Por Iago Santás /

A qualquer pessoa (das que gostam ou gostaram minimamente da música em geral) que se lhe pergunte que foi o Punk dirá que foram umha serie de bandas um tanto “rebeldes”, e algo monótonas, que cantavam contra todo. Se lhe pedimos que cite tres bandas é provável que a triada Sex Pistols, Ramones e The Clash estiver em todas as quinielas. Os primeiros por rompedores, ter umha promo perfeita e cumprirem ao cento por cento isso de live fast die young. Os segundos por popularizarem o punkrock ao  outro lado do charco; e os terceiros, por lhe darem ese toque seriote e políticamente comprometido que lhe faltava (ou isso é que nos vendiam).

O certo é que tais bandas eram perfeitas musicalmente, dominavam o componhente estético á perfeiçom, e o seu gamberrismo deixava atónitas à conservadora sociedade británica e estadounidense. Além disso pouco máis: “simplesmente” ser 3 das melhores bandas da história.
Sem entrarmos na antropologia pura e dura (e aborrecida) de que foi o punk, topamos muitos mínimos comuns que estiveram presentes em todas as bandas, squats, crews ou pubs. O lema DIY (faino ti mesm@) queria fazer ver aos mocos e mocas que elas podíam ser quem de gerirem a sua vida e, con a pequena grande contracultura criada, a pôr em andamento e dar um ar de independência às suas vidas.

E cá é onde nascem os CRASS.

CRASS nem tocavam como THE CLASH. É provável que tocassem cinquenta veces pior do que eles, mas o seu ruído era aritmicamente encantador. CRASS nom insultavam em direto a  um apresentador de televisom en prime time como fizeram Sex Pistols, porque o discurso de CRASS nem na televisom tinha cabimento . CRASS nom era do estilaço de The Ramones com as casacas de coiro Schott NYC tam bem entalhadas, porque CRASS eram veganos.

CRASS escolheram a vertente de combater o capitalista cara a cara desde o musical, levando o modus vivendi que predicavam nas suas letras à vida real. CRASS eram a antítese ao punk em muitos aspeitos: quando o punk na Inglaterra era intrinsecamente um movimento juvenil formado por rapazes de secundária que enveredavam aos primeiros estudos superiores (a partir do 79 por obreir@s e parad@s), eles entram já maduros. Foram fundadores dos primeiros festivais ao ar livre, concretamente Stonehenge: um festival hippi e pacifista que, como o “nosso” Ortigueira, deixou de se celebrar durante uns anos por algueiradas com a polícia.  CRASS faziam parte do coletivo EXIT, que por seu turno fazia parte do movimento FLUXUS , que ensaiaba  a subversom através do teatro de rua e da performance. Além disso, o seu círculo eram gentes de quarenta e cinquenta paus: hipis e libertários que geriam a maior parte das livrarias de Londres no 77. Mui pouco punk.

CRASS eram anarquistas. Desenharam o seu logo, as súas capas e autoproduziam os seus discos. Começaram com a política de preços (baixos) marcados para as suas referências. Nos seus concertos, a palavra, a imagem projectada e os (nom) ritmos incómodos criavam um clima de fraternal hostildade cara todo. Declaravam-se anarco pacifistas e cara esses dous movimentos dirigiam as súas acçons. Estavam desencantados do hipismo por individualista, essotérico e banal, mas em segundo que campos a “rudeza” dos punks tampouco os convencia. O lema “CRASS DON´T PUNK” nas camisolas dos seguidores de Exploited e grupos afins era umha constante . Nas suas letras a guerra, a miséria infantil, o servilismo e o antiautoritarismo conviviam com as que se relacionavam com o movimento do que faziam parte.

No 1978, só um ano depois de formarem se e um ano depois da explossom punk do 77 CRASS, escrevem “PUNK IS DEAD” onde cantam que já é, simplesmente, um produto mais. Atacam diretamente aos Clash por mass media, ficharem em CBS e desvirtuarem o componente de rua que tinha o Punk. Os mesmos Clash que encheram Hide Park em plena ofensiva racista e anticumenista baixo as siglas RAR (Rock Againts Racism), os mesmos que cantavam a Nicarágua, a Lorca ou animavam  aos mozos de classe obreira a apanharem polas más o que os bancos lhes rouvavam

 Yes that’s right, punk is dead,
It’s just another cheap product for the consumers head.
Bubblegum rock on plastic transistors,
Schoolboy sedition backed by big time promoters.
CBS promote the Clash,
But it ain’t for revolution, it’s just for cash.
Punk became a fashion just like hippy used to be
And it ain’t got a thing to do with you or me.

A partir de aí, CRASS transferiu  o seu centro de operacom coletivo a  umha aldeia que pertencia a ESSEX. Eram um coletivo de entre 10 e 20 pessoas que mediante CRASS RECORDS ponhia na prática diversas formas de autogestom e coordenavam as luitas. É provavel que esta vontade anarquista e autogerida estivesse empurrada porque, paradoxas para quem queria a toma dos meios de produçom no processo de fabricacom do seu primeiro disco The feeding of 5000, os trabalhadores fizeram um plante devido a que nom queriam prensar (fabricar) o tema Asylum, que consideravam excessivamente blasfemo. O certo é que foi centro de operacons de fabricaçom de roupa, referências musicais, horta e produtos vegetarianos e também, o centro onde se propuxeram algumhas das accons que os levaram a ser na altura a banda mais comprometida da época: ocupaçom da base militar no 83 em Itália em plena campanha antiarmamentística, ocupaçons e tomadas de teatros durante dias ou campanhas propagandísticas pola libertacom animal de até 2.000.000 de colantes num mês en todo Londres. O segund paradoxo do texto seria que, depois de duzias de arrestos  e juizos ,(menores) o que os levou a abandonar a “comuna”  e ameaçada de condea seria fosse o (nom) pagamento de um imposto similar ao IVE estatal.

Todos estes dados, vivências ou exemplos poderiam ser dados a muitas  bandas vinculada ao autonomismo cultural, porém nenhuma com a importancia silenciada dos CRASS. Empirismo seria que o seu primeiro trabalho longo, The feeding of 5000, se chamasse se assim porque, por palavras da Penny Rimbaud ” 5000 era o número de copias mínimo a editar e 4900 mais das que pensáramos vender”. O segundo paradoxo seria que esse disco tivo que reeditarse em seis meses e estivo a 300 cópias de ser disco de ouro.

CRASS foram mais do que umha banda, CRASS marcaram a muitas geraçons e foram a semente de como fazer as cousas: por isso se preocuparam de que nem deles tivermos conhecimento.