Por Xavier Lago Mestre (traduçom do galizalivre) /

A documentaçom histórica conservada achega escassos dados sobre as repercusons da revolta dos comuneros de Castela no Berço. Acontece o contrário com a intervençom directa do levantamento dos irmandinhos galegos na regiom berciana. Mália contarmos maioritariamente com testemunhos derivados das fontes controladas polos poderosos -nobreza, clero, coroa-, contrários a este processo anti-senhorial, cada nova investigaçom salienta mais a importância que tivo o conflito irmandinho.

A revolta irmandinha localiza-se no reino da Galiza, durante os anos 1465-1468. Neste período produz-se umha guerra civil entre os senhores polas disputas territoriais, em parte condicionada pola falta de controlo real neste reino. Diante da falha de justiça cria-se a Irmandade galega que estava integrada na Hermandad General de Castilla y León. A Irmandade galega vai ter como objectivos: perseguir malfeitores, fazer respeitar a justiça e dar-lhe segurança à gente. Mas como muitos desses malfeitores eram favorecidos polos próprios senhores, os irmandinhos enfrentam-se directamente com estes últimos, polo que o levantamento popular deriva em luita anti-senhorial.

Um dos nobres galegos afectado pola revolta foi o primeiro conde de Lemos, Pedro Álvarez Osório, com importantes possessons territoriais no Berço. Em 1465 o conde declara os seus temores à Irmandade porque “le eran contrarias, y podía ser le quisiesen tomar sus tierras”. De aí que em Fevereiro de 1467 elija a seu filho, Alonso Enríquez “para que más libremente pudiesse defender sus tierras de las hermandades de Galicia, que (…) haçiansse superiores”. Em Março desse ano produz-se o lançamento da sublevaçom irmandinha, “contra todos los caballeros e señores de Galicia, en tal manera, que no quedaron en ellos sendos servidores que los sirviesen. Echaronlos de todos sus bienes e heredamientos, que no solo vasallo ni renta no les dexaron, deribaronlos todas las fortalezas, toviendolos cercados, tirándolos con grades trabucos e otros pertrechos”.

O filho do conde de Lemos morre no mosteiro de Samos, em Agosto de 1467, acontecimento que é aproveitado polos irmandinhos para atacar as fortalezas de Monforte, Castro Caldelas, Sárria, Moeche, e posteriormente, as bercianas de Valboa, Sarracim, Cornatelo, Corulhom, Pena Ramiro e Ponferrada. O conde de Lemos apresentou-lhes batalha aos irmandinhos em Monferro, “e venciolos, e mato CCCC o mes dellos, e cercaronlo después en Ponferrada, e defensioseles porque era villa fuerte, e porque se le allegaron muchos caballeros e escuderos que andavan desterrados de lo suyo, e otro si lo ayudo el conde don Álvaro de Trastámara”, segundo o cronista Lope Garcia de Salazar.

O conde de Trastámara, Álvaro Pérez Osório, posteriormente primeiro marquês de Astorga (1465), apoiou num começo os irmandinhos, para depois pactar com o conde de Lemos, em troca da entrega por este dos castelos de Sárria e Chantada. Mas este acordo entre os dous nobres foi forçado polas negativas circunstâncias bélicas que atravessava o conde de Lemos, diante do ataque irmandinho no Berço, de aí que declarasse em Setembro de 1467 que “haría la donación quel marqués le pedia por librarse de el y que cesasen las armas, mas que la haría forzado y contra su voluntad”.

Em Fevereiro de 1468, vizinhos de Ponferrada, Vilafranca e Cacabelos acodem com o conde de Lemos perante a Hermandad General de Castilla y León, para organizar a resistência contra os irmandinhas. A Junta de la Hermandad, reunida em Madrigal, emite um documento que insta a “vecinos e moradores del Bierzo” a “enbiar las gentes y dineros” que lhe correspondiam à Hermandad de Castilla, segundo os repartos previstos. O conde de Lemos procura o apoio da Hermandad de Castilla para desactivar a intervençom dos irmandinhos.

Todo isto demonstra que o conde de Lemos tinha apoio no Berço, nas principais vilas. Porém, também os bercianos formárom parte activa no movimento irmandinho. Sabemos que o conde de Lemos encarcerou o escudeiro Alvar Sánchez que possuía a terra de Argança, por apoiar os irmandinhos e participar no cerco de Ponferrada, “e lo metieron en el castillo, en el suétano. E yasió allí fasta un mes”. Umha testemunha declara “que quando lo sacaron para lo asaetar, lo pregonaban deziendo que veniesen a ver la justicia que mandava fazer el conde a aquel onbre que fuera su criado e fuera contra el”.

A repressom do conde de Lemos, após a derrota definitiva dos irmandinhos, nom sempre tivo os efeitos trágicos comentados. Noutros casos, exigiu-se-lhes aos vassalos a serventia, quer dizer, a realizaçom de trabalho manual grauito a favor do conde, caso da reconstruçom dos castelos derrubados de Cornatelo e Pena Ramiro. De nada servírom as demandas dos vassalos que “se quexaban al dicho conde diciendo que porque les azia e mandava a sus vasallos que viniesen a axudarle hacer sus fortalezas e que dicho conde dezía e respondía a lo susodicho que pues todos fueran en ayuda de derrocallas que también abian de ser todos en ayuda a corregillas e azellas” segundo declaraçons no Preito Tabera-Fonseca. Assim pois o próprio conde reconhecia publicamente o apoio generalizado dos seus vassalos ao movimento anti-senhorial irmandinho.

*Tirado de obierzoceibe.blogspot.com