Por Ana Macinheira /

De Pepa a Loba contam-se mil estórias e é já um mito que fai parte da memoria do nosso povo. Sabe-se de certo que foi umha bandoleira que viviu a meiados do 1800, e di-se que actou em zonas tam dispares como Doçom, Cee, Carvalhinho, Ponte-Areias e Mondonhedo, polo que há quem assegure que havia mais de umha Pepa actuando polo país.

O seu lugar de origem é questom de debate, mas diferentes historiadores situam-no na paróquia de Couso, A Estrada (comarca de Tabeirós) numha casa muito pobre.

“Pepinha era filha de nai solteira e quiçá dum veterinario violador, o mesmo que voltou a violá-la na presença da neninha. Coma consequência de aquil segundo atropelo, a mai de Pepinha ficou prenhada e logo morreu de parto”, em palavras de Vicente Risco.

A nena é acolhida por umha tia que a maltratava e obrigava-a em ocasions a esmolar e noutras a trabalhar como pastora. Um dia defendeu do lobo o rebanho de ovelhas e com ajuda do seu cam derom-lhe morte, e nasce “A Loba”.

Tempo depois, Pepa vai trabalhar a um ultramarinos, nom se sabe com certeza se vai ela por vontade própria ou se é a tia quem a obriga a ir pensando em convertê-la na “querida” do tendeiro e tirar assim algum favor económico. Seja como for, no que coincidem todas as estórias é em que o home trata Pepa com carinho e adopta-a como filha, polo que lhe deixa a sua herança. Este feito mudará a vida de Pepa para sempre, pois o seu pai (violador da sua mai e à vez irmao do tendeiro) matará este e acusará a Pepa de ser a assassina para ficar com as suas posessons.

 “E, depois dum juízo amanhado, a rapaza foi metida na cadeia da que ia fugir já feita umha mulher e disfarçada com as roupas do cura da prisom… ¡Sempre andavam de por meio os curas!” Vicente Risco.

Contam que o primeiro que fai ao sair da cadeia é vingar a morte do tendeiro ou o que é o mesmo, matar o violador da sua mai. Vai-se viver ao monte e forma “A quadrilha de Pepa a Loba”, umha banda formada por mulheres (segundo diferentes publicaçons ), convertendo-se numha especie de justiceira que expropria caciques e curas, e mata violadores, ladrons, timadores e quem abusa dos pobres, “aquí no hay más que Pepa… la Loba que va a vengar el agro gallego de estos ladrones, larpeiros, y lampantíns traficantes de la honra ajena”. E nasce o mito.

Pepa e a sua quadrilha rachavam com o patrom do que devía ser umha mulher: dócil, servil e submissa, por isso nom é extranho que nalguns relatos for representada como umha mulher cruel, sanguinária e fera. A sua máxima mais famosa: Home morto nom fala!

Pepa foi umha mulher de carne e osso, sabemos da sua existência real por Concepción Arenal, que fala dela numha carta tras conhece-la na cadeia da Corunha. Também a nomeam alguns jornais como “El correo de Galicia” que em 1906 publica umha nova sobre umha liorta numha baiuca na que participa “La Loba Chica”, a filha de Pepa. Também se sabe que no 1886 instrui-se umha causa contra ela em Cambados por roubar a um cura.

Era temida e odiada por curas e nobres e admirada pol@s labreg@s “tenho ouvido dizer mais dumha vez que aos pobres nom os roubava; ao contrário, que mesmo lhes dava”, segundo palavras de umha senhora recolhidas no jornal La Noche, em 1954 por X. Fernández Ferreiro.

Nom se sabe de certo como remata a estória de Pepa, há quem afirme que fina na cadeia da Corunha, outr@s que num assalto no que vertem sobre ela azeite fervendo; e mesmo há algumha resenha que di que nalgum jornal da época falavam da sua morte no Hospital de Compostela.