Por Comité Invisível /

Nom existe umha insurreiçom pacífica. As armas som necessárias: a questom é fazer os possíveis para minimizar o seu uso. Umha insurreiçom é muito mais umha tomada de armas, umha «permanência armada», do que umha passagem à luita armada. Temos todo o interesse em distinguir o armamento do uso de armas. As armas som umha constante revolucionária, ainda que a sua utilizaçom seja pouco frequente, ou pouco decisiva, nos momentos de grande reviravolta: 10 de Agosto de 1792, 18 de Março de 1871, Outubro de 1917. Quando o poder está na sarjeta basta espezinhá-lo.

Na distância que nos separa delas, as armas adquiriram este duplo carácter de fascínio e de desgosto, que apenas o seu manuseamento permite superar. Um pacifismo autêntico nom pode ser a recusa das armas, mas sim do seu uso. Ser pacifista sem poder abrir fogo nom passa da teorizaçom de umha impotência. Este pacifismo a priori corresponde a umha espécie de desarmamento preventivo, é umha pura operaçom policial. Na verdade, a questom pacifista nom se coloca seriamente senom para quem tem o poder de abrir fogo. E, neste caso, o pacifismo será pelo contrário um sinal de força, umha vez que é apenas a partir de umha extrema posiçom de força que nos vemos dispensados da necessidade de abrir fogo.

De um ponto de vista estratégico, a acçom indireta e assimétrica parece a mais compensadora, a mais adaptada à nossa época: nom se ataca frontalmente um exército de ocupaçom. Pelo contrário, a perspectiva de umha guerrilha urbana à maneira iraquiana, que se veria atolada sem qualquer possibilidade de passar à ofensiva, é mais de temer do que de desejar. A militarizaçom da guerra civil é a derrota da insurreiçom. Os Vermelhos podem muito bem ter triunfado em 1921, a Revoluçom Russa já está perdida.

É preciso encarar dois tipos de reaçons estatais. Umha é a de aberta hostilidade, a outra é mais sorrateira e democrática. A primeira apela à destruiçom sem peias, a segunda a umha hostilidade subtil mas implacável: nom pretende senom recrutar-nos. Podemos ser desfeitos pela ditadura, mas também pelo facto de sermos reduzidos a nunca mais nos opormos senom à ditadura. O fracasso consiste tanto em perder umha guerra como em perder a escolha da guerra a travar. As duas possibilidades som de resto possíveis, como ficou provado em Espanha de 1936: tanto pelo fascismo como pela República, os revolucionários foram ali duplamente vencidos.

A partir do momento em que as coisas se tornam graves, é o exército que ocupa o terreno. A sua entrada em acçom parece menos evidente. Seria para isso necessário um Estado disposto a fazer umha carnificina, o que nom se passa actualmente senom enquanto umha ameaça, um pouco como o emprego da bomba nuclear de há meio século para cá. Acontece que, ferida desde há algum tempo, a besta do Estado é perigosa. E acontece que diante do exército, precisamos de umha multidom numerosa, que invada as fileiras e confraternize. Precisamos do 18 de Março de 1871. O exército nas ruas é umha situaçom insurreccional. O exército que entra em acçom é a saída que se precipita. Cada um nom tem outro remédio senom tomar posiçom: escolher entre a anarquia ou o medo da anarquia. É como força política que umha insurreiçom triunfa. Politicamente, nom é impossível triunfar sobre um exército.