Por Jorge Paços /

O ditame é do Tribunal de Contas da Uniom Europeia, que o fijo público nesta semana ; a prática totalidade da imprensa empresarial fijo-se eco das suas palavras contundentes, que apontam que o Estado espanhol incumpriu quase todos os seus compromissos no que diz respeito a ‘alta velocidade’ ferroviária ; o AVE, máxima ferramenta da propaganda política para a captaçom de votos, e infraestrutura apoiada por todas as forças do parlamentinho galego, absorveu importantíssimos fundos da UE para nom cumprir nem tam sequer a funçom com a que foi desenhado.

O Reino de Espanha recebeu um financiamento para o AVE que superou o da França, Alemanha ou a Itália juntos. E apesar dessa generosidade orçamentária, os gestores político-empresariais de Espanha deixam decepcionados os tecnocratas europeus que constantemente supervisam o obediente cumprimento dos mandados capitalistas que chegam de Bruxelas.

Mas, contra toda a propaganda desdobrada, o AVE hispano ainda nom conseguiu atrair a cantidade de passageiros e passageiras mínimas para ser considerado rendível ; construiu-se com orçamentos ‘excessivos’ nom alcançou as velocidades prometidas (nomeadamente no Eixo Atlántico, tristemente conhecido polo accidente de Angróis e polo incumprimento das normativas de segurança) ; foi construído desrespeitando todos os prazos desenhados polos grandes planos europeus de organizaçom do capital.

Eis algumhas das críticas assinaladas, formuladas após analisar polo miúdo os ritmos e funcionamentos de dez linhas de caminhos de ferro que atravessam territórios do Reino de Espanha ; a análise reforça-se se levamos em conta o facto de Bruxelas ter adicado o 47 % do seu orçamento do AVE europeu às linhas espanholas, com resultados bem magros.

Pobreza política
Para a leitora ou leitor atento, as conclusons nom se fam esperar : o Estado espanhol, historicamente lastrado e insuficiente, tampouco nom cumpre neste ámbito as expectativas do mais avançado capitalismo europeu. As obras do AVE, além de utilizar-se como um magnífico recurso de propaganda política para umha populaçom rendida ao mito do desarrolhismo, servírom para favorecer capitalistas amigos, e para a perforaçom dum território sem contemplaçons sociais e ambientais, como o ecologismo e plataformas em favor do comboio de proximidade tenhem denunciado.

E apesar destas obviedades, a força do imaginário capitalista reflecte-se na cámara autonómica galega, onde o enxalçamento do AVE supera as barreiras ideológico-políticas e encerelha os partidos no debate superficial do ‘cumprimento de prazos’. Na realidade, a alta velocidade deixou sem serviços ferroviários importantes núcleos de populaçom galega de tamanho médio, subiu os preços do comboio, e forçou mais e mais populaçom trabalhadora a pegar no carro individual para os seus deslocamentos. Críticas tam óbvias e elementais, apresentadas historicamente polo independentismo, nom som nem contempladas no parlamento colonial.