Por Jorge Paços /

As convulsons do mercado mundial da celulose, junto ao património acumulado em décadas polo movimento popular, fazia alguns alviscarem um futuro esperançoso na Ria de Ponte Vedra. A queda de vendas de ENCE em anos anteriores, junto a importante oposiçom vizinhal e municipal, parecia situar a factoria na corda bamba. Porém, ENCE parece recuperar-se, e fai-no com planos de expansom agressivos que ainda som empurrados polos seus servidores políticos.

Se fixermos caso das bágoas de crocodilo dos capitalistas, concluiríamos que o ano 2016 foi de retrocesso para ENCE. Daquela, o monstro industrial Asia Pulp & Paper anunciava a criaçom dumha macro-celulose em Indonésia. Na realidade, embora ENCE ingressou um 30 % menos que em exercícios anteriores, a própria empresa reconheceu ter recebido ingressos extraordinários.

Segundo analistas do capitalismo, numha conjuntura mundial de guerra polos mercados entre os gigantes brasileiros e asiáticos, a ENCE já se tem resituado para sobreviver e avançar ; por outras palavras, a empresa tem perspectivas de profundizar nos planos eucaliptizadores da Galiza, valendo-se do apoio institucional da extrema direita e dum trabalho de ‘lobismo’ com partidos e meios empresariais.

Embora a companhia reconhece o ‘retrocesso imparável’ de produçom de papel para material de gabinete, um novo mercado da higiene pessoal tem expandido a produçom de pasta de papel na Europa ; e além do mais, umha produçom de biomassa sem entraves legais nem ambientais ainda engorda a cobiça da empresa.

Eucalipto, biomassa, desertizaçom.

De nom se gorarem os seus planos pola pressom popular, ENCE terá duplicada a sua produçom de energia renovável através de biomassa em 2023. Da mesma maneira, a empresa almeja o aumento da sua produçom anual de papel em 10000 toneladas até 2019.

Com umha licença política imorrente -pois a sua presença na Ria está garantida por mais 60 anos-, a empresa tem que livrar batalha numha frente : a da oposiçom popular. A própria imprensa do regime tem reconhecido que o 30 % da populaçom pontevedresa quer a marcha da fábrica da Ria, problema que se intensifica pola adesom do Concelho à reivindicaçom da vizinhança.

É com este pano de fundo com o que a empresa procurará afortalar as suas duas linhas de acçom propagandística : a utilizaçom de intelectuais e jornalistas servis para inçar a imprensa de louvanças à ‘economia do eucalipto’, e a promoçom da tese desarrolhista da ‘defesa dos postos de trabalho’;defendendo assim um feixe de empregos industriais por riba da saúde de todos e todas, e dumha morea de actividades produtivas directamente danadas pola poluiçom celulósica.

Defesa da Terra, umha luita histórica.

A outra cara da moeda representa-a o movimento popular ; um movimento que, em Ponte Vedra, foi dirigido pola Associaçom de Defesa da Ria, e que nestes meses cumpre trinta anos de vida com reivindicaçom ininterrupta.

O colectivo celebra com tal motivo um ciclo de palestras na que comemora a sua actividade, e giza possibilidades para o nosso monte diferentes ao produtivismo colonial. A defesa dos rios, as alternativas ao eucaliptal ou a gestom em mao comum serám alguns dos temas tratados, de mao de científicos, activistas ambientais ou sindicalistas agrários.

As palestras decorrem no Teatro Principal de Ponte Vedra nos meses de Fevereiro e Março