Por Jorge Paços /

Escurantismo informativo, obstruçom da justiça, falsificaçom de dados e negativa a assumir responsabilidades. Eis as duras palavras pronunciadas pola Plataforma Vítimas Alvia 04155 e Apafas no Congresso espanhol. A definitiva posta em andamento da comissom de investigaçom patenteia as acusaçons que fontes independentes vinham formulando : existiu negligência criminal por trás do accidente que deitou por terra o mito da alta velocidade na Galiza.

Jesús Domínguez, vozeiro dumha das plataforma afirmou que fôrom decisons políticas muito concretas as que convergêrom para fazer possível umha tragédia de grande magnitude. A linha inaugurou-se antes de tempo para poder cumprir as promessas políticas que alimentam o mercadeio eleitoral ; as medidas de segurança nom se abordárom com o rigor necessário (o protocolo ERTS nom estava activado na fatídica curva) E umha vez passado o accidente, estabeleceu-se umha aliança tácita entre casta política e burocracia ferroviária para agochar responsabilidades. Segundo Domínguez, José Blanco, anterior Ministro de Fomento, Ana Pastor e o próprio Núñez Feijoo coincidírom na estratégia. Houvo ‘pressons’ para ocultar o acontecido, manifestou Domínguez.

O AVE que deixou de sê-lo

Corria Dezembro do ano 2011. A imprensa do regime, sem excepons, dedicava grandes manchetes ao que denominavam ‘primeiro trem de alta velocidade regional’. Nos fastos da inauguraçom coincidiam José Blanco, Núñez Feijoo, Álvarez Cascos, e os alcaldes de Compostela, a Corunha e Ourense. Um dos cabeçalhos de referência da direita espanhola salientava que os discursos pronunciados fôrom ‘muito cordiais’.

O negócio da alta velocidade uniu toda a casta política, a oposiçom institucional, e as grandes empresas construtoras que se lucrárom com as concessons.

Dous anos mais tarde, com a Galiza comocionada com as mortes, os mesmos políticos apressárom-se a precisar que ‘a linha que atravessava Angróis nom era umha linha do AVE’. Foi umha mentira entre várias ; também falseárom a realidade os políticos ao manifestarem que o comboio dispunha de sistema de segurança ERTMS nos 90 kilómetros de linha ; na realidade, nom estava operativo na curva do accidente.

Prémio aos responsáveis

A decisom de suprimir o sistema de segurança no tramo de maior risco deve-se, segundo as associaçons de vítimas, a José Blanco na sua etapa de máximo responsável de fomento ; a ideia de suprimir o sistema ERTMS, a Ana Pastor, ‘por provocar retrasos’ (na típica linha neoliberal de maximizar ritmos e lucros sem maior consideraçom social).

Em qualquer caso, e seguindo umha velha tradiçom da política hispana, nenhum responsável político demitiu ; ainda, reforçando a gravidade de todo o vivido arredor do accidente do Alvia, cumpre ter em conta quais som os actuais desempenhos dos altos cargos relacionados com a tragédia : além do posto conhecido de Núñez Feijoo (que organizou umha entrega de medalhas às vítimas no ano seguinte ao accidente), José Blanco é na actualidade eurodeputado em Bruxelas ; Rafael Catalá, secretário geral de infraestruturas naquele verao de 2013, é hoje ministro de justiça. Ana Pastor preside o Congresso.

A comparecência do Congresso do dia de onte nom pujo em causa a alta velocidade nem desvendou os escuros interesses político-económicos que a pugérom em andamento. Mas si serviu para deslegitimar o típico modo de gestom das crises das elites políticas espanholas, baseada na desmemória, a manipulaçom informativa, e o prémio à fidelidade ao poder com novos cargos e prebendas.