Por José Manuel Lopes Gomes /

Era umha demanda de boa parte da base social do sindicalismo galego, e praticamente do conjunto das organizaçons independentistas : a CIG decidiu-se finalmente à convocatória dumha greve geral nacional, no ano em que se cumpre umha década do conhecido crack financeiro, que levara à maior vaga de curtes sociais dos últimos tempos.

Tratava-se dum segredo aberto que acabou de confirmar-se nesta manhá. Em dias passados, várias organizaçons juvenis e estudantis independentistas (Briga, Galiza Nova, UMG, Isca e Erguer) editárom um manifesto em favor da greve geral. Na mesma linha vinha pronunciando-se a organizaçom Causa Galiza ao longo do último ano.

A convocatória confirmou-se nas treze manifestaçons que, em cidades e vilas, convocou a CIG polo 1 de Maio, centradas na « recuperaçom de direitos ». Com as reivindicaçons de salários e pensons em primeira linha, as manifestaçons tivérom especial protagonismo em cidades como Vigo e Compostela. Foi na cidade olívica onde o secretário geral do sindicato, Paulo Carril, anunciou a vontade da CIG de convocar a greve em 19 de Junho ; embora poderia haver variaçons de datas se as centrais espanholas aderem à jornada de luita.

Som anos de grandes contradiçons na sociedade galega, e isso patenteou-se nos discursos, mais ou menos equivalentes, que os vozeiros da CIG pronunciárom no encerramento dos actos. Por umha banda, vive-se um processo de curte de direitos que semelha imparável, com umha década de empobrecimento popular ; por outra, o nosso país mantém um pulso reivindicativo importante, com um nível de conflituosidade laboral que emenda seriamente o panorama de desmobilizaçom dominante. De feito, este 1 de Maio celebra-se à sombra da recente vitória sindical em Leite Celta de Meira, e com o « nom » assembleário das e dos trabalhadores da justiça ao pacto entreguista que argalharam as burocracias espanholas.

Nas arengas nom passou desapercebido o apodrecimento da situaçom política no Reino, cujo máximo expoente é o artigo 155, e a presença dum estado de excepçom latente para todos os territórios ; directamente derivado do processo involucionista, vem à tona o escoramento judicial com posiçons de extrema direita supremacista. Nesta passada semana o fenómeno a sua máxima expressom na sentença indulgente contra ‘a manada’. As consignas antipatriarcais fôrom muito seguidas nas mobilizaçons.

Nos discursos houvo também espaço para a denúncia da perseguiçom penal de dirigentes cataláns, e nalgumhas convocatórias, como as de Lugo, houvo mençom dos presos e presas independentistas galegas.

Outras propostas combativas.

No 1 de Maio encenárom-se aliás outras propostas sindicais : foi o caso da CNT, que escolheu Compostela para mobilizar as suas bases, com o acento posto na luita polas pensons, a denúncia do retrocesso das liberdades e a greve feminista.

A CUT decidiu-se por Vigo, como é tradiçom, para o seu acto nacional, enfatizando que a data « nom é umha ponte, é o dia da classe trabalhadora ». A central recordou a luita dos mártires de Chicago, que dá origem à reivindicaçom. No acto nacional recordou-se o sucesso das recentes mobilizaçons feministas e pujo-se o acento no exemplo de dignidade e resistência do sector da Justiça.

Aliás, esta central apostou em sair à rua nas cidades da Corunha, Compostela e Ourense ; nesta última cidade, o sindicato vem de estrear a sua estrutura.