Por Jorge Paços /

A mercadotécnia política começa a se pôr em funcionamento para vaticinar quem será o vindouro gestor do Reino de Espanha, ou mesmo para condicionar, inquéritos em mao, os comportamentos eleitorais dessa parte da populaçom que aguarda conselhos mediáticos sobre como e a quem votar.

Metroscópia, empresa afim à transnacional Prisa, vem de publicar estimaçons eleitorais que situam Ciudadanos como inquestionável relevo da extrema direita hispana, desgastada por quase oito anos de governo baixo permanentes tensons sociais e territoriais.

As tendências eleitorais assinaladas polo estudo situam o Estado espanhol numha tendência occidental caracterizada polo afortalamento da reacçom, a fragmentaçom do sistema de partidos, e o esfarelamento progressivo da chamada social-democracia, equiparada já desde há décadas com o neoliberalismo económico. Deste modo, o PSOE continuaria o seu processo de enfraquecimento.

Tampouco a esquerda reformista se livraria do debalar, umha vez esvaecidas as esperanças dum desaloxo imediato da direita institucional ; perdida a excitaçom inicial dumha cacarejada (e nunca acontecida) “segunda transiçom”, Unidos Podemos e as suas coaliçons perderiam votos respeito as percentagens de 2016.

Caciquismo galaico.

É pertinente levarmos em conta a singularidade da extrema direita na Galiza para nom cairmos numha visom distorcida de hipotéticos mapas eleitorais; assim, ainda que a Galiza continua a padecer o deslocamento cara a reacçom do eleitorado, fai-no em distintas coordenadas. Ciudadanos -segundo revela um inquérito de Sondaxe- nom seria quem de deslocar de vez o grande partido do caciquismo autóctone, que historicamente conseguiu coesionar e pacificar todos os seus clans baixo um imenso guarda-chuvas de prebendas, clientelismo e saqueio das riquezas colectivas. O PP, aponta Sondaxe, colheitaria um resultado mau, mas em qualquer caso poderia manter os resortes do poder autonómico.

E contrariamente ao que acontece em Espanha, onde a direitizaçom parece inapelável, na Galiza certo descontentamento social iria ser capitalizado pola esquerda reformista ; tanto o BNG como as Mareas sobem em intençom de voto.

Politólogos opinam: direitizaçom sem reforma à vista.

Além dos interesses espúrios que condicionam a prática totalidade dos inquéritos pre-eleitorais, existem análises alternativas, igualmente tendenciosas, mas quanto menos elaboradas na calma e no médio prazo do pensamento universitário; estas possibilitam ratificar ou questionar o que lemos nos inquéritos.

Para Pérez Royo, professor de Direito Constitucional na Universidade de Sevilha, o relevo na direita espanhola pode considerar-se induvitável. Numha palestra organizada por València sense mordassa e CCOO no País Valenciano, o intelectual apontou que as enormes consequências dos escándalos de corrpçom “ainda estám por ser metabolizados”. Royo afirmou que “as siglas da direita espanhola vam mudar ; as do PP som siglas “apodrecidas” manifestou, e isto nom fai doado um vindouro sucesso eleitoral ; este nom pode apoiar-se apenas na populaçom reformada, e precisa “dumha nova cara e um projecto sem mochila”.

De serem certos tais pronósticos, tocaria-lhe a Ciudadanos continuar o processo de involuçom democrática em andamento, no que se inclui liquidar as mínimas concessons ao auto-governo que o Estado puido tolerar há quatro décadas. Um panorama, em qualquer caso, de adversidade e luita. O próprio Pérez Royo o confirma ao varrer qualquer expectativa imediata de reforma aberturista : “em Espanha nom se poderá reformar a Constituiçom, porque a monarqui é o efeito que tapona essa renovaçom; este sistema nom tem capacidade de se modificar, porque nom se quer pôr em perigo a Monarquia.”