Por Chema Naia /

Há 17 anos e um dia. Na tarde do 20 de Julho, no meio das algueiradas que procuravam rachar o cerco da “Zona Rossa” de Génova, na Piazza Alimonda um carabineri disparou dous tiros a um jovem de 23 anos e, depois, um carro da polícia militar italiana passou por riba do seu corpo moribundo, duas vezes ; era Carlo Giuliani.

A morte de Carlo e as cárregas policiais do día seguinte contra a Escola Díaz, ponto de reuniom e descanso de ativistas chegados de toda Europa, virárom num símbolo partilhado do movimento antiglobalizaçom.

Eu tinha apenas três anos quando morreu Giuliani, e a sua história chegou-me como podia nom ter chegado. Porque as histórias dos derrotados adoitam-se perder no transcurso dos anos, sem compensaçom algumha. E é importante lembrar que Carlo tinha posto um banhador baixo o pantalom que levava. Queria ir a praia, e nom puido porque lhe segárom a vida.

Além do símbolo, temos que lembrar as quotidianidades trás de Génova. A história do rapaz que ía a manifestaçons, saía de festa, gostava da música e escrevia poesía, e que neste ano superaría os 40 e seguramente se veria demasiado velho. Reivindicar a profundidade do jovem que nom é estático, a vida inteira daquel que se posiciona e toma partido. Porque essa é a história do rapaz que matárom na Piazza Alimonda e essa é a verdadeira memoria militante.

As balas nom nos parárom. Seguimos na luita e na vida. Por ti Carlo, polos que fôrom e por todos e cada um de nós.