Por Jorge Paços /

Os custes da chamada ‘energia limpa’explorada indiscriminadamente volvem-se a pôr de destaque. A empresa Greenalia começa a ser conhecida polo povo galego como um dos buques insíginas do capitalismo verde e a sua apropriaçom de espaços colectivos para bem privado. Se há uns meses apontávamos a sua capacidade de pressom ao poder político para extender a monocultura de biomassa em Cúrtis, agora o seu nome aparece por trás de três polémicos parques eólicos.

Nesta ocasiom a ameaça aponta à comarca de Bergantinhos, onde o ambientalismo chama a atençom sobre a iminente ameaça que paira sobre um espaço emblemático: a lagoa de Alcaiám no lugar de Branha Rúbia.

O projecto, apresentado por Greenalia, recebeu o visto e praze da Direcçom Geral de Energia e Minas no passado mês de Maio ; baixo a difusa justificaçom do ‘interesse público’, novos três parques nos concelhos de Tordóia, Carvalho, Santa Comba e Tordoia podem danar seriamente espaços emblemáticos e endemismos do occidente galego. Segundo a chamada ‘lei de depredaçom’, aprovada no passado ano polo parlamentinho galego, tal ‘interesse público’ considera-se prevalente sobre qualquer outro, e dá-se pé a reduzir à metade os prazos de aprovaçom.

O movimento popular denuncia o flagrante incumprimento desse pretenso interesse público em vários aspectos : por umha banda, o projecto eólico está a menos de 500 metros de núcleos habitados ; pom em perigo a lagoa de Alcaiám e a zona de Branha Rúbia , e portanto todo o património cultural que acobilha ; é de todo incompatível com a declaraçom da zona como ‘área de interesse especial paisagístico’. Desde 2008, a zona mereceu este reconhecimento por parte da Junta.

Jóia ambiental e patrimonial

A médio caminho dos concelhos de Santa Comba e Coristanco, estes dous exemplos de branhas altas acobilham espécies únicas da flora, segundo tem assinalado recentemente ADEGA (caso da Centaure ultreiae ou Lycopediella inundata). Também som hábitat de espécies animais associadas com a nossa terra, como a rá de Sam Antom, a lagartixa galega ou o lagarto das silvas.

O conjunto de Alcaiám e Branha Rúbia é um conjunto patrimonial que, como em tantos outros lugares da Galiza, atesouram a um tempo grande valor natural e cultural. Na cultura celto-atlántica, os espaços acuáticos adoitam ter umha associaçom especialmente intensa com o mundo mítico e o além. Nos seus arredores, a toponímia remite-nos àquele velho espaço do país, fundamente humanizado : nomes como A Medonha, Pedra Silvosa ou as Pedras do Encanto dam ideia da associaçom entre o material e o lendário nos arredores das lagoas ; existem aliás topónimos que aludem a castelos e covas.

A tradiçom popular fala mais umha vez dumha cidade asulagada ; umha das várias versons sobre o passado mítico da lagoa interpreta a desapariçom da vila como puniçom de Cristo pola falta de compaixom dos seus habitantes, no que provavelmente seja a cristianizaçom dum mito arcaico. No cantigueiro sobreviviu a lenda: “Adeus vila de Alcaiám, que me encirrache os cans /afundias-te e nunca arriba volverás”.

 

O movimento popular denuncia o flagrante incumprimento desse pretensom interesse público em vários aspectos : por umha banda, o projecto eólico está a menos de 500 metros de núcleos habitados ; pom em perigo a lagoa de Alcaiám e Branha Rúbia , e portanto todo o património cultural que acobilha ; é de todo incompatível com a declaraçom da zona como ‘área de interesse especial paisagístico’.