Por Michel Chossudovsky (traduçom do galizalivre) /

Ainda que pouco reconhecido polos mídia occidentais, tanto a Rússia quanto os EUA estám a “rearmar” os seus arsenais nucleares. Enquanto os EUA estám comprometidos com um projecto de modernizaçom multimilionário, a Rússia está envolvida em grande parte num processo de reestruturaçom “económico” consistente em descomissionar partes do seu arsenal ICBM [mísseis balísticos intecontinentais] terrestre (Topol) substituindo-o polo mais avançado Yars RS-24, desenvolvido em 2007.

Enquanto umha nova corrida armamentista foi lançada “extraoficialmente”, o processo de modernizaçom dos EUA refire-se às três pernas do sistema de tríade nuclear, quer dizer, mísseis atómicos lançados por terra, mar e ar. Também está ligado ao desenvolvimento da bomba táctica B61-12 a ser implantada na Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Turquia.

Fique tranqüila, o B61-12 é um “mini-nuke” [nuke é umha forma coloquial de referir-se à bomba atómica] com umha capacidade explosiva de até quatro bombas de Hiroshima. É categorizado como umha arma “defensiva” (pacificadora) para uso num cenário de guerra convencional. De acordo com cientistas contratados polo Pentágono, os B61-11 e 12 (bombas anti-bunker com ogivas nucleares) som «inofensivos para populaçom civil porque a explosom é subterrânea».

O projecto de modernizaçom da tríade nuclear é à custa das contribuintes americanas. Requer o redireccionamento das receitas federais do financiamento de categorias de despesas “civis” (incluindo saúde, educaçom, infra-estrutura, etc.) para a “economia de guerra”. Todo por umha boa causa: “a paz e a segurança”.

A guerra é “boa para os negócios”

O projecto multimilionário supom umha bonança financeira para as principais contratas de defesa nos EUA, incluindo Boeing, Lockheed Martin e Northrop Grumman, que também som firmes defensoras da posiçom de Hillary Clinton sobre um possível ataque nuclear à Rússia, China, Irám e Coréia do Norte.

Segundo informa Defense News, o secretário de defesa dos EUA, Ash Carter, pediu o 26 de setembro a «necessidade de modernizar as três pernas da tríade nuclear». O projecto exigiria um grande aumento nos gastos em defesa.

Sublinhando o «ambiente volátil de segurança» de hoje, o projecto multimilionário é necessário, de acordo com Carter, em vista das ameaças provenientes da Rússia, China e Coréia do Norte:

Os comentários de Carter fôrom durante umha visita à Base Aérea de Minot em Dakota do Norte, … Segundo a solicitude de orçamento do ano fiscal de 2017, Carter dixo que o departamento prometera 19 mil milhons de dólares para a empresa nuclear, como parte dos108 mil milhons planejados para os próximos cinco anos. O departamento também gastou cerca de 10 mil milhons de dólares nos últimos dous anos, dixo o secretário em comentários preparados. A “tríade nuclear” fai referência aos três braços da postura estratégica dos EUA – ICBMs [mísseis balísticos intecontinentais] com base em terra, armas aéreas transportadas por bombardeiros e mísseis atómicos lançados por submarinos. Todos esses programas estám entrando num momento em que precisam ser modernizados.

As estimativas do Pentágono fixárom o custo de modernizar a tríade e todos os seus requerimentos na faixa de entre 350 e 450 mil milhons de dólares nos próximos 10 anos, com umha grande quantidade de custos atingindo-se a meados da década de 2020, quando vencem grandes projectos de modernizaçom concorrentes das Forças Aérea e da Marinha.

Críticos da estratégia nuclear dos Estados Unidos e dos gastos do Pentágono tentárom encontrar maneiras de mudar o plano de modernizaçom, talvez cancelando completamente umha perna da tríade. Mas Carter deixou claro no seu discurso que acha que tais planos colocariam os EUA em risco num momento em que Rússia, China e Coréia do Norte, entre outros, estám à procura da modernizaçom dos seus arsenais. (Defense News, 26 de setembro de 2016)

Carter descartou de maneira informal e com ironia os perigos dumha guerra global sem vencedoras, que poderia evoluir para um “holocausto nuclear”… «Também atacou os críticos do programa nuclear – que incluim o ex-secretário de Defesa William Perry, [quem ironicamente é] amplamente visto como um mentor para Carter – que argumentam que investir mais em armas nucleares aumentará o risco de umha catástrofe atômica no futuro.» (Defense News, 26 de setembro de 2016)

Carter expressou a sua preocupaçom com o suposto “ruído de sabre nuclear” da Rússia.

O sistema ICBM da Rússia

Fôrom as oportunas declaraçons de Carter anunciadas o 20 de Setembro em resposta à redistribuiçom e reestruturaçom da Rússia do seu sistema ICBM na sua fronteira occidental?

A semana passada, a agência de notícias russa Tass confirmava que «a divisom da força de mísseis estratégicos mais ocidental na regiom de Tver começará em breve a ser rearmada com o sistema de mísseis Yars».

«Será a sexta divisom de mísseis estratégicos, onde os mais novos complexos de mísseis terrestres móveis substituirám o míssil balístico intercontinental Topol», dixo o comandante Sergey Karakayev, segundo o serviço de imprensa da Força de Mísseis Estratégicos.

Segundo o oficial, este ano os regimentos nas divisons de Irktusk e Yoshkar-Ola começárom a ser rearmados. O rearmamento das divisons de Novosibirsk e Tagil está chegando à conclusom. Anteriormente, a divisom Teikovo foi totalmente rearmada.

A decisom final sobre o rearme da divisom de mísseis estratégicos na regiom de Tver será feita após um exercício dumha equipa de oficiais. O serviço de imprensa dixo que os exercícios serám dedicados a manobras nas rotas de patrulha de combate.

Num futuro próximo, o ICBM RS-24 Yars, juntamente com o míssil balístico monobloco RS-12M2 Topol-M, anteriormente encomendado, constituirá a espinha dorsal da força de mísseis estratégicos da Rússia.

O Yars ICBM RS-24 foi desenvolvido em 2007 em resposta ao Escudo de Mísseis Norteamericano. Nom é nada novo no arsenal militar da Rússia. É um sistema de alto desempenho equipado com capacidade termonuclear.

O que este relatório sugere é a reestruturaçom da força estratégica de mísseis da Rússia e a substituiçom do sistema Topol (que Moscovo considera obsoleto) polo Yars ICBM RS-24.

*Publicado em Global Research em 2016.