Por José Manuel Gomes /

Continua a pelegrinagem de declarantes polos julgados compostelanos em relaçom com o esclarecimento de responsabilidades polo acidente ferroviário de Angróis em 2013. Hoje tocou-lhe ao diretor de segurança na circulaçom de Renfe, Antonio Lanchares, que lavou as maos de responsabilidades culpabilizando a direçom de ADIF. O hábito de passar-se reciprocamente as culpas, típico de todas as dirigências espanholas na política e na empresa, nom convence a associaçom de vítimas. Ainda se espera por justiça.

Lanchares vem de fazer exatamente o mesmo que fixera o seu homólogo em ADIF, Andrés Cortabitarte, que na sua declaraçom situara o hoje declarante ‘num alto nível de responsabilidade na avaliaçom de riscos’. Trata-se de dilucidar porque naquela funesta curva nom funcionava nenhum controlo automático de velocidade, apesar de se saber do seu risco. O chefe de maquinistas de Ourense, Iglesias Mazaira, já advertira do perigo que pairava nesse ponto sobre condutores e viageiras. Lanchares diz agora que os avisos de Mazaira nom se fixeram ‘polos canles pertinentes’, e portanto carecem de validez. É a forma de banir qualquer responsabilidade na eliminaçom do sistema de controlo automático de velocidade, decisom que se deveu ao próprio Lanchares.

Segundo a imprensa comercial Renfe e ADIF estám a levar adiante distintas estratégias de defesa, sendo a primeira delas mais servicial com a açom da justiça. Porém, no fundo ambas as entidades querem eludir o pagamento da maior parte da enorme responsabilidade civil. Nos dous casos, as noçons de responsabilidade e transparência brilham pola sua ausência.

Vítimas ‘fartas’
Mais umha vez, vítimas da tragédia ocupárom a porta de entrada dos julgados das Fontinhas para apuparem Lanchares. A pltaforma que representa a maioria das pessoas e familiares que padecêrom o acidente pedírom aos quadros das empresas ‘nom engadir mais sofrimento com demissons fitícias’. A plataforma pom em causa que ditos responsáveis respondam aos juízes com ‘sentido da ética’. Baseam-se em que o comité de direçom de Renfe nom aceitou a demissom de Lanchares, no que consideram um jogo patuado entre empresa e dirigente.

Vozes silenciadas.
Apesar de que o ‘caso Angróis’ segue a captar grande atençom mediática mais de quatro anos depois dos feitos, a imprensa espanhola agocha cuidadosamente qualquer controvérsia sobre a alta velocidade que ultrapasse o debate técnico: além de se dirirmirem velocidades, sistemas de travagem, papel dos responsáveis, em nengures se dá voz as várias e qualificadas vozes que na Galiza pugérom em causa a alta velocidade, for na sua versom reduzida, for no buque insígnia do AVE.

Plataformas vicinais denunciaram com teima que supunha a eliminaçom de linhas de proximidade, e o sindicalismo nacionalista assinalara acusatoriamente as condiçons laborais escravagistas que reinárom nas obras para se cumprirem os prazos da política-propaganda. O independentismo e o anarquismo, por seu turno, opugeram-se com agitaçom de rua à extensom do novo modelo ferroviário por elitista e anti-ecológico.

Ninguém recordou essas vozes quando a alta velocidade deixou essa pegada sinistra há quase um lustro: 79 pessoas mortas, inúmeras feridas, e um desfile de dupla moral e hipocrisia dos técnicos de Espanha.