As regatas de remo som um espetáculo que tem as suas origens em meados do século XIX. Na Galiza tem a sua primeira manifestaçom na cidade da Corunha na decada de 1850. O mesmo acontece noutras localidades do Cantábrico como podem ser Santander, Donostia ou Pasajes, mas a primeira prova da que se tem constância data de 1854, disputada entre os portos de Lekeitio e Ondárroa. O inicío destas provas coincide no tempo com o aumento das actividades portuárias e o nascimento de novos grupos sociais associados a estas atividades: navegantes, armadores, empresários e comerciantes de diferentes ámbitos, trabalhadores portuários, marinheiros…

Possível influência estrangeira
Aceitando a possibilidade da influência externa, há que ter em conta a chegada de famílias bascas às vilas marinheiras galegas durante o século XVIII, que puidérom trazer consigo esta prática lúdica. Neste sentido também há que falar da influência britânica, pais onde o remo era umha prática elitista, própria da aristocracia e alta burguesia, e que tem como máximo expoente a prova entre as universidades de Oxford e Cambridge que se celebra desde o ano 1836. Mas o remo anglo-saxom também tinham umha vertente mais popular, já que a Armada británica organizava regatas entre a tripulaçom dos seus navios, atividade lúdica e de formaçom que disputavam nos diferentes portos onde atracava a maior armada do mundo, entre eles também os portos galegos. Como exemplo disto, a celebraçom em 1875 no porto de Vigo dumha regata organizada por ingleses d que sabemos graças ao Faro de Vigo.

Que outros coletivos nacionais –neste caso bascos e británicos– amossem interesse pola organizaçom de regatas puido ser um estímulo para a organizaçom destas também em Galiza.

Motivos endógenos
Se é certo que pode haver certa influência estrangeira, os motivos mais importantes da instauraçom destas práticas entre a sociedade galega deve buscar-se em causas endógenas.

Há duas causas principais na implantaçom das regatas, por umha banda a existência prévia de certas prácticas competitivas entre os marinheiros galegos e por outra o apoio e promoçom dum sector emergente, o que se pode chamar burguesia so mar, que nascem no século XIX nas das vilas marinheiras.

Existe a crença, dumha perspetiva demasiado mecanicista, que a origem das competiçons marinheiras de remo é umha evoluçom natural da luita diária dos marinheiros no seu dia a dia. Deste jeito, as competiçons de remo seria a manifestaçom da necessidade de várias embarcaçons de chegarem em primeiro lugar a umha `meta´ determinada, bem seja um banco de pesca, um grande barco fondeado na entrada da ria, ou a porto depois da jornada de pesca e assim ser os primeiros em vender o peixe a preços mais altos ante a falta de outros vendedores. Se bem é possível que estas situaçons se deram em determinados momentos, este nom era o ambiente geral. Esta versom representa umha situaçom laboral de excesiva tensom e concorrência constante, a qual nom encaixa coa situaçom económica e social que se vive em meados do século XIX, situaçom que se ajusta melhor aos ambientes laborais do capitalismo atual.

Na altura, as comunidades marinheiras disponhiam de diversos mecanismos para mitigar a concorrência diária. Os acordos amistosos, ou os litígios em caso de nom chegar a acordo, entre as embarcaçons ou entre as vilas marinheiras, era o jeito em que solucionavam as discrepâncias que houver, por exemplo, quem tinha o dereito a pescar numha determinada zona. No entanto, nom sempre se solucionavam as diferenças, como o caso da famosa liorta entre os marinheiros de Vigo e de Bouças.

O exposto até aquí nom desmente que as regatas provenham do mundo do trabalho, mas sim dumha competência agónica. Outra hipótese mais plausível é que as competiçons ou piques entre embarcaçons se produzem de forma mais distendida no final da jornada laboral, quando se substitui a vela polo remo para entrar no porto. Estes piques seriam umha expressom lúdica, ou mesmo de luzimento ante os vizinhos e vizinhas que estam em terra. Isto encaixa melhor num mundo em que a fronteira entre o mundo do trabalho e do lezer se dilui, onde nom é tam nítida coma na actualidade, feito que também fica de manifesto noutros jogos populares.

Passar deste ponto, onde as competiçons som vivências espontáneas, a organizar regatas nas romarias ou festas patronais apenas há um passo, o qual nom se daria se a origem fosse a tensom laboral entre a comunidade marinheira.

Que esta prática tradicional chegue co passo do tempo a converter-se numha competiçom desportiva de releváncia, ao contrário do que passou co resto dos jogos tradicionais nom é casual. A causa possivelmente seja que os grupos sociais nascidos co crescimento da atividade portuária, a antes mencionada burgusesia do mar –que era rejeitada pola aristocracia e classe alta da época– foi adquirindo fortes vínculos cos marinheiros e promovendo as regatas de remo até se converterem no que hoje som.