Por Jorge Paços /

A Plataforma ‘Lugo sem Mordaças’ botou a andar nos últimos meses na cidade das muralhas, como resposta à restritiva ordenança cívica com que o governo municipal pretende regulamentar milimetricamente o uso social das ruas. Depois de várias iniciativas de informaçom e reivindicaçom, a Plataforma chama a cidadania a participar no vindouro sábado do seu ‘festival incívico’, umha alternativa de convívio e lazer que reivindica o espaço público para as pessoas e os movimentos sociais.

Resposta plural

Mais de trinta colectivos, além de pessoas a título individual, decidírom organizar-se semanalmente em assembleias abertas para dar umha resposta abrangente e plural aos planos que, em matéria de direitos e liberdades, argalha o governo municipal do PSOE em Lugo. A Plataforma apresentou-se em rolda de imprensa no passado Maio e desde entom leva celebrando assembleias periódicas que estám abertas a toda a populaçom que partilhe estas inquietudes.

 

A alcaldesa, Lara Méndez, pretende a aprovaçom dum texto enormemente regulamentista, que pom baixo a lupa da polícia municipal praticamente todas as actividades nom comerciais que a cidadania pode realizar no que até agora foi espaço público : mendicidade, jogos na rua, prostituiçom, assembleias serám alvo de sançons de vários centos de euros, se finalmente o texto é aprovado ; este conta com o apoio declarado de toda a direita local : além do PSOE, secundam-no a extrema direita representada no PP e Ciudadanos ; todos eles somam umha maioria folgada para dar luz verde à ordenança.

Movimento social no ponto de mira

O movimento associativo baptizou o texto como ‘ordenança mordaça’, polos seus evidentes paralelismos com a lei conhecida popularmente com o mesmo nome, e que o PP aprovara no congresso espanhol em 2015. Obviamente, o texto nom aponta apenas contra os sectores excluídos e mais vulneráveis da sociedade, senom que pom o foco em todo o movimento popular : aqueles colectivos e organizaçons que trabalham primordialmente à margem das instituiçons, como podem ser o independentismo, o anarquismo, o feminismo ou os centros sociais, verám ainda mais difícil a realizaçom do seu labor. As actividades mais clássicas da agitaçom e a propaganda, como os murais, a colagem de cartazes, ou até de colantes, vam ser perseguidas e penadas com multas.

A ideia de consolidar cidades ‘limpas’ e assépticas com ajuda de video-vigiláncia, pressom policial e cumplicidade de parte da sociedade em forma de ‘defesa do civismo’ tem na Galiza, e também no conjunto do Estado, um longo percurso ; associa-se com projectos turistizadores e instalaçom de áreas elitistas para capitalistas e classe média, e por isso na nossa Terra, Compostela foi o banco de provas deste modelo. A luita pola liberdade de expressom nas suas ruas saldou-se com dúzias de encausadas e multados desde inícios do século.

Reivindicaçom e festa

A Plataforma pede abertamente a retirada dumha ordenança que considera ‘classista, racista e machista’, desde que ataca os sectores mais oprimidos e indefensos da sociedade lucense. Até o de agora, a entidade levou o seu protesto ao pleno do concelho, e convocou na passada semana umha concentraçom com a legenda ‘Rodea o concelho’.

No vindouro sábado a Plataforma tomará a Praça Maior de Lugo com um ‘festival incívico’ no que se pretentem cenificar todas aquelas actividades que a ordenança restringe ou directamente proíbe : desde as 11 da manhá e até as 8 dos serao, organizam-se jogos na rua, espectáculos de monicreques, um jantar popular, malabares ou um recital de poesia.

Quem quiger consultar o programa completo, pode fazê-lo no blogue da plataforma.