? No âmbito educativo, a pergunta nom tinha outra resposta que o curriculum basco.

Para finalizar, com a experiência acumulada de várias décadas de Ikastolas, poderias fazer umha valoraçom geral sobre os resultados em relaçom às expectativas criadas? Como valoras o impacto do modelo de imersom linguística na realidade sociolinguística de Euskal Herria?

Para nós e acho que para o conjunto da sociedade basca, resulta evidente o papel que têm jogado as Ikastolas na recuperaçom do euskara e da cultura basca, para muitos é o pilar fundamental no renascimento da cultura basca, também demostramos que era possível um novo modelo educativo que tivesse no euskara o seu eixo e, nos últimos anos, a aposta pola elaboraçom e desenvolvimento do Euskal Curriculum considero que é outras das grandes aportaçons do movimento de Ikastolas à nossa sociedade e a construçom dumha identidade nacional basca.

O impato da imersom linguística na realidade sociolinguística do nosso povo foi muito importante durante anos, e tem sido umha das chaves da recuperaçom da nossa língua, mas na última década constatamos a existência dumha contínua recessom no processo de normalizaçom do euskara no âmbito educativo. As causas do mesmo som muito variadas, desde a continuidade do sistema de modelos linguísticos que provoca que numerosos escolares finalizem a educaçom obrigatória sem umha capacitaçom mínima em euskara, um retrocesso na formaçom linguística do professorado (nas últimas oposiçons podia obter-se umha praça em euskara mesmo realizando a prova em castelám) que em muitos casos segue recorrendo à metodologia tradicional, baseada em conteúdos apenas gramaticais, o pouco interesse nos Projetos Linguísticos de centro educativo nos que o euskara ocupe o lugar central, um relaxamento no discurso social e institucional sobre a importância do euskara… Na verdade estamos numha situaçom de impasse e a pesar de o conjunto de euskagintza termos claro a necessidade de priorizar esta questom, nom somos quem de situá-la no centro de prioridades da classe política e sindical.

Para finalizar, gostava de assinalar que muitas comunidades linguísticas de todo o mundo desejam percorrer o caminho da educaçom para salvar suas línguas quando se encontra em grave perigo de desapariçom, e acham que o ensino obrigatório pode ser umha das bases para este renascimento cultural e linguístico. Mas, como transformar a educaçom obrigatória para deixar de ser um instrumento para a perda e converter-se no contrário, um pilar para a recuperaçom? Por onde começar, como fazer frente aos obstáculos externos e internos? As Ikastolas nom temos umha recita inequívoca, mas si um relato, com pequenas e grandes história, com distintas experiência, dúvidas no caminho, materiais de trabalho. Mas, sobre todo, é um relato que transmite um testemunho positivo: é possível, pode-se criar desde zero com um modelo educativo de éxito, baseado na própria língua originária. Dum ponto demolinguístico, a situaçom do euskara na altura nom era melhor que a atual situaçom de muitas línguas, de facto era muito má. Os processos de recuperaçom, por tanto, nom som umha utopia inalcançável. Ademais dumha afirmaçom de futuro, o modelo de educaçom em euskara é um organismo vivo, com multitude de detalhes, de estratégias, de tentativas falidas e de perguntas. Se pudesse destacar algo, com já figem no princípio, sublinharia a importáncia da Resiliência, resposta positiva numha situaçom de risco e também, a intuiçom inicial e a vontade para construir, aprender fazendo, mais atitude do que aptitude. Os empreendedores da geraçom dos nossos antecessores soubérom unir sonhos, confiança, compromisso e capacidade.