Por Jorge Paços /

Ao longo do dia de onte, dous activistas fôrom detidos na Corunha por terem participado na jornada em defesa do espaço social ocupado A Insumisa no passado 23 de Maio. Segundo a informaçom da que dispomos por enquanto, a acusaçom é ‘atentado à autoridade’ ; o juiz de guarda decidiu a liberdade dumha delas e a prisom preventiva da outra. A decisom final compete-lhe ao julgado de instruçom, que hoje ditará veredito. A partir das 11h00 celebrará-se diante da sede judicial umha concentraçom solidária.

Como aconteceu no despejo, há justo um ano, do CS Escárnio e Maldizer, a delegaçom do governo e a sua principal ferramenta repressiva contra os movimentos sociais, a polícia política, dosificam a intervençom contra a dissidência numha estratégia de desgaste. Trás a violência inicial e umha evidente ostentaçom de força bruta através de unidades antidistúrbios, chegam horas ou mesmo dias de calma que antecedem novas detençons. Assi se passou hoje na Corunha : os activistas som detidos quase um mês depois dos feitos, em certa calmaria social. Em outras ocasions, as detençons nom se efectuam, mas umha chuva de multas sem juízo prévio, e com a única palavra da polícia, ensarilha os e as manifestantes num labirinto de recursos, contra-recursos e angariaçom de fundos.

A ‘nova política’, espida.

Se algo demonstrárom os feitos acontecidos na Corunha nas últimas semanas, foi o alcanço real da chamada ‘nova política’ na hora de enfrentar os poderes fácticos baixo certa pressom. Se bem o alcalde compostelano, Martiño Noriega, se mantivera em Compostela acarom do movimento social, com certas prevençons contra as intervençons mais contundentes do movimento ocupa, a Maré corunhesa decidiu-se a nom tolerar qualquer espaço alternativo que nom passasse a peneira do controlo municipal.

Para acirrar mais os ánimos e enfraquecer ainda mais o mirrado prestígio da política institucional, o governo apostou ou tolerou a violência dos agentes fardados. Na posiçom típica de todos os ex-militantes arrepentidos ou conversos ao ‘sentido comum’ dos tempos, a concelheira Rocio Fraga mesmo chegou a pôr em causa que os activistas com lesons na cabeça foram realmente espancados. O equilíbrio impossível da esquerda reformista entre poderes fácticos e movimentos populares rachou-se nesse dia de vez. Os destroços de encapuçados ao local de Em Marea na Corunha testemunhárom o divórcio.

Paradigmas repressivos

Seja qual for a decisom judicial de hoje, e derive esta em ingresso em prisom ou nom, os feitos dos tempos recentes levam os observadores mais atentos a detectar umha mudança, de alcanço ainda difícil de calibrar, no enfrentamento policial-judicial contra o movimento popular. Pois embora o número total de populaçom carcerária no Estado esteja a descer, o uso da prisom contra activistas sociais extende-se perigosamente. Reservado noutrora contra militantes armados, ou contra participantes significativos de organizaçons revolucionárias mui consequentes, o Estado arroga-se hoje potestade de enviar à cadeia tuiteiros, rapeiros, sindicalistas, activistas juvenis, ou mesmo políticos institucionais como os soberanistas cataláns. Casos como os de Valtonyc, Alfon, jovens de Altsasu ou Fran Molero som as provas palpáveis.

Desenlace por determinar

E como a história da Galiza nos demonstra, o desenlace desta nova conjuntura estará em funçom da capacidade e enteireza dos movimentos para superar o medo, integrando a prisom como mais umha variável das luitas, e transformando o temor em audácia e organizaçom. A decisom tomada pola extrema direita empoleirada nas posiçons de mando policial e judicial do Estado é diáfana. Resta por ver se o movimento popular está à altura do repto.