Por Joan Minguet Batllori (traduçom do galizalivre) /

Albert Boadella sempre foi um retrógrado, um reacionário, um ultra-direitista?

Umha hipótese: seu trabalho como dramaturgo tem dous estágios.

Na primeira, quando Franco, e ele opõe-se a políticas do pujolismo, trabalha com Els joglars, desenvolve um papel crítico da sociedade de seu tempo, gostemos de como ele fez ou nom; no segundo, refugiou-se em Madrid e está perto de Bourbon e dos pós-Franco no poder e, consequentemente, é revelado como um artista inútil para a sociedade, apenas umha cortesã à caça de proveito pessoal.

Alguns dizem que, além do criador, como pessoa, ele sempre foi uma pessoa egocêntrica e doentia. Lembro-me do que já disseram alguns dos atores de La Torna quando Boadella escapou do Hospital Clínic de Barcelona e os tinha deixado bem sozinhos a se enzoufar no sarilho.

Ontem, ele explicou isso mui bem aqui, neste relatório sobre os 40 anos de La Torna.

Quem quiser rir as graças do Boadella, já ele póprio lá se retrata.

Um exemplo mais distante: Antoine Étex foi um homem comprometido com a revolta de 1830, participou nas barricadas de Paris, com os braços na mão; Étex era um escultor e se ele era um indivíduo comprometido com a liberdade, como artista ele era um oficial pró-governo.

Paris é bastante cheia de esculturas que surgiram de um padrom bem conservador. Um ativista que, ao fazer arte, nem era mais que um purista de formas.

O caso oposto também existe, é claro.

Um escritor maravilhoso como Ezra Pound virou do lado ativo de Mussolini; Jorge Luis Borges, um dos principais da literatura universal, tinha posições políticas contraditórias, como o nosso Josep Pla, por nom fazer mais sangue;

E o que devemos dizer sobre Louis-Ferdinand Céline, autor de obras fascinantes e abomináveis ​​de perspectivas éticas?

Lério que é muitas vezes contraditório.

A história da cultura está cheia de criadores que demonstraram atitudes claramente revolucionárias, mas nunca foram transferidas para o seu trabalho artístico; e vice-versa, e a dos artistas inovadores cujo trabalho foi antinormativo, mas quem, em sua vida privada ou em seus pronunciamentos públicos, continuam a ser immobilistas recalcitrantes.

Há também casos em que tudo coincide, é claro: artistas revolucionários de ditos e feito, em um canto; e aqueles que se movem com atitudes ousadas versus do poder, em outro.

Infelizmente, e com todas as exceções que os honram, agora na Catalunha encontramos casos semelhantes de incoerência. Ou de perversom. Por exemplo, quando observamos que existem associações de criadores que ainda querem manter o mal da equidistância em suas comunicações.

Um exemplo: a reuniom da Assembleia de Plataforma de Artistas de Catalunha (PAAC), da qual sou membro, lançada há poucos dias, na que mostram o que é um erro real, umha declaraçom da suposta bondade que continua a descobrir a confusom ideológica de primeira ordem.

Se umha associaçom de artistas disse que se respeitem todas as opções de voto, as correspondentes ao poder despótico exercido como a dequem estar sofrendo repressom e prisom, eles têm umha ideologia que está ateigada com a saudade de privilégios .

Vale pois a pena que alguns dos membros desta associaçom sejam bons artistas ou pessoas com um elevado senso de democracia, se por isso nós aceitarmos esses exemplos de compreensom da barbárie ?.

Vou dizer mais umha vez: se a cultura nom se compromete a denunciar a injustiça, ela se torna cúmplice.

Os presos políticos som presos políticos, sejam eles da sua cor ou nom. A perseguiçom ideológica é isso, afetar você ou nom.

E neste clima de falta de liberdade, a criaçom é umha grande mentira.

Nom há, por acaso, artistas que querem ser pintores da corte de Bourbon?; venderem seus trabalhos em feiras e mostras executadas por patrões corruptos e sairem nas revistas para gostos de massas ; mesmo se assim, em privado , eles quigerem ainda desempenhar o papel de grandes revolucionários.

*Publicado em Vilaweb.