Por Antia Seoane /

Aporia é umha palavra de origem grega que pode interpretar-se como “caminho sem saída”, e trata-se dum razoamento onde surge algum paradoxo ou contradiçom que impede que o sentido dumha proposiçom seja determinada. Segundo o dicionário Estraviz é umha “dificuldade lógica insuperável”. Assim é como se poderia definir o discurso da esquerda parlamentária ou institucional.

Desde os anos 80 os partidos de esquerdas venhem perdendo apoio, e quando menos a nível europeu, nom levantam cabeça. Após cada cita eleitoral o cenário político está cada vez mais escorado à direita. Mas por que acontece isto?

Desde a caída da Uniom Soviética o partidos de esquerda assimilárom as regras de jogo da democracia burguesa, pensando ingenuamente que com a força da razom era suficiente para alcançar o poder político. Por um lado pensavam que poderiam aproveitar-se das ferramentas do sistema para enfraquecê-lo. Ganhar espaço nos meios de comunicaçom empresariais para expor o seu programa e para divulgar as suas propostas, procurar o apoio de certos setores empresariais, nomeadamente da pequena burguesia e da indústria cultural, para que assumisse as suas propostas políticas mais moderadas, e finalmente utilizar o seu sistema eleitoral para chegar ao poder político. Por outro lado, por pragmatismo, renunciou a fazer um discurso contra o capitalismo e o livre mercado, incorporando em pouco tempo a lógica do sistema. Sendo rigorosos deveria ser difícil imaginar umha formaçom política de esquerdas que nom tivesse um discurso anticapitalista.

Nom é de estranhar daquela que quando algum partido chamado de esquerda chegou ao governo, se visse forçado por quem os financiara a governar como o vinha fazendo a direita –sobram exemplos–, permitindo apenas algumha medida cosmética ou que nom atingisse à economia. Certamente há algo de certo no dito de “todos som iguais”. Com estes feitos a esquerda perdeu a sua base social, a classe trabalhadora.

Com a nova esquerda aconteceu algo semelhante. Moderou mais o seu discurso, mesmo evita certos termos para distanciar-se ainda mais da esquerda revolucionária: agora nom há luita de classes, povo trabalhador, proletariado e burguesia ou mais-valia, agora temos mercado laboral, classe média, e cidadania. Note-se que o próprio termo de “cidadania” exclui a gente do rural e pola contra, tam cidadão é o dependente da loja de roupa que nom chega ao salário mínimo como o seu proprietário que tem centos de lojas por todo mundo e um patrimônio valorado em muitos milhons de euros.

Perdido o apoio da classe trabalhadora, esta nova esquerda dirigiu o seu discurso à pequena burguesia e a certas minorias oprimidas, mas esquecendo a importantes sectores da populaçom, sendo por tanto impossível obter as maiorias necessárias para ganhar umhas eleiçons.

Assim as cousas, quando a direita ganha umha nova cita eleitoral a reaçom da esquerda parlamentaria é a que se viu nas vitórias de Rajoy, Feijoo, Macron ou Trump, onde se assinala como culpável à gente sem estudos superiores, à classe operaria e à gente do rural, desqualificando-os de nom entender à elite ilustrada que os deve governar.

Chegado a este punto a esquerda está atolada numha aporia ilusória. Despreza a classe social que dize defender.