Por Jorge Paços /

Menos dum ano depois da aprovaçom da chamada ‘Lei de Depredaçom’, acendem-se todas as alarmas ambientais em pontos muito sensíveis do nosso território. Nos últimos meses informávamos das agressons previstas -em forma de parques eólicos- em concelhos como Cabana, Lage, Zas, Santa Comba ou Tordoia. Neste fim de semana tivemos conhecimento da nova tentativa de ataque contra um dos cúmios mais senlheiros do sul : o Galinheiro.

A Plataforma de Protecçom da Serra, que já protagonizara mobilizaçons contra o projecto de parque a inícios desta década, vem de denunciar que a proposta de exploraçom tem-se retomado. Alfanar Group, empresa saudi associada com a espanhola Capital Energy, cobiça a Serra do Galinheiro e toda a sua contorna, isto é, os cúmios de mais 700 metros que flanqueam o Val Minhor e conformam o horizonte da cidade de Vigo desde tempo imemorial.

De se concretizarem os planos -como assim parece que vai acontecer- a Plataforma pretende encetar de novo o ciclo mobilizador que cessou no 2013, desde que a Junta decidira aumentar a área do parque natural do monte Aloia.

Do aprécio que desperta o Galinheiro na populaçom do sul da Galiza dá conta a atitude do próprio concelho de Vigo : estando em maos dum partido neoliberal e industrialista, como o PSOE, a cámara tem-se manifestado contrária ao plano eólico. Ao se tratar dum território que pertence parcialmente ao concelho da cidade olívica, seria este quem teria que conceder vários permissos de instalaçom, mas as autoridades competentes anunciárom a sua negativa a dar tal passo.

Modelo energético

Cumpre entender o plano empresarial nas coordenadas dum modelo energético, o espanhol na Galiza, que se basea na exploraçom indiscriminada de todo aquilo que puider generar lucro para grandes entramados empresariais, sem consideraçom polas populaçons locais nem polo valor ambiental e simbólico da Terra. A importaçom massiva de carvom foráneo para o funcionamento das poluintes térmicas e a ocupaçom de praticamente todos os nossos cúmios em favor das renováveis (que nom substituem, senom que reforçam as fóssiles) som as linhas mestras que segue a oligarquia. Como acertadamente assinala a Plataforma de Protecçom do Monte, a planificaçom racional do sector contrapom-se ‘à ocupaçom de mais e mais território sem gestom consciente, sem levar em conta os excedentes de produçom que há existem, sem respeitar nem fazer umha valorizaçom dos lugares onde se colocam os parques’.

Riqueza reconhecida

O valor patrimonial do Galinheiro é imenso, e de feito acumula umha colecçom de reconhecimentos legais que ponhem em causa seriamente a pretensom da sua exploraçom capitalista : já nos anos 30, o Monte Aloia foi declarado parque natural ; os restos da fortaleza medieval que acolhe som Bem de Interesse Cultural desde o franquismo, e o monte é Lugar de Interesse Paisagístico do Catálogo de Interesse da Galiza ; também está reconhecido como Lugar de Interesse Geológico.

Os estudos interdisciplinares alicerçárom tal reconhecimento : a linguística deitou luz sobre as origens toponínimas do monte, que se acham na raiz celta ‘kal-’, com o significado de rocha ou penedo (em alusom ao maciço mineral que mesmo se divisa na distáncia).

A geologia situa o nascimento do Galinheiro no Cenozoico, no período Terciário, e a composiçom de parte do cordal relaciona esta formaçom com o complexo ofiolítico chamado ‘Complexo de Malpica-Tui’.

E como acontece em praticamente todo o território galego, a continuidade da sua habitaçom deixou pegadas de boa parte dos períodos históricos : por isso no Galinheiro estám presentes petróglifos como os de Auga da Laxe, rastos dumha citánia prerromana, ou restos de arquitectura defensiva medieval (no Galinheiro refugiavam-se as populaçons ante invasons árabes ou normandas).

Numhas comarcas especialmente destroçadas polo industrialismo, como a de Vigo ou a do Val Minhor, a Serra do Galinheiro foi quem de manter a aura de respeito e veneraçom popular associada aos montes desde a noite dos tempos ; e desde que esta área do sul da Galiza padece como poucas as pressons associadas à poluiçom, a invasom automobilística e a cultura das pressas, o parque natural tem-se constituído como umha das áreas de convívio e lazer popular mais importantes da Galiza occidental.