Por Adolfo Naya /

Em junho de 2014, na Corunha um grupo de ativistas organizadas no Movemento de Loita Popular, ao calor das lutas que se estavam a produzir em contra das Olimpíadas de 2013 e do mundial de futebol de 2014 no Brasil, decidimos sair à rua para mostrar a nossa solidariedade com o povo brasileiro em luta.

Nos protestos de 2013 e 2014 em Rio de Janeiro, 23 ativistas foram detidos e acusados de pertencer ao FIP (Frente Independente Popular), uma frente de luta revolucionária, onde estavam desde maoístas até anarquistas, co objetivo de denunciar à farra da Copa da FIFA e as Olimpíadas, a corrupção, a violência policial que assassina mais de 3.000 pessoas ao ano (só em Rio de Janeiro), os despejos de comunidades ou os curtes nos serviços públicos. Todo isto baixo o Governo de Dilma e o PT.

O processo contra os e as 23 e a acusação de “quadrilha armada” do FIP-RJ tinha e tem uma clara tentativa de intimidar as novas ondas de protestos populares e particularmente da juventude combatente, diante dum Estado corrupto e genocida, que extermina a sua populaçao mais pobre.

No 17 de julho deste ano, o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau condenou os e as 23 ativistas envolvidas nos protestos contra a farra da FIFA a penas que vão de 5 a 13 anos de prisão.

Entre as pessoas detidas está Igor Mendes, um jovem que teve a sorte de conhecer pessoalmente e que é todo um exemplo de humildade, luta e compromisso revolucionário. Um jovem pequeno de altura, mas gigante de coração, disposto ao servir o povo, que me agasalhou co livro que escreveu depois de estar na cadeia. Baixo o titulo “A pequena prisão”, faz um retrato magistral do sistema penitenciário brasileiro e a sua experiência na cadeia. Mas também é uma guia pratica muito importante, para enfrentar e entender a luta de classes no Brasil.

Se a intenção das classes dominantes e os seus lacaios eram de infundir medo a Igor e a as suas companheiras e companheiros, fracassaram sem remissão.

Já ao inicio no cárcere, Igor diz: “Sairei daqui mais convencido de que o Brasil precisa de uma grande revolução!”. Mesmo após mais de cem dias de cárcere, sendo quarenta e dois deles isolado, Igor seguiu e segue demonstrando a sua firmeza e decisão ideológica.

Quando falo de Igor Mendes, falo de todos os e as 23. Falando do seu caso particular, para mostrar que a rebelião não é uma massa anônima, mas uma unidade ativa, pensante e lutadora.

Gostaria rematar com parte do manifesto assinado por 13 dos 23 ativistas condenados e que assumo plenamente, assim como fazer um chamado ao povo trabalhador galego a mostrar a nossa solidariedade com estas 23 ativistas do Brasil e as lutas que elas representam:

“LUTAR NÃO É CRIME! Crime é o estado de calamidade oferecido ao povo na fila dos hospitais, crime é a falta de vaga nas creches, crime são os ônibus caros e superlotados, crime é o que se pratica diariamente nas favelas, ensangüentadas pelo genocídio do povo preto e pobre. Isto é crime! E estes crimes, tenham certeza, não ficarão impunes para sempre.

Em tempos de sérios ataques aos direitos trabalhistas e sociais, é fundamental desfraldar bem alto as bandeiras da liberdade de expressão e de manifestação, sem as quais nenhum outro direito pode ser defendido, muito menos conquistado. Isso é ainda mais importante quando o Rio se vê sob uma intervenção militar, e assistimos quase diariamente oficiais discursando abertamente sobre a possibilidade de um golpe militar no país. Conclamamos todos/as os/as lutadores/as, trabalhadores/as, estudantes, coletivos, ativistas, intelectuais e democratas a se manifestarem nessa campanha. Não é só pelos 23: é por todos os que lutam!”

Lutar não é crime!

Fascistas, hoje e sempre: não passarão!

Igor Mendes e as 22, não esta sozinhas, a Galiza independentista e revolucionária está com vocês!