Por Jorge Paços /

Abondam as crónicas banalizadoras sobre a seca que vivemos na imprensa de grande tiragem: atraçom do turismo, lezer perétuo nas terrazas, supostas novas possibilidades produtivas. A realidade, porém, nom é tam amável. Gadeiros já se mobilizaram em defesa de ajudas no surleste do país, temem-se perdas milionárias na colheita da castanha, e científicos reputados alertam de dificuldades iminentes em todos os setores produtivos em tempos vindouros. Este é um resumo do ronsel de problemas que imos enfrentar, froito dum colapso ambiental que muitos olham de esguelho.

Informes preocupantes.
O que acontece nos nossos céus nom é azaroso, apesar da testudez de certos negacionistas. Informes da Agência Europeia de Meio Ambiente situam o sul da Europa, e nomeadamente o noroeste peninsular, como umhas das zonas mais expostas ao efeito estufa do nosso contorno geográfico. Galiza, porta do atlántico, será especialmente vulnerável a fenómenos climatológicos extremos, além de aturar o crescimento de temperaturas que se mostra com crueza em toda a área ibérica. Em médio século, as temperaturas podem subir até 3,6 graus, e o descenso pluviométrico no Verao pode ser extremo. O nível do mar pode subir mais de dous milímetros por ano até 2070.
Segundo o documento, a Galiza vai ver como se conjugam três factores, com efeitos multiplicadores. Embora nos movamos sempre no terreno da previsom, os efeitos estám presentes, e estám-se a manifestar com maior virulência do que se esperava. Assim o reconhecia a associaçom Greenpeace num informe sobre  a seca na Galiza e outros efeitos da mudança.
No entanto, há efeitos que qualquer labrego, ou mesmo cidadá atenta, pode perceber no seu contorno: chegada de espécies alóctonas, novos andaços, adiantamento das colheitas, secamento de fontes. A racionalizaçom da auga corrente chegou já a alguns concelhos do interior.

Também o mar.
O que acontece no nosso agro tem parte da sua origem na temperatura do mar, e é precisamente o sector pesqueiro o que enfatiza com preocupaçom os problemas que traz o futuro imediato. Neste caso nom se trata de apontamentos de científicos críticos, senom de associaçons empresariais. Na passada segunda, a FAO e Conxemar celebrárom um congresso em Vigo onde se tratárom os efeitos da mudança climática na pesca: o movimento de espécies para o sul e para o norte, consequência do quecimento da temperatura dos mares, deixa a pesca galega numha situaçom de maior vulnerabilidade e imprevisom. O secretário geral de Pesca, Alberto López Asenjo, reconheceu que nas augas que faneam barcos galegos ‘enfrentamos já a tropicalizaçom das espécies’, o que vai afectar a divisom internacional das extracçons. A comunidade de bateeiros leva anos também assinalando a descida da produçom, relacionada com a mudança abrupta das correntes marinhas.

Galiza no problema mundial: produtivismo ou decrescimento?
Submidos num problema de dimensom global, a Junta já se viu na obriga a reconhecer o problema, como figura no seu web. Fora de grandes frases ocas que apostam por ‘um processo adaptativo às novas circunstáncias’, apenas se continua a vaguidade dos grandes tratados internacionais. O mais recente, derivado do Encontro de Paris em Dezembro de 2015, foi qualificado por James Hansen (um dos grandes climatólogos do planeta) como ‘umha farsa’.
Numha linha ainda mais contundente pronunciava-se há uns dias o pensador Jorge Reichmann a propósito no reto que se coloca por diante à Humanidade: ‘nom nos cremos o que sabemos; se fôssemos quem de fazê-lo íamos tomar decisons racionais para mudar um modelo que nos leva à desfeita. Para isto se produzir cumpriria-nos um enorme exercício de reforma inteletual e moral’.