Por Jorge Paços /

A turistificaçom nom adoita associar-se a feitos lutuosos -quanto menos nos países do centro capitalista-, mas neste caso foi umha desgraciada morte a que pujo o foco sobre a desfeita dum dos espaços emblemáticos galegos. O falecimento accidental dumha moça espanhola na praia marinhá de Augas Santas, popularmente conhecida como as Catedrais, levou de novo especialistas a pôr em causa as transformaçons territoriais que traz a monocultura turística.

No passado Janeiro, e como se dumha afirmaçom premonitória se tratasse, o prestigioso geógrafo Pérez Alberti advertira que « qualquer desgraça que se passar nas Catedrais será responsabilidade da Junta ». Na altura, poderia semelhar um autêntico exagero pensar em perigos para a vida numha tranquila praia do Cantábrico. Porém, as palavras do catedrático de Geografia Física na sua conta pessoal de twitter estám a ser agora cuidadosamente estudiadas.

Vários geógrafos vinham advertindo nos últimos anos que a praia recebia mais visitantes dos que o ecossistema pode aturar. Mais umha vez, a Junta desouviu a voz dos especialistas, que com sentido comum afirmavam que um pequeno espaço natural nom pode acolher 4000 pessoas num só dia.

Ao que parece, a Junta conta com os seus próprios assessores, e estes redigírom o informe « Possíveis consequências do ascenso do nível do mar nos processos erosivos dos cantis no monumento natural da Praia das Catedrais ». O texto sostém que nenhuma mudança radical se vai produzir no areal nos vindouros cem anos. Agora, os feitos questionam tal afirmaçom.

Para Alberti, o dano puido ser mesmo maior, pois o desprendimento dumha rocha é apenas umha pequena mostra do que poderia ter acontecido. Os cantis das Catedrais, o seu elemento mais chamativo, junto às furnas, podem derrubar-se por efeito combinado do mar, o vento e a acçom humana.

Das Catedrais ao Obradoiro, passando polo Cebreiro.

Na realidade, e para além deste sucesso lutuoso, o que está baixo os focos é um sector económico de benefícios mais que duvidosos -em qualquer caso, sujeitos a cambiantes conjunturas-, e que transforma áreas inteiras do país em áreas para o recreio de foráneos, privadas dos usos tradicionais da sociedade que lhes dera vida.

Desde começos do passado século, o independentismo começara a denúncia sistemática do processo turistificador da Galiza, com campanhas muito rechamantes de organizaçons como AMI e NÓS-UP ; mais dumha década depois, o debate sobre a turistificaçom ocupa já a esfera pública e suscita discursos críticos na própria academia.