Por José Manuel Lopes Gomes /

A história do saqueio das riquezas galegas tem umha origem antiga. Umha das suas primeiras mostras foi a extracçom massiva de ouro dirigida por Roma : quer através do ‘ruina montium’, descrito minuciosamente por Plínio O Velho (« o ouro extrai-se das terras de enxurrada mediante o « ruina montium », derrubamento ou queda dos montes, porque o monte vinha abaixo literalmente pola força da auga ») ; ou também através do secado de tramos do rio, com o seu conseguinte desvio.

O leste da nossa terra ainda amossa os restos daquela engenharia monumental. Nas terras de Quiroga, o Império aproveitou o curso do Sil e chegou a esburacar os montes na sua cobiça mineral. Eis a razom da existência de Monte Furado : os romanos secárom parte do curso do Sil para extrazer ouro, enquanto redirigiam o seu caudal por um túnel artificial. Esta obra realizou-se no século II, baixo o mando de Trajano, com a Gallaecia já pacificada trás douscentos anos de domínio imperial.

Património em perigo.

A zona é conhecida popularmente como Boca do Monte e, junto com as Médulas, é o maior resto da minaria romana no noroeste da Península. Na actualidade tem 52 metros de largura, depois de que umha enchente na década dos 30 derrubasse parte da estrutura.

Segundo a vizinhança da zona, os desprendimentos som cada vez mais habituais ; geólogos como Juan Ramón Vidal Romaní tenhem-se feito eco do deterioramento, alertando das hipotéticas consequências que poderia ter umha enchente do Sil para o que fica ainda de Boca do Monte.

Apesar de o Concelho de Quiroga (em maos do PP) ter exigido que Monte Furado fosse declarado Bem de Interesse Cultural em 2013, quatro anos depois o requerimento ainda estava em trámite. A lentidom ou torpeza administrativa mereceu umha pergunta parlamentária de Olalha Rodil, do BNG, nos passados dias.

Embora a Ribeira Sacra na sua totalidade goza deste estatuto de teórica protecçom desde Dezembro passado, nenhuma medida concreta foi tomada. Por enquanto, a Junta nom respondeu à petiçom de ajuda da Direcçom Geral de Património do concelho de Quiroga, que pretendia medidas técnicas para proteger o túnel. Até o de agora, tam só se realizou um estudo a cargo do “Instituto Geológico y Minero de España”; os técnicos responsáveis polo mesmo manifestárom a sua surpresa “polo túnel manter-se ainda em pé”.