Por el territorio del lince (traduçom do galizalivre) /

Passou inadvertido, mas a Rússia vetou na segunda feira passada na ONU umha condena ao Irám polo alegado apoio que oferece à insurgência huti no Iemem. Os Estados Unidos nom soem defender abertamente ninguém na ONU, mais bem utilizam os seus testa-de-ferro para tal fim. Se com a resoluçom do Conselho de Segurança sobre Gouta os patrocinadores fôrom a Suécia e o Kuwait, doravante a manobra levava o carimbo da Grande Bretanha (com o patrocínio dos Estados Unidos e a França).

O assunto é relevante, desde que é a primeira vez que a Rússia utiliza o veto num conflito no que nom está directamente envolvida. Iemem nom é Síria ; entom, por que o veto ? Som várias as razons, mas há um antes e um depois.

O antes é toda a laretice occidental e israelia sobre a presença irani em Síria. Acho que nom cumpre recordarmos as ‘revoltas’ em várias cidades iranis durante o Natal, justificadas no ámbito económico e aguilhoadas do exterior no ámbito geopolítico. Acho que nom cumpre recordarmos a parva propaganda occidental sobre o dron irani que ‘violara território israeli’, mesmo se os Altos do Golám som território ocupado segundo o direito internacional. Acho que nom cumpre recordarmos que um aviom israeli foi deitado a terra, e que isso nom teria sido possível sem o conhecimento russo, por nom dizermos aval. Acho que nom cumpre recordarmos que os Estados Unidos justificam agora a sua presença ilegal em Síria ‘para se evitar a expansom irani’.

Tenhem-se dito parvadas a moreas, e seguem-se a dizer, sobre a divergência de interesses entre a Rússia e o Irám em Síria e alhures. Acho que trás o veto russo todas essas parvadas seguirám a ser parvadas, mas quanto menos já nom lhes faredes caso.

O veto russo é quase um evento histórico, porque diz a Occidente (Estados Unidos e os seus vassalos europeus) que o acordo com o Irám é intocável, que a aliança russo-irani é mais forte do que eles pensam, e que o mundo doravante é umha outra cousa. A Rússia tem demonstrado que vai brigar pola influência global, que o mundo já nom é o de há dez anos, e que o sistema internacional já nom está em maos de Occidente. As implicaçons disso todo patenteiam-se.

A tentativa occidental, chefiada polos Estados Unidos, de isolar e enfraquecer o Irám tivo um percurso cativo. Nom há evidência nenhuma de Irám estar por trás dos huties, enquanto si a há de Occidente estar por trás, diante e acarom da ‘contra’ síria, por exemplo. Mas Occidente é os seus sequazes nom se importam com isto ; tenhem feito da mentira umha das suas belas artes, porque o texto que apresentara a Grande Bretanha continha tais patranhas como o ‘fornecimento ilegal de armas’ (sic) aos huties -é um sarcasmo dizer isto quando vemos o que estamos a ver em Síria-, que o que deixava era o caminho aberto para se adoptarem novas sançons contra o Irám. E com isso, fazer recuar a posiçom geopolítica do país persa, atacando mais umha vez a sua economia.

A Rússia cenificou às claras que a sua aliança com o Irám é muito mais forte do que Occidente gostaria. E o Irám demonstrou que é um aliado agradecido. Onte anunciou que as ordes de compra de mercadorias nom se farám mais em dólares, senom noutras moedas como o rublo, o yuan e o euro. É um passo de gigante para se desfazer do dólar no comércio exterior. Isto é o depois.

No ámbito interno, esta medida pode causar um certo mal-estar ao governo de Rouhani, desde que os primeiros danificados som os sectores da classe média que o apoia ; poida que no curto prazo aumentar o preçom das importaçons, e com ele, o custe das mercadorias. Por isso, se o governo irani já dixo que nom está polo labor de continuar a manter o acordo nuclear se os bancos e as empresas seguem a negar-se a comerciar e a investir no país por medo aos Estados Unidos. Oferece-lhe o caramelo de comerciar em euros, mas sempre que nom seguirem o ronsel dos norteamericanos na crítica ao acordo nuclear.

Em qualquer caso, estamos num ponto de inflexom definitivo em geopolítica. A Rússia dixo que abonda de pre-potência occidental. Dixo que se opom à hegemonia occidental como umha questom de princípios. Mágoa que nom fixer o mesmo no caso de Corea do Norte, ainda que aqui antepom a sua aliança com a China a qualquer outra questom. Ainda que for de princípios.